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sexta-feira, maio 19, 2006

Governo barrará CPI dos sanguessugas

Por: Tribuna da Imprensa

BRASÍLIA - O Palácio do Planalto vai operar para derrubar a CPI da Sanguessuga. A interpretação é que a oposição pretende usar as investigações para atacar o governo, vez que a maior parte dos envolvidos pertencem a partidos da base aliada. Ontem, um grupo de parlamentares entregou ao primeiro vice-presidente do Senado, senador Tião Viana (PT-AC), requerimento para a instalação da CPI Mista que pretende investigar supostos envolvidos no esquema de fraude de licitação e compra superfaturada de ambulâncias para municípios usando recursos do orçamento da União, esquema conhecido por sanguessuga.
O requerimento obteve assinatura de 229 deputados e 31 senadores. O próprio Viana deu a senha de que o Planalto não tem interesse nas investigações. "A oposição vai querer usar a CPI para desgastar a relação da base com o governo", analisou Viana, integrante ele mesmo da CPI dos Bingos. "Acho que este é um ano complicado para uma CPI. Além disso, qual a condição que a Câmara tem de fazer uma investigação quando as suspeitas recaem sobre tantos nomes daquela Casa?", perguntou.
A quantidade de suspeitos na Câmara é o principal fator a inibir a investigação. Em tom de brincadeira, o líder tucano no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse que o número de deputados supostamente envolvidos é suficiente até para eleger o presidente da Casa. "Assim não dá para investigar", disse.
O deputado Chico Alencar (P-SOL - Rio) afirmou que o fato de estar em ano eleitoral não significa que o parlamentar não deva exercer plenamente o seu mandato. "Temos que exercer o mandato até o fim e isto significa investigar este escândalo", disse. Ele defendeu que a CPI trabalhe nestes cinco meses que antecedem as eleições adotando um caráter técnico e fugindo de disputas partidárias.
"Quero comissão interna, externa, da sociedade civil, do Ministério Publico, quero tudo que possa investigar. O que eu não suporto é abrir o jornal e ler que na Casa onde trabalho tem gente recebendo dinheiro em mala, em cuia, meia, cueca", disse Raul Jungmann (PPS-PE).
Só dois dos 16 deputados investigados pela comissão de sindicância da Corregedoria da Câmara - grupo considerado em situação mais delicada por terem ou recebido dinheiro em suas contas particulares ou de seus assessores - assinaram o requerimento, João Correia (PMDB-AC) e Maurício Rabelo (PL-TO).
Único senador citado no relatório da Polícia Federal como suspeito de beneficiário do esquema e que teve um assessor de seu gabinete preso na operação da Polícia Federal, o líder do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB),não assinou a criação da CPI.
Segundo assessores palacianos, a estratégia a ser seguida pelo governo é desidratar a lista de parlamentares que apoiaram a criação da CPI. Para que a comissão seja instalada, são necessárias 171 assinaturas na Câmara e 27 no Senado. Bastaria, portanto, subtrair quatro nomes da lista do Senado.
Okamotto
Ontem o senador Almeida Lima (PMDB-SE) protocolou um requerimento de criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar "os fatos que envolvem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em que ele se beneficia de dinheiro de origem não esclarecida, manipulado por Paulo Okamoto, já no exercício da presidência da República." O requerimento está assinado por 41 dos 81 senadores. Okamoto teria pago ao PT um empréstimo feito a Lula no valor de R$ 24.900.

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