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segunda-feira, abril 17, 2006

O MAFIOSO

Por: Aderbal

Vossa Excelência já é carne queimada nessa história. Este crápula manipula a industria de indenizações!
Ciao, Márcio Thomaz Bastos! Por Reinaldo Azevedo Deu tudo errado, não é? O projeto era transformar o Sapo Barbudo no Príncipe da classe operária, que então iria ao paraíso. Um monte de gente acreditou, a começar do jornalismo, uma profissão na qual a ciência política deveria ser uma obrigação, assim como um cirurgião tem de saber cortar e costurar. Mas quê... Depois ficam exercitando por aí pessimismo desinformado e rombudo. Nada é mais burro e inútil do que um pessimista burro. Sigamos. Em vez de o Sapo virar Príncipe, um príncipe do direito entrou no governo e dele vai sair como um sapo: Márcio Thomaz Bastos. Que ele ainda seja ministro enquanto escrevo só revela a degradação da República. Faz tempo que este senhor está na minha mira. Desde quando decidiu estrelar a sua própria versão de Comendo os Ricos, com aquelas operações espetaculares na Polícia Federal, com nomes que remetiam a filmes e romances de segunda categoria: uma brincadeira, em suma, perigosa, típica de certa delinqüência juvenil. Prenderam alguns empresários acusados de sonegar impostos. Não foi parar na cadeia uma só pessoa envolvida com o valerioduto e o mensalão. Driblar o fisco dá cana; roubá-lo dá poder. Depois veio a sua tese da “acomodação tática” da Constituição em relação ao MST. Aí veio a sua incompetência escancarada, posto que não entregou os presídios federais que prometeu. Lembrem-se do Plano Nacional de Segurança, que virou peça de ficção. E, agora, nos últimos dias de seu mandato — espero que assim seja —, a mais grave agressão ao Estado de Direito em períodos democráticos: a invasão do sigilo bancário de Francenildo Costa. Já escrevi neste espaço que Bastos é absolutamente digno do cargo que ocupa se considerarmos o governo Lula. Mas é claro que sua permanecia é acintosa à democracia. A mim me interessam menos os detalhes, as filigranas, o tempo exato em que as coisas foram feitas, se os assessores que estavam na casa de Palocci sabiam ou não que ele tinha o extrato... Isso tudo é conversa que interessa a criminalistas — e Bastos é um. O que fica óbvio, no imbróglio todo, é a responsabilidade política do Ministério da Justiça. Se tudo foi feito ao arrepio do ministro, ele tem de cair porque idiota. E eu tenho a certeza de que isso ele não é. Se feito com o seu consentimento, ainda que o mais passivo, bem, tem de cair porque transgrediu a lei que lhe cabe defender. Quando o Brasil inteiro já sabia de tudo, o que foi que Bastos fez? Saiu em defesa de Palocci e ainda alimentou as teorias conspiratórias. Poderia ter tido ao menos o bom gosto de ficar calado. Um amigo querido me manda um e-mail me censurando pela dureza com que tenho tratado Bastos, um “luminar” do direito, “ex-presidente da OAB, que contribuiu para o fim da ditadura” etc. e tal. Escrevo aqui o que respondi a ele: tanto pior. O cura da aldeia tem menos direito de pecar do que o homem comum. Porque ele existe para ser o remédio. E volto ao grande Padre Vieira, como sempre: e quando os remédios falham? Quem os remedeiam? Ademais, a reconstrução da democracia é um patrimônio do povo brasileiro, de que o agora ministro da Justiça foi uma personagem. Seu passado não lhe concede licença especial para nada. Ao contrário: até lhe impunha responsabilidades especiais. Entre a expectativa que gerou e o que efetivamente fez, trata-se do pior ministro de Lula. O príncipe tornado sapo. Há muito, parece-me, Bastos serve menos ao país do que ao presidente Lula e ao PT, aos quais vive apontando veredas e saídas, as mais estreitas e até improváveis, para tentar resolver juridicamente o que não tem saída política. Eis a questão: assim como a politização da Justiça é um desastre para qualquer país, a “judicialização” (se me permitem o neologismo) da política é sempre uma manifestação de desespero e evidência de crise ética e moral. Ciao, Márcio Thomaz Bastos! Vossa Excelência já é carne queimada nessa história.

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