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sexta-feira, dezembro 21, 2007

Da mediocridade para a eficiência

Por: Carlos Chagas

BRASÍLIA - O próximo ano será fundamental para o presidente Lula, senão por conta de pretensões continuístas, que ele nega, ao menos para definir se passará à História como um dos grandes governos da República ou se caminhará para a vala comum da maioria de seus antecessores. O que for realizado em 2008 fará esquecer o que não foi, nos anos anteriores, assim como pautará os dois anos finais de seu mandato.
Traduzindo: o Programa de Aceleração do Crescimento tem que mostrar resultados concretos, mesmo se determinadas obras, doze meses depois, estiverem ainda em construção. Mas necessitam ser vistas em andamento. Da mesma forma torna-se imprescindível a melhoria palpável na saúde pública e na educação.
Hospitais e postos de saúde em frangalhos, assim como escolas e universidades em regime de liquidação, sem médicos nem professores, selarão fim melancólico para a administração que se propôs mudar o Brasil. Assim como apenas placas anunciando hidrelétricas, refinarias, pontes, rodovias e ferrovias inexistentes levarão a população ao descrédito e à desilusão.
Assim, certas preliminares e sinais precisariam ser emitidos pelo presidente Lula logo nos primeiros dias de janeiro. Um deles, com todo o respeito e as desculpas pela intromissão em assuntos alheios, seria a imediata reforma do ministério. Torna-se urgente uma balançada no governo, tanto pela dispensa de ministros anônimos e ineficientes quanto pela seleção e recrutamento dos melhores cidadãos em cada setor, sem compromissos partidários ou de grupos.
Virou piada, e de mau gosto, a pergunta feita no Congresso, onde, de 81 senadores e 513 deputados, não se encontrarão cinco parlamentares capazes de nomear todos os ocupantes dos 38 ministérios hoje existentes. Evitando o constrangimento de citações pessoais, e até reconhecendo que nem nós, jornalistas, conseguimos relacionar os ministros, vale apenas registrar o vazio que marca o governo neste final de ano.
Ministros existem que não despacham com o presidente Lula há mais de seis meses. Outros que só cumprimentam o chefe nos jantares de fim de ano ou em solenidades específicas. Estes cumprem simples rotina amanuense, aqueles permanecem sem um projeto ou um objetivo definido.
Há exceções, é claro, mas o conjunto não passa de sofrível. A hora, para o presidente Lula, seria de sair em busca do tempo perdido, agradecendo a colaboração de muitos e virando as páginas da mediocridade em favor da eficiência.
Camomila ou maracujina?
Pegou fogo a reunião da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, esta semana, por ironia presidida pelo tranqüilo Marco Maciel. Discutia-se a prorrogação da DRU e o acordo feito pelo Palácio do Planalto com o PDT para que gastos com educação ficassem fora da prerrogativa do governo de usar como bem quiser 20% do orçamento. Senadores da oposição quiseram incluir outros setores da administração onde a equipe econômica também não poderia mexer. Insurgiram-se os líderes oficiais, acentuando julgar-se desobrigados de qualquer acordo, se fosse para reduzir ainda mais o âmbito da DRU.
Acusações foram trocadas em decibéis cada vez maiores, sobressaindo a voz da senadora Ideli Salvatti, líder do PT. Além de interromper oradores, ela atropelava o próprio Marco Maciel, a ponto de o senador Álvaro Dias pedir ao presidente dos trabalhos que providenciasse uma xícara de chá de camomila para acalmá-la. O Conselho serviu para os ânimos mais se acirrarem, a ponto de o senador Jarbas Vasconcelos queixar-se de que uma feira havia sido instalada na Comissão de Constituição e Justiça.
A senadora Kátia Abreu acusou o governo de soberba, arrogância e prepotência. Ideli Salvatti rebateu acusando o PSDB de também haver feito acordo com o governo, em torno da CPMF, para, depois, descumpri-lo. Ainda sugeriu que seus adversários tomassem chá de maracujina, mais forte que o de camomila. Marconi Perilo irritou-se e desmentiu qualquer acordo dos tucanos com o governo, chamando o depoimento do líder Artur Virgílio e do presidente Sérgio Guerra.
Na hora mais acesa das agressões verbais, entrou no recinto o senador Heráclito Fortes, que se encontrava em seu gabinete, assistindo aos trabalhos da CCJ pela televisão. Ele entregou a Marco Maciel diversos comprimidos de Lexotan e outros calmantes, pedindo que fossem distribuídos...
Fonte: Tribuna da Imprensa

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