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domingo, junho 10, 2007

Gravação de Vavá pode fortalecer abertura de uma CPI

Deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) disse que começou a colher assinaturas para a instalação da CPI logo que foi deflagrada a Operação Xeque-Mate
Rosa Costa
BRASÍLIA - A descoberta de gravações ligando Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao esquema irregular de jogos de azar investigado pela Operação Xeque-Mate, pode acelerar a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar jogos ilegais no País. Autor do pedido de instalação dessa CPI, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) disse hoje que a ligação de Vavá com donos de casas de caça-níquel, apontada por gravações feitas pela Polícia Federal, reforça a necessidade de levar a investigação adiante.
Sampaio disse que começou a colher assinaturas para a CPI logo que foi deflagrada a Operação Xeque-Mate. "Foi um trabalho silencioso, com base em fatos concretos", argumenta o deputado, que faz oposição ao governo federal. Além de apurar a participação de Vavá no esquema, a investigação - chamada de CPI dos jogos ilícitos - também vai apurar a proximidade de integrantes do Judiciário com as quadrilhas de jogos.
Familiares
Para Sampaio, a atuação de Vavá é o segundo caso em que parentes de Lula se valem do prestígio em proveito próprio. "O primeiro foi o Lulinha (Fábio Luiz da Silva, filho do presidente), favorecido por recursos de uma concessionária pública." A repetição do fato, acredita Sampaio, mostra que "Lula se cerca de pessoas, no relacionamento político e familiar, que só ajudam a desonrar sua biografia."
Segundo Sampaio, o pior de tudo é que o presidente "nunca sabe de nada". "Virou até motivo de chacota, ele é sempre o último a saber, embora se trate de pessoas que estão a seu lado", disse. Para o líder do DEM (ex-PFL) no Senado, José Agripino Maia (RN), a atuação de Vavá com os caça-níqueis tem explicação. "Houve a primeira denúncia, dando conta que ele fazia tráfico de influência. Como ninguém fez nada, a impunidade lhe deu desenvoltura para agir", avalia.
Críticas
Ele questiona por que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) ignorou a suposta ligação do parente do presidente com um esquema criminoso. Agripino acredita que, diante de tal omissão, cabe agora ao Congresso investigar o caso, para impedir que a impunidade venha a favorecer o irmão ou qualquer outro parente do presidente.
Da parte dos aliados do presidente, o líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR), afirma que não resta na denúncia contra Vavá nenhum tipo de crítica à postura de Lula. E considera "inócua" e "fora de foco"a iniciativa de criar outra comissão para aprofundar as conclusões da Polícia Federal na Operação xeque-mate.
"O presidente foi muito claro ao frisar que tudo deveria ser investigado", ressalva. "O fato de parentes do presidente, de governadores, serem procurados por dezenas de pessoas não é bom que ocorra, mas infelizmente ocorre. Mas o presidente Lula e o governo não podem controlar o que Vavá e outros parentes falam", insiste.
Fonte: Estadao.com

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