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segunda-feira, dezembro 03, 2007

Poder - Para Lula, terceiro mandato é "absurdo"

Brasília. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o resultado da pesquisa Datafolha, que revela 63% dos entrevistados contra a mudança da Constituição para permitir sua reeleição, reflete a sabedoria do povo brasileiro. Segundo Lula, ele seria o primeiro a criticar a possibilidade de criar um terceiro mandato e, se houvesse sido consultado, o resultado da pesquisa revelaria 64% contra, não 63%, como se um único voto equivalesse a um ponto percentual da amostra de 11.741 entrevistados, em 390 municípios espalhados por todo o país.
- Acho que isso é a sabedoria do povo brasileiro. Se tivessem me entrevistado, não seria 63%, seriam 64%. Sou o primeiro a dizer que é um absurdo tentar, neste país, mudar a Constituição já que foi mudada da outra vez para ter um segundo mandato - disse, depois de depositar seu voto na urna de São Bernardo do Campo, na votação de ontem em todo o país, em que os petistas elegeram a nova direção do partido.
O presidente também comentou o fato de nenhum petista aparecer na pesquisa do Datafolha, que aponta o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), como o favorito para a eleição de 2010. Para Lula, ainda é muito cedo para começar a discutir esse tema, porque, na sua avaliação, as pessoas ainda não estão com a cabeça nas eleições de 2010. Ele disse que deseja apenas cumprir as metas de seu governo.
- Da parte do governo, o que queremos é cumprir as metas que nós nos propusemos para que a gente possa deixar em 2010 um Brasil muito melhor do que nós herdamos - afirmou. - Qualquer pesquisa para 2010 agora não tem nenhum valor. Nem que o cidadão tiver 100% ou zero de intenção de voto. Os dois estão iguais porque ninguém está com a cabeça hoje em 2010. Só os candidatos.
A discussão sobre mudança na Constituição para permitir um novo mandato não está ocorrendo apenas no Brasil. Ontem, os venezuelanos foram às urnas para votar uma reforma constitucional proposta pelo presidente Hugo Chávez, no cargo há quase nove anos, que, se aprovada, vai permitir a reeleição indefinida do mandatário.
Também na Bolívia, no sábado, em meio violentos protestos, foi aprovada a nova Constituição proposta pelo presidente Evo Morales, que permite a sua reeleição. O Equador começa a preparar uma nova Constituição na sexta-feira, mas os governistas descartaram a reeleição indefinida, depois de muito discussão.
No Brasil, o tema ganhou relevância depois que o deputado Fernando Ferro (PT-PE) provocou, segundo ele acidentalmente, o desarquivamento de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que autoriza a reeleição do presidente da República indefinidamente. No mês passado, o deputado e amigo pessoal do presidente, Devanir Ribeiro (PT-SP), prometeu apresentar outra PEC que dê ao presidente o poder de convocar plebiscitos, inclusive sobre sua própria reeleição.
Em fevereiro, Ferro pediu o desarquivamento de suas propostas e emendas que não foram votadas, inclusive uma de 1998 contra a reeleição do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Junto com ela, foi desarquivada também a PEC 492/97, do deputado Roberto Valadão (PMDB-ES), também contra a reeleição, e a PEC 99/1999 do deputado Inaldo Leitão (PSDB-PB), a favor da reeleição indefinida do presidente. (Com agências)
Fonte: JB Online

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