Tribuna da Bahia Notícias-----------------------
O Conselho de Ética do Senado adiou para terça-feira a votação do relatório do senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA) que absolve o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), nas denúncias de que teria recebido dinheiro da empreiteira Mendes Júnior para pagar pensão à jornalista Mônica Veloso —com quem tem uma filha fora do casamento. Depois de insistir na votação do relatório ainda nesta sexta-feira, Cafeteira decidiu aceitar o adiamento da sessão. Por intermédio do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), Renan pediu que o conselho adiasse a votação. Renan também sugeriu que o conselho convoque o advogado da jornalista Mônica Veloso, Pedro Calmon Filho, além do lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior, para prestarem depoimento na próxima segunda-feira. “O senador Renan entende que circunstância política do processo mudou. A ele não interessa que paire nenhuma dúvida sobre ele”, justificou Jucá. Apesar do pedido de Renan, inicialmente o relator afirmou que não aceitaria o adiamento da votação de seu relatório. “Vou ficar desmoralizado. Não encontrei nada contra o senador Renan”, afirmou. Mas minutos depois voltou atrás e disse estar de acordo com a votação na terça-feira. Cafeteira disse ter recebido um telefonema de sua esposa, a quem rendeu elogios ao longo da sessão do conselho, para acatar a proposta alternativa. “Atendendo a um pedido da minha mulher e do senador Renan, eu aceito prorrogar”, disse o relator. Segundo Cafeteira, foi o próprio Renan que ligou para sua mulher pedindo que intercedesse junto ao marido para adiar a votação. Senadores do governo e da oposição se mostraram favoráveis ao adiamento da votação para que, até lá, sejam periciados os novos documentos encaminhados ao conselho por Renan.
PF vai vistoriar documentos
A Secretaria-Geral de Controle Externo do Senado e a Polícia Federal irão vistoriar os novos documentos apresentados pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL) ao Conselho de Ética do Senado. A decisão foi tomada ontem pelo presidente do conselho, Sibá Machado (PT-AC), que ainda não encaminhou o material para perícia alegando estar à espera dos originais. Mas promete fazê-lo o mais rápido possível. O objetivo das perícias é verificar se o presidente do Senado utilizou notas frias para justificar parte de sua renda financeira com a venda de gado. Sibá pretende definir que os peritos concluam o trabalho até terça-feira —quando o conselho se reúne e deve votar o relatório que sugere o arquivamento das denúncias contra Renan. Até o início da noite de ontem havia uma polêmica no conselho sobre como seriam periciados os documentos. Para alguns parlamentares, o ideal seria que o Senado participasse da análise. Outros senadores propuseram que as análises fossem feitas pelo TCU (Tribunal de Contas da União), pela Polícia Federal, pelo Instituto Nacional de Criminalística ou pela Receita Federal. A decisão de Sibá de designar a secretaria de controle para acompanhar o trabalho deve desagradar ao autor da representação contra Renan no conselho, senador José Nery (PSOL- PA). Para Nery, os documentos não deveriam passar por perícia coordenada pelo próprio Senado. Nery sugeriu enviar os documentos para perícia ao TCU ou à PF. Mas o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), criticou a proposta, alegando que os documentos devem apenas passar por uma análise técnica capaz de comprovar sua autenticidade. Os documentos citados pelos senadores foram apresentados a eles por Renan, pouco antes da sessão de ontem do Conselho de Ética. O peemedebista disse que vai comprovar que não usou notas frias, como revelado pelo “Jornal Nacional” anteontem à noite. De acordo com a reportagem, o senador teria utilizado as notas para justificar a renda que possui. Acusado de ter usado dinheiro da empreiteira Mendes Júnior para pagar pensão e aluguel à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha, Renan quer provar que tinha recursos para arcar com essas despesas pessoais. A regra em vigor no Congresso impede o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de renunciar ao mandato para escapar de uma eventual punição. Essa possibilidade só era viável antes do início do processo por quebra de decoro no Conselho de Ética. Uma vez nomeado um relator para o caso, o acusado só pode ser absolvido ou punido. Nos escândalos recentes, alguns integrantes do Congresso preferiram renunciar para não ficarem inelegíveis por oito anos. Jader Barbalho (PMDB-PA), Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA) e José Roberto Arruda (DEM-DF) foram políticos que renunciaram aos seus mandatos para escapar de uma cassação. O processo contra Renan, entretanto, pode ser longo e com várias possibilidades de protelação. Primeiro, é necessário que o conselho termine de analisar. Depois, o caso vai para plenário. Até ontem, a perspectiva de Renan era a de que tudo terminasse rapidamente. Agora, talvez a estratégia tenha de ser alterada -para que o presidente do Senado consiga encontrar provas convincentes sobre a legalidade de suas atividades como pecuarista em Alagoas.
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