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segunda-feira, abril 17, 2006

Telefonemas de assessores podem complicar Bastos

Por: Josias de Souza

A Polícia Federal receia que a quebra dos sigilos telefônicos dos personagens envolvidos no “caseirogate” possa complicar a situação de Márcio Thomaz Bastos. Suspeita-se que tenha havido uma intensa troca de ligações entre o ministro da Justiça e os dois assessores dele que se reuniram com Antonio Palocci: Daniel Goldberg e Cláudio Alencar.

Não se exclui a hipótese de que Thomaz Bastos tenha falado com o próprio Palocci nos dias em que o sigilo bancário de Francenildo dos Santos Costa foi violado e seu extrato entregue para a revista Época. A abertura do sigilo das ligações telefônicas foi solicitada ao Judiciário no último dia 4 de abril. O pedido não partiu da PF, subordinada a Thomaz Bastos. Foi feito pelo Ministério Público, que realiza uma investigação paralela à da polícia.

Os dois procuradores da República envolvidos no caso, Gustavo Pessanha e Lívia Tinoco, incluíram cinco nomes na lista da quebra de sigilo telefônico:

· Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda;
· Jorge Mattoso, ex-presidente da Caixa Econômica Federal;
· Marcelo Netto, ex-assessor de imprensa do Ministério da Fazenda;
· Daniel Goldberg, secretário de Direito Econômico do Ministério da Justiça;
· Cláudio Alencar, chefe de Gabinete de Márcio Thomaz Bastos.

Para a PF, Thomaz Bastos é o alvo principal dos procuradores, embora seu nome não conste da relação. O ministro encontrava-se em viagem a Rondônia em 16 de março, a quinta-feira em que o sigilo do caseiro foi quebrado ilegalmente. De acordo com a versão oficial, só soube da violação no final da tarde de 17 de março, a sexta-feira em que, a caminho de São Paulo, pousou na Base Aérea de Brasília e foi informado de que os extratos de Francenildo haviam sido estampados no blog da revista Época.

Na opinião dos investigadores da própria PF, a abertura dos sigilos telefônicos dos protagonistas da crise pode derrubar a versão de Thomaz Bastos. Seu assessor Daniel Goldberg esteve na casa de Palocci na noite de 16 de março. Testemunhou a chegada de Jorge Mattoso com o envelope que continha cópia do extrato de Francenildo. Acredita-se que seja improvável que Goldberg tenha ido se encontrar com Palocci sem um contato telefônico prévio com Thomaz Bastos.

Na manhã de 17 de março, Goldberg voltou à casa de Palocci. Dessa vez, estava acompanhado de Cláudio Alencar, o chefe de Gabinete do ministro da Justiça. De novo, considera-se inverossímil que os dois tenham agido sem contatar previamente o chefe. A PF acha bastante palusível também que o próprio Palocci tenha discado para o colega de ministério antes de convocar os dois funcionários da Justiça à sua casa.

O pedido dos procuradores inclui os aparelhos celulares dos suspeitos e também aparelhos fixos usados por eles nos ministérios da Justiça e Fazenda, além da Caixa Econômica. Nesta semana, a PF deve encaminhar à Justiça um pedido de quebra de sigilo apenas dos telefones de Marcelo Netto, o ex-assessor de imprensa de Palocci.

A curiosidade da polícia parece, a essa altura, mais seletiva do que a do Ministério Público. Além de chegar atrasada, a PF desdenha dos telefonemas trocados por outros quatro personagens da crise, dois deles ligados diretamente ao ministro Márcio Thomaz Bastos
Fonte: Folha Online

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