Operação padrão agrava crise e antecipa posse do novo comandante da Polícia Militar
O governo fluminense antecipou para a tarde de ontem a posse do novo comandante da Polícia Militar, coronel Gilson Pitta Lopes, para evitar o alastramento na corporação da sublevação capitaneada pelo "Grupo dos Barbonos", formado por coronéis que confrontaram o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame.
Inicialmente, a solenidade só deveria ocorrer hoje, às 16h, como o próprio Pitta afirmou no início da tarde de ontem. Mas o anúncio de que 40 coronéis e tenentes-coronéis, solidários ao comandante demitido, Ubiratan Ângelo, entregaram ontem cedo seus cargos ao comando, e a notícia de que policiais de alguns quartéis tinham permanecido aquartelados, fizeram o governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) realizar a cerimônia na tarde de ontem - sob tensão e num gabinete fechado, longe da tropa e da imprensa.
"Nunca, nos 200 anos de história da Polícia Militar, houve uma troca de comando sem a tropa formada", lamentou o presidente da Associação de Oficiais Militares do Estado do Rio de Janeiro, coronel da reserva Dilson Anaide. Ele afirmou que o novo comandante terá problemas de legitimidade.
Os sinais de insubordinação dos policiais militares ficaram claros desde cedo. Os 40 oficiais, que assinaram um manifesto contra a troca de comando na PM e a punição dos oficiais que participaram da passeata por reajuste salarial na Praia do Leblon no domingo, protocolaram de manhã seus pedidos de exoneração dos cargos de chefia e comandos de batalhões que ocupavam, segundo o coronel Anaide.
À tarde, ainda de acordo com Anaide, outros sete oficiais fizeram o mesmo. E policiais militares iniciaram "operação padrão" em pelo menos quatro batalhões - 13º (Praça Tiradentes), 18º (Jacarepaguá), 17º (Ilha do Governador) e 39º (Belford Roxo). Nessas unidades, a maioria dos PMs não foi para as ruas. À tarde, o movimento teria sido contido. O coronel Anaide afirmou que outros oficiais também aderiram ao movimento, mas uma lista oficial não tinha sido divulgada até o fim da tarde.
Ele informou que os "Barbonos", alusão ao antigo nome da rua Evaristo da Veiga, onde fica o quartel central da corporação, vão continuar a promover manifestações para pressionar o governo estadual a dar reajustes salariais. Para ele, Beltrame erra ao classificar a passeata realizada por eles no último domingo de insubordinação. Segundo Anaide, não houve desobediência, já que o comandante exonerado, Ubiratan Ângelo, sabia da manifestação e não deu ordem para que ela não acontecesse.
"O direito de livre manifestação ordeira e desarmada é garantido pela Constituição Federal a todos os brasileiros. Não parece, às vezes as pessoas esquecem, mas PM também é brasileiro e cidadão", disse Anaide, admitindo que Ângelo pediu aos manifestantes que não se aproximassem do edifício onde mora o governador, no Leblon.
Surpreso com a nomeação de Pitta, um "Barbono", para o comando, Anaide disse que recebeu a notícia como uma faca no peito: "O coronel Pitta sempre esteve presente nas reuniões, como um dos mais ativos. Nas reuniões que antecederam a nossa caminhada de domingo, ele esteve presente em todas. Quando decidimos fazer a caminhada, ele aplaudiu com efusividade, apoiou e disse: 'É isso mesmo, eu estarei lá no domingo'. Ele não foi. E agora vem uma declaração atribuída a ele de que ficou desgostoso com o rumo do movimento. Rumo que ele mesmo traçou, que aplaudiu de pé", afirmou. "Ele quebrou unilateralmente o compromisso que tinha com os demais coronéis da PM (de não assumir o cargo no atual governo). Ele vai ter que explicar por que roeu a corda", disse Anaide.
Ontem, pelo segundo dia consecutivo, oficiais se reuniram na sede da associação, no Centro do Rio. Os coronéis admitem que não há volta na exoneração do coronel Ubiratan Ângelo, mas pedirão ao governador que ele tenha um cargo de destaque no governo. Eles também querem o afastamento do secretário, José Mariano Beltrame, considerado persona non grata aos oficiais. O grupo estuda a possibilidade de processar o secretário por supostos danos à imagem da corporação. Beltrame questionou a credibilidade da PM, diante de tantos casos de desvio de conduta e falhas no policiamento, para pedir aumento de salário.
Fonte: Tribuna da Imprensa
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