Por: Eduardo Kattah (Estadão)
FHC reafirmou que não fez críticas à atuação do governo de São Paulo no enfrentamento da crise de segurança, alegando que houve "uma má informação"
BELO HORIZONTE - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticou nesta segunda-feira os "maus políticos" que "querem utilizar uma tragédia para tirar casquinha". Ao ser questionado se a crise na segurança pública paulista virou uma disputa política, um dia depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter publicamente prestado solidariedade ao governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), dando mais oxigênio ao mal-estar entre pefelistas e tucanos, FHC negou, de sua parte, qualquer gesto nesse sentido. E disse que só o presidente é quem poderia falar sobre sua intenção.
Mas, na seqüência, quando indagado se a onda de violência terá impacto na candidatura do presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin, ele deu o recado: "O impacto pela pesquisa foi para todo mundo. Tanto faz o governador Alckmin, o atual Lembo, o futuro, o presidente Lula ou quem seja. O povo não pensa dessa maneira. Isso é só quando alguns maus políticos querem utilizar uma tragédia para tirar casquinha da política. Isso não é bom", afirmou Fernando Henrique, após se encontrar com o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), no Palácio das Mangabeiras.
FHC reafirmou que não fez críticas à atuação do governo de São Paulo no enfrentamento da crise de segurança, alegando que houve "uma má informação". O ex-presidente pregou que é necessário a união de todas as esferas de governo para que a questão seja resolvida e negou que tenha faltado solidariedade dos tucanos a Lembo no auge dos ataques atribuídos ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
Nos últimos dias, em entrevistas, o governador paulista alfinetou Alckmin e o ex-prefeito José Serra (PSDB), sugerindo que eles teriam se omitido e o abandonado no momento mais crucial da crise. Ele ainda reclamou de FHC, que em tese criticou a suposta negociação com a facção criminosa. "Se ele tivesse ouvido tudo que eu disse em Nova Iorque, diria que eu expressei solidariedade às vítimas, à polícia de São Paulo. Falaram, ´ah, mas está havendo uma negociação´. Eu disse: ´não acredito. Se houver é tática´", explicou o ex-presidente. "Eu acho até que nessa hora devemos resolver solidariamente a questão. Pensar na segurança da população. E o governador (Cláudio Lembo) está fazendo isso e nós temos de apoiar".
Educação
Fernando Henrique observou que o combate à criminalidade hoje é um tema difícil, que ganhou novo foco com a globalização. E aproveitou para criticar a tese repetida por Lula, de que a violência tem origem na carência histórica de investimentos na educação.
"Infelizmente, o presidente Lula disse que isso é uma questão de escolaridade. Não é. Porque se fosse assim, no passado, quando a escolaridade era mais baixa, teríamos mais crimes", disse. "É preciso melhorar o desempenho de todos nós, das polícias, dos governos. Enfim, é um problema que não dá para você minimizado e muito menos politizado".
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