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terça-feira, outubro 28, 2008

Crianças no trânsito são alvo de campanha

Luisa Torreão, do A TARDE
Marco Aurélio Martins/Agência A Tarde
Números de 2007 apontam que 410 crianças ficaram feridas em acidentes no trânsito na Bahia
É grave o estado da pequena Daiane de Jesus Oliveira, 10 anos, atropelada no último sábado, 25, enquanto conversava em frente a casa de uma amiga, no bairro do Retiro. Internada na UTI do Hospital Geral do Estado (HGE), ela teve a perna direita amputada e passou por cirurgia de reconstituição da esquerda. Na madrugada do mesmo dia, Vanessa de Souza Novaes faleceu, vítima de um capotamento na Av. Paralela, enquanto cinco familiares dela ficaram feridos.
As duas garotas engrossam as estatísticas de acidentes automobilísticos envolvendo crianças – tema que serviu de base para uma pesquisa divulgada pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), na semana passada. Só na Bahia, de janeiro a julho, foram vitimadas 220 pessoas de 0 a 12 anos, das quais três morreram. Isso representa 4,3% do total de 5.002 registros feitos no País (183 óbitos), no mesmo período.
Levando em conta os acidentes nos quais foi possível identificar a idade, o estudo foi realizado em 12 estados brasileiros mais o Distrito Federal, há cerca de 15 dias, e revela que, de 2000 a 2007, 187.600 crianças foram vítimas no trânsito – 8.029 chegaram a óbito (4,2%). Os números do ano passado no Estado apontam que 410 crianças ficaram feridas e oito faleceram. Os dados gerais brasileiros dão conta de 10.901 vítimas, sendo 400 mortos, também em 2007. De acordo com a pesquisa, em 2000, a faixa de 0 a 12 anos representava 8,2% das mortes no trânsito. Em 2004, o percentual caiu para 4,9%, mas voltou a subir em 2007, para 5,6%. Os números não coincidem com os da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Até setembro, 20 meninos e meninas de 0 a 14 anos perderam a vida nas rodovias federais baianas, 4% de um total de 483 óbitos. A diferença pode se dar por diferença de metodologia na construção das estatísticas. Ainda assim, o presidente da Federação das Associações de Detrans (Fenasdetran), Mário Conceição, considera que os números estão caindo. “Os números representam, de fato, um índice alto, mas que timidamente já vem caindo”, considera. Segundo ele, Salvador tem um índice de mortalidade infantil no trânsito menor que outras cidades, tal como Curitiba, onde a qualidade das ruas é bem mais alta. “Pelo fato de as vias expressas serem muito boas, é grande o número de acidentes lá”. Devido ao feriado do servidor público, não foi possível acionar a SET para obter dados de Salvador. EDUCAÇÃO – Mário Conceição avalia que a situação de acidentes envolvendo crianças será melhorada apenas com o investimento maciço em campanhas educativas. “Ainda são muito tímidas as ações de educação para o trânsito. As esferas de governo precisam investir mais nisso. Multa pesada não resolve, o que resolve é campanha”, assegura. A psicóloga Carlita Moraes Bastos, perita em trânsito, reforça que, para além dos acidentes, as crianças são vítimas da ausência de uma política de educação no trânsito. “Elas não aprendem nada sobre isso nas escolas. Só quando o jovem vai tirar a carteira de habilitação, aos 18 anos, é que ele tem contato com as leis. Isto dificulta o aprendizado”. Tema da Semana Nacional de Trânsito deste ano, o assunto também ganhou destaque com a campanha Ajude a salvar nossas crianças. Cuide delas no trânsito, lançada pelo Denatran, no último dia 12. A peça será veiculada até novembro em televisão, rádio, outdoors, busdoors, folders e cartazes. O material será encaminhado às secretarias de Educação e aos órgãos do Sistema Nacional de Trânsito.
Fonte: A Tarde

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