Mais de 80% dos que se candidataram a prefeito ou vice não conseguiram se eleger
SÃO PAULO - Mais de 80% dos congressistas que disputaram uma vaga de prefeito ou vice nessas eleições em todo o Brasil saíram derrotados das urnas. Noventa e dois deputados federais e três senadores se candidataram. Apenas 18 deputados se elegeram. Nenhum senador conseguiu vencer.
Segundo levantamento do site Congresso em Foco, nas capitais o desempenhos dos parlamentares foi ainda mais inexpressivo - não conquistaram nenhuma prefeitura. Nem mesmo despesas de campanha até 130% mais altas que as dos eleitos garantiram vitória aos congressistas, mostra levantamento da Agência Estado com base na prestação de contas parcial dos candidatos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Na capital paulista, o deputado pelo PCdoB, Aldo Rebelo, vice na chapa de Marta Suplicy, do PT, saiu derrotado. Paulo Maluf, deputado pelo PP, ficou de fora da disputa pela Prefeitura paulistana já no 1º turno. Mesmo caso do senador Marcelo Crivella, do PRB, no Rio. Ainda no Rio, o deputado Fernando Gabeira, do PV, perdeu o pleito para outro Eduardo Paes, do PMDB, no 2º turno. Saíram derrotados ainda os deputados Leonardo Quintão, do PMDB, em Belo Horizonte; Walter Pinheiro, do PT, e Antônio Carlos Magalhães Neto, do DEM, em Salvador; Maria do Rosário, do PT, e Manuela D'Ávila, do PCdoB, em Porto Alegre; e Flávio Dino, do PCdoB, em São Luís.
Para o cientista político Rubens Figueiredo, pesou contra os parlamentares o alto índice de reeleição no País, que chegou a 70%. "Houve uma tendência muito grande à continuidade e, como a maioria desses candidatos (parlamentares) era de oposição, eles acabaram perdendo a eleição", explica Figueiredo, diretor da Associação Brasileira de Consultores Políticos (ABCOP) e membro do Centro de Estudos de Opinião Pública da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O cientista político relaciona a tendência à continuidade ao momento econômico brasileiro e ao aumento de arrecadação do governo federal. "Com isso, o orçamento das prefeituras aumentou e os prefeitos puderam fazer muito mais, o que acarretou a melhoria na avaliação da gestão." Para Figueiredo, a vantagem dos candidatos à reeleição tornou ainda mais dura a batalha dos parlamentares pela vaga no Executivo municipal.
Mesmo derrotados, os deputados e senadores ainda saem com saldo positivo, avalia Figueiredo. "Ninguém gosta de perder, mas certamente esse deputado sai da campanha com um nível de recall, de lembrança, maior do que entrou, por causa da exposição de seu nome durante as eleições", lembra. "E isso ajuda nas eleições posteriores. É uma forma de se manterem na cabeça das pessoas como uma alternativa, quase uma pré-campanha para 2010."
Gastos
Nem mesmo gastos mais altos garantiram vitória aos parlamentares. O deputado ACM Neto, por exemplo, foi derrotado já no 1º turno em Salvador mesmo com gastos de campanha 130% mais altos que os do adversário João Henrique, do PMDB, prefeito eleito.
De acordo com a prestação de contas parcial, com dados até 6 de setembro (os números mais recentes da Justiça Eleitoral), ACM Neto gastou R$ 2,97 milhões, enquanto João Henrique, R$ 1,29 milhão - uma diferença de R$ 1,68 milhão. Só em publicidade, o democrata gastou R$ 72,2 mil a mais que o candidato do PMDB. O também deputado Walter Pinheiro, que saiu derrotado do 2º turno, teve gastos totais bem mais modestos que o candidato eleito - R$ 667,8 mil.
Em Porto Alegre, a parlamentar Manuela gastou 44%, ou R$ 219,3 mil, a mais que o vitorioso José Fogaça, do PMDB, porém sequer passou do 1º turno. As despesas da campanha da candidata do PCdoB, até 6 de setembro, somaram R$ 720,3 mil contra R$ 501 mil da de Fogaça. Com publicidade, Manuela desembolsou R$ 131,2 mil, Fogaça, R$ 63,2 mil. Maria do Rosário, que perdeu para o peemedebista no 2º turno, gastou com publicidade mais do que Fogaça e Manuela juntos na mesma área - R$ 214 mil. No total, a petista gastou R$ 609,4 mil, ou seja, 22% a mais que Fogaça.
Suplentes
Com a vitória de 18 deputados federais nas prefeituras pelo Brasil, suplentes assumirão suas cadeiras na Câmara a partir de 1º de janeiro de 2009. Com a entrada dos suplentes, o PTB é o partido que mais cresce em representação na Casa, com três cadeiras a mais que antes das eleições. PMDB e DEM ganham cada um duas cadeiras. As bancadas do PT e do PDT permanecem com o mesmo numero de componentes. Perdem representantes PR (três cadeiras), PSDB, PP, PSB e PCdoB (uma cadeira cada).
Para o cientista político Rubens Figueiredo, o troca-troca não muda o perfil da Câmara e, portanto, não deve influenciar o resultado das votações a partir de 2009. "O governo tem uma maioria muito folgada. Não há nenhuma variação. Afinal, são 513 deputados."
Fonte: Tribuna da Imprensa
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