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domingo, dezembro 30, 2007

Libertação de reféns é crucial para o líder desgastado

Depois de sobreviver à primeira derrota nas urnas, Chávez se atem à libertação dos reféns das Farc como meio de salvar o ano conturbado. A mediação tem potencial para consolidar sua liderança regional e mostrar-se como chefe capaz de lidar com problemas internacionais. Para a guerrilha, é a oportunidade de ganhar o coração comunidade internacional ao se mostrar mais branda.
O problema a partir de agora é que Chávez se interesse pelas outras libertações, prevê o colombiano Gustavo Duncan, autor de Os senhores da guerra:
- A França vai pressionar Chávez pela libertação de Ingrid Betancourt. Se ele conseguir, será um líder na Europa. No entanto, Ingrid é o grande trunfo da guerrilha, que vai reivindicar o território desmilitarizado e isso Chávez não pode garantir. Mas continuará atuando nos bastidores.
O guerrilheiro desertor das Farc Rafael garantiu ao jornal espanhol El País que no início do ano, Ingrid se encontrava no povoado fronteiriço venezuelano Elorza, em Apure.
A comunidade internacional está de acordo com as libertações mas, no caso de Chávez, há uma razão extra-humanitária: aliviar a derrota no referendo da reforma constitucional, diz Leandro Area:
- A idéia de libertar reféns fascina Chávez porque se sente comparável a Deus. O aspecto criminoso das Farc não está em questão, o objetivo é o controle do poder regional.
Enquanto Chávez ganha oxigênio político, as Farc mostram ao mundo que a paz na Venezuela não vem de Uribe, avalia o analista:
- É uma forma de se posicionar internacionalmente. Ao contactar as Farc à margem de Uribe, Chávez institucionalizou a guerrilha e legitimou sua presença na Venezuela.
Narcotráfico
A negociação radicalizou a situação na fronteira, diz Valencia:
- A partir de agora vai ser permanente o diálogo com as Farc, que vão ganhar fluidez no território venezuelano e intensificar o tráfico.
A infra-estrutura venezuelana destinada ao fluxo de cocaína cresceu de maneira exponencial nos últimos cinco anos de governo Chávez, cuja decisão de expulsar a agência antidroga americana do país em 2005 foi celebrada pelas Farc. As armas vão da Venezuela à Colômbia e droga vai da Colômbia à Venezuela. Assim, a Venezuela segue o caminho das Farc que hoje são narcoguerrilheiros.
Internamente, Chávez põe em evidência sua dívida com a sociedade venezuelana, diz José Carrasquero:
- Não é segredo que há seqüestrados venezuelanos nas mãos de colombianos. Os venezuelanos se perguntam por que o interesse de libertar seqüestrados estrangeiros sem fazer menção, nem reconhecer a situação das vítimas venezuelanas.
Fonte: JB Online

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