ACM Júnior e César Borges afirmam que, no governo Wagner, Bahia deixa escapar grandes investimentos
Osvaldo Lyra
A decisão da montadora Toyota de instalar sua segunda planta industrial no estado de São Paulo, em vez de na Bahia, repercutiu ontem no Senado. Os senadores Antonio Carlos Júnior (DEM) e César Borges (PR) lamentaram a medida da multinacional e criticaram o governo Jaques Wagner (PT) pela “falta de competência” em atrair a indústria, fato que resultou na perda de investimentos de R$1,1 bilhão para o território baiano.
Em discurso no plenário da Casa, ACM Júnior disse que essa não era a primeira perda que a Bahia vinha sofrendo. “Outros grandes investimentos estão indo para o Nordeste, mas nenhum para o nosso estado”. Segundo o parlamentar, “o governador parece mais preocupado em alinhar-se incondicionalmente ao governo federal do que em defender os interesses do povo baiano”.
“Não tenho diferenças pessoais com o governador, a quem respeito e reconheço a autoridade. Mas é importante que se diga que sua Excelência foi eleito com o discurso de que integrava o mesmo partido político do presidente da República e que isso seria uma vantagem para a Bahia”, disse ACM Júnior, ao fazer referência à Companhia Siderúrgica Nacional, que vai ser instalada fora da Bahia.
No final do seu discurso, o senador democrata aproveitou para falar que se mantinha otimista, mas que o governo baiano precisava reagir. “Eles precisam recolocar a Bahia em um nível de crescimento, pelo menos, próximo do que o estado experimentou nas últimas décadas. As perspectivas de curto prazo não são boas, e, se nada for feito, as próximas administrações estaduais da Bahia terão muito trabalho para recuperar o tempo perdido”, advertiu.
Ford – Para o senador César Borges, presidente estadual do PR, além de perder investimentos para São Paulo, como no caso da Toyota, a Bahia ainda corre o risco de perder as fábricas já implantadas, como a própria Ford. Segundo advertiu o senador, as condições de produção entre Norte-Nordeste e Sul-Sudeste ainda não estão equalizadas e exigem uma política federal diferenciada de desenvolvimento industrial.
“Os investimentos obtidos no passado recente ainda não estão totalmente consolidados, ainda não são sustentáveis, ou seja, o diferencial para a produção nos estados periféricos, como é o caso da Ford, na Bahia, persiste em relação ao custo de produção no Sudeste”, avaliou o senador. A diferença, de acordo com ele, “é que a Ford contou com condições que não foram oferecidas à Toyota, como os incentivos em impostos federais”.
César Borges defendeu também uma política federal que garanta empregos para os nordestinos. De acordo com ele, sem uma compensação, São Paulo vai atrair todos os investimentos do país. “Se aventou muito que a Toyota implantaria sua fábrica na Bahia. Lamentavelmente, está confirmado oficialmente, pela direção dessa empresa, que a indústria automotiva vai se localizar em Sorocaba, mostrando mais uma vez que a atração gravitacional econômica de São Paulo é muito forte”, disse.
Fonte: Correio da Bahia
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