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terça-feira, setembro 11, 2007

Calheiros se diz vítima de "excessos da democracia"

O presidente o Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), divulgou ontem em seu site pessoal da Casa um artigo em que reafirma sua inocência e se diz vítima de "excessos da democracia". Calheiros será julgado por seus pares nesta quarta-feira, em sessão fechada, por quebra de decoro parlamentar depois de suspeitas de ter tido suas contas pagas por um lobista da construtora Mendes Júnior.

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No texto, intitulado "Cartas na mesa", Calheiros ressalta que foi a certeza de sua inocência que o fez apresentar as provas periciadas pela Polícia Federal e, espontaneamente, abrir seus sigilos fiscal e bancário.
Calheiros volta a atacar a imprensa e credita parte do escândalo a "adversários regionais": "se a opinião pública muitas vezes é manipulada ou atropelada por interesses inconfessáveis de setores da imprensa e de grupos paroquiais, cabe a quem sustenta a legitimidade do voto popular estar imune a pressões ilegítimas, pautar-se pelo equilíbrio e pelo senso de justiça".

Confira a íntegra do artigo:
Seriedade e isenção na vida pública não se medem por discursos. Comprovam-se na prática política, no exercício do debate e do voto. Se a opinião pública muitas vezes é manipulada ou atropelada por interesses inconfessáveis de setores da imprensa e de grupos paroquiais, cabe a quem sustenta a legitimidade do voto popular estar imune a pressões ilegítimas, pautar-se pelo equilíbrio e pelo senso de justiça.
Essa é a postura que a sociedade espera do Senado Federal a cada decisão importante, a cada votação. É essa a única postura que se pode admitir diante de um julgamento em que todas as cartas estão na mesa - acusações precipitadas e sem provas, demolidas, uma a uma, por explicações e documentos contundentes, devidamente periciados pela Polícia Federal. É intolerável que a ambição e o rancor de adversários regionais tenham levado adiante uma campanha tão leviana e tão frágil. Primeiro, foi a Polícia Federal que desmentiu a existência de qualquer irregularidade ou ilegalidade nas notas fiscais, recibos, guias de trânsito animal e declarações que comprovam minha renda pessoal. Depois, foi a Receita Federal que derrubou a denúncia de uma suposta adulteração de meu Imposto de Renda - a abertura de minha documentação já havia jogado por terra a calúnia de uma fazenda não declarada, em 2002. Coube à Justiça Eleitoral fulminar nova mentira, de doações de determinada empresa em minhas campanhas.

Inventaram mais. Desafetos regionais ressentidos tentaram me envolver num suposto escândalo de rádios em nome de laranjas; notícias requentadas colocaram meu nome numa história absurda de propinas criada em meio a uma separação litigiosa. Também tentaram me intrigar com outros senadores e com servidores da Casa, mas minha trajetória na Presidência do Senado não deixa dúvida de que eu jamais usaria o poder do cargo para pressionar, de forma indigna, quem quer que seja. Até mesmo pela confiança e pelo respeito que sempre tive por meus colegas de Senado e pelos servidores de carreira da Casa - cuja competência e independência são inquestionáveis. A certeza de minha inocência fez com que eu me adiantasse na apresentação de provas contrárias, com que eu tivesse a iniciativa de pedir a abertura de meus sigilos fiscal e bancário e com que eu abrisse mão de prazos de defesa no Conselho de Ética. E se a opção pelo voto aberto no Conselho esmagou um princípio constitucional cristalino - em nome da continuidade do linchamento -, nem por isso deixei de acatar a decisão da maioria. O julgamento do episódio fica a cargo da História.
Se fui vítima dos excessos da democracia, nem por isso deixo de acreditar nessa mesma democracia. Nem duvido, que, acima de qualquer pressão duvidosa, acima de qualquer divergência partidária ou ambição política, irão pesar, sempre, o espírito público e a autonomia dos representantes do Senado.
Redação Terra

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