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quarta-feira, maio 31, 2006

Veja os artilheiros de todas as Copas

Fonte: Yahoo! Esportes - Copa do Mundo 2006


URUGUAI - 1930
Outras Copas 1930 1934 1938 1950 1954 1958 1962 1966 1970 1974 1978 1982 1986 1990 1994 1998 2002
A 1ª Copa do Mundo
Campeão:
Uruguai
Vice:
Argentina
Ficha técnica
Sede:UruguaiPaíses inscritos: 13Participantes: 13Gols: 70Média de gols: 3,88Média de público: 24.139
Para todo o Uruguai, a primeira Copa do Mundo foi uma sucessão de incertezas. Dois meses antes da data marcada para a abertura oficial, nenhuma seleção européia havia confirmado sua participação. Pelo contrário, as únicas informações que a Associação Uruguaia de Futebol havia recebido do outro lado do Atlântico eram de que Itália, Espanha, Áustria, Hungria, Tchecoslováquia, Alemanha e Suíça definitivamente não viriam a Montevidéu.
As explicações eram sempre as mesmas: para se mandar uma seleção de futebol à América do Sul gastavam-se 15 dias para ir, 15 para voltar, mais 20 para a disputa do campeonato, o que significava uma ausência de quase dois meses. Diante disso, os uruguaios começavam a temer pelo êxito da sua grande festa. A certa altura, chegaram mesmo a pensar em declarar guerra ao futebol europeu e liderar um movimento para fundar uma outra federação, espécie de FIFA latino-americana, dissidente daquela que Jules Rimet presidia. Mas não levaram a idéia avante. O próprio Jules Rimet se encarregou de fazer tudo para que sua França se inscrevesse. Depois de tal iniciativa, a Europa, pelo menos, pôde contar com quatro representantes na Copa: França, Iugoslávia, Bélgica e Romênia.
Brasil sem técnico Alheio a todos esses problemas dos seus vizinhos do Prata, o Brasil vivia, longe dali, seus próprios dramas. Desde que a realização da primeira Copa do Mundo fora confirmada, a Confederação Brasileira de Desportos (CBD) fez questão de se incluir entre as primeiras a garantir sua presença. Em 3 de maio de 1930, em ofício assinado por seu presidente, Renato Pacheco, a CBD enviava à Associação Paulista de Esportes Atléticos (APEA) uma lista de jogadores convocados para a Seleção Brasileira. Entre eles, o que havia de melhor no futebol paulista: Friedenreich, Frané, Amílcar Barbury, Heitor, Del Debbio, Filó, Clodô, De Maria, Feitiço, Athiê Jorge Curi, Petronilho de Brito, Araken Patusca.
Mas a APEA não gostou. Concordava com os nomes convocados, mas não com a comissão nomeada pela CBD para fazer a convocação: Píndaro de Carvalho, Gilberto de Almeida Rego e Egas de Mendonça, três cariocas. E por que não incluir entre os membros da comissão pelo menos um representante paulista? A APEA exigia o representante paulista, a CBD firmava pé nos três cariocas e a questão se estendeu em demoradas polêmicas pelos jornais. Finalmente, em 12 de junho, a menos de um mês da abertura da Copa, a APEA comunicou à CBD que não cederia seus jogadores à Seleção. Resultado: a CBD convocou 20 cariocas, mais Poli, de Campos (RJ), e guardou a 22ª vaga para Araken Patusca, que, depois de brigar com seu clube, o Santos, prometera a Renato Pacheco furar o boicote paulista.
Embora improvisada, inexperiente e sem refletir o bom nível técnico que o nosso futebol já atingira em 1930, a Seleção Brasileira chegou a Montevidéu com alguns trunfos, embora não tivesse treinador. Um deles, Fausto dos Santos, centro-médio e líder, então despontando para uma das mais curtas e brilhantes carreiras de todo o futebol brasileiro. Outro, Preguinho, atleta completo, jogador inteligente. Outros mais, Russinho, um atacante cheio de malícia, e Carvalho Leite, um tanque cheio de coragem. E o próprio Araken, excelente no drible.
Surpresa americana Como o número de participantes era de apenas 13, e não 16 como se pretendia, o campeonato não foi disputado pelo sistema eliminatório, mas com os times divididos em quatro grupos, cujos vencedores seriam, automaticamente, semifinalistas. No Grupo 1, com uma seleção bem mais forte do que a que decidira com o Uruguai o título olímpico de 1928, a Argentina se impôs, com categoria, à França, ao Chile e ao México. No Grupo 3, após um começo muito nervoso, naquele jogo decidido num gol de Castro, o Uruguai passou fácil pela Romênia e se classificou.
No Grupo 4, os Estados Unidos, que haviam fracassado em todos os torneios olímpicos anteriores e eram incluídos entre os outsiders da Copa, surpreendiam com uma equipe em que figuravam vários profissionais escoceses e ingleses naturalizados americanos, todos sob o comando do competente Jack Coll. Sua classificação, em duas vitórias sobre o Paraguai e a Bélgica, foi merecida.
No Grupo 2, o Brasil. Em 14 de julho, a seleção escalada por Píndaro de Carvalho e Gilberto de Almeida Rego pisava o campo encharcado do Parque Central para enfrentar a da Iugoslávia. Fazia um frio de quase zero grau, os brasileiros batendo o queixo, os iugoslavos seguros de si. Aqui o depoimento de Preguinho: "Nossa seleção era tão boa quanto a deles, mas não tivemos sorte. Para começar, não esperávamos tanto frio. E os iugoslavos, em dois contra-ataques, ganharam o jogo." Os dois contra-ataques a que Preguinho se refere ocorreram ainda no primeiro tempo, de modo que os iugoslavos viraram com uma vantagem de 2 x 0. No intervalo, os brasileiros sentiam-se congelados. Tanto que se aqueceram com cobertores no vestiário. No segundo tempo, jogando bem melhor, a Seleção Brasileira conseguiu um gol, aos 16 minutos, de Preguinho. Mas ficou mesmo no 2 x 1, resultado praticamente eliminatório.
Quando o Brasil jogou com a Bolívia, em 20 de julho, no Estádio Centenário, já estava eliminado: os iugoslavos, ao derrotarem os bolivianos, três dias antes, tinham garantido a passagem para as semifinais. De qualquer forma, aquela segunda e última partida brasileira na Copa serviu para diminuir um pouco a tristeza causada pela má estréia: 4 x 0 foi o resultado final, com dois gols de Preguinho e dois de Moderato.
As semifinais Uruguai e Argentina derrotando, respectivamente, Iugoslávia e Estados Unidos - foram duas perfeitas premières para a grande final. Nelas, uruguaios e argentinos haviam deixado mais que provado que eram, de longe, os melhores entre os 13 participantes. E mais: com goleadas traduzidas em números absolutamente iguais (6 x 1), tinham não apenas arrasado seus temíveis adversários como também acentuado ainda mais o equilíbrio entre as suas seleções.
Por três dias, em Montevidéu e em Buenos Aires, não se falou em outra coisa. Uruguaios e argentinos viviam, pensavam, respiravam futebol. Na véspera do jogo, as barcas cruzavam o Prata cheias de argentinos inflamados, a agitar bandeiras, a cantar canções patrióticas, a exibir faixas pintadas em azul e branco: "Argentina si, Uruguai no!" No outro lado, a confusão era ainda maior. Hotéis lotados, ingressos nas mãos dos cambistas, discussões e até brigas que surgiam aqui e ali.
El Manco, o herói Foi de fato uma grande e emocionante final. Oitenta mil pessoas lotaram o Centenário. Os uruguaios conseguiram o primeiro gol logo aos 12 minutos, quando Castro deu um passe na medida para Dorado completar. Mas a alegria não duraria muito: oito minutos depois, Peucelle empataria. Inspirados no futebol de Luis Monti, nas avançadas dos laterais Juan Evaristo e Pedro Suárez, nas jogadas ofensivas de Peucelle, Varallo e Evaristo, os argentinos passaram a dominar o jogo. Aos 37 minutos, Stabile, o goleador do campeonato, desempatou. E o primeiro tempo chegou ao fim com os uruguaios perdendo de 2 x 1.
Foi espantosa a reação uruguaia na etapa final. Aos 12 minutos, caído, após ter driblado Paternoster e Della Torre, Cea empatou. Aos 23, num chute de fora da área, Iriarte pôs o Uruguai novamente em vantagem. Um gol que levava um país inteiro ao delírio. Mas o jogo ainda não estava decidido. Faltavam 22 minutos, tempo de sobra para os argentinos mudarem novamente o marcador. E, de fato, seguiu-se uma terrível pressão argentina sobre a área uruguaia. O Uruguai vivia momentos de sofrida espera quando, num contra-ataque, Dorado centrou da direita, pelo alto.
O grandalhão Della Torre e o miúdo Castro saltaram, mas Castro, El Manco Castro, que fora um dos gigantes daquela final, saltou tão mais alto que parecia ter molas sob os pés. Com uma cabeçada precisa, mandou a bola às redes. Era o quarto gol. Um minuto depois, o jogo acabava. E o Uruguai conquistava a taça Jules Rimet. Risos, abraços, lágrimas, a emoção tomava conta da Celeste Olímpica e dos milhares de uruguaios que transbordavam pelo Estádio Centenário.
Artilheiro
Stabile (Argentina), 8 gols
Nome completo: Guillermo StabileNascimento: 17 de janeiro de 1906, em Buenos AiresClubes: Huracán, Genoa-ITA, Napoli-ITA e Red Star-FRA
Tinha por característica entrar no meio das defesas adversárias sem perder o domínio da bola, o que lhe valeu o apelido de “Infiltrador”. Depois do Mundial, o atacante se transferiu ao Genoa. Em 1940, se tornou técnico da seleção argentina, cargo que manteve até 1958, após a péssima campanha da seleção na Copa da Suécia.

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