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terça-feira, fevereiro 26, 2008

O governador arrogante e onipotente com medo do mosquito

Por: Helio Fernnades

"Arrombarei as casas fechadas"
Está acontecendo de tudo no Brasil, nos setores mais diversos. CPI que não se organiza (cartões), CPI que existe mas não anda (ONGs), quilômetro de terras desmatadas provocando lucros extraordinários (madeireiros da Amazônia), partidos que querem o Poder para não dividi-lo, preferem dividir o Poder (PMDB), e uma corrupção desenfreada, que atinge a maioria dos 180 milhões de brasileiros.
Por cima de tudo isso, devendo ser a fonte de inspiração da democracia, uma Constituição que ninguém respeita, e por trás dela esconde as maiores violências e a imunidade que não acabará jamais, e é assaltada publicamente até por um governador como o do Estado do Rio.
Numa declaração que foi manchete de "O Globo" no sábado, Sérgio Cabral revelou: "Mandarei ARROMBAR as casas fechadas na cidade do Rio de Janeiro para eliminar águas paradas que possibilitam a reprodução do mosquito da dengue".
Arrombar casas, com o falso intuito de evitar uma epidemia, é simplesmente um dos maiores absurdos. Estou assombrado que a OAB-Nacional ainda não tenha protestado o-f-i-c-i-a-l-m-e-n-t-e, condenando a declaração do governador. Ele tem muitos meios de proteger a cidade do mosquito da dengue. Mas para matá-lo não precisa levar junto a Constituição.
O que Sérgio Cabral ameaça já existiu não só no Brasil mas no mundo, se chamou de nazismo e fascismo. ARROMBAR casas é o desrespeito total ao direito das pessoas, consagrado em todas as Constituições brasileiras, mesmo as que surgiram da vontade, da autocracia ou do capricho de alguns.
O governador pregou a subversão total e a violência implacável a tudo que é mais sólido e consolidado nas Constituições, que é o direito do cidadão. É preferível um cidadão com dengue por causa da incompetência do próprio governador do que uma Constituição violada pelo entendimento de que ele pode tudo, incluindo esse ato "heróico" de arrombar residências e rasgar Constituições.
Não se sabe para quê, mas o governador declarou que vai mandar à Alerj um projeto "regulamentando a questão". O que o governador quer regulamentar? O arrombamento de residências ou o ato de matar o mosquito da dengue. De acordo com o que já foi dito, o governador quer usar um míssil para matar um mosquito. E mais grave: Sérgio Cabral usa um míssil falso que não tem o direito de utilizar.
A Alerj não tem nada a ver com a Constituição Federal. O item 11 do artigo 5º da Constituição de 1988 (e em todas as outras, incluindo as ditatoriais) define: "A casa é o asilo inviolável do cidadão, ninguém pode penetrar sem consentimento do morador, salvo para prestar socorro ou cumprir decisão judicial".
Segundo o ministro da Saúde foi no Rio onde a dengue teve índice maior de crescimento. Ausência do governador e de sua equipe ou do mínimo de fiscalização? A cada arrombamento quem fecharia essas portas novamente? Quem se responsabiliza pelos bens e valores existentes? Que tipo de ARROMBAMENTO o governador autorizaria? Autorizaria a violência nas casas fechadas há mais tempo ou nas que estão fechadas por viagens das famílias? Quem estabeleceria a diferença?
O Rio tem 1 milhão e 500 mil residências. 5% estão fechadas, são 75 mil. Quais as que serão arrombadas? E as favelas, não incluídas nesses números? Os agentes têm condições de arrombar barracos ou casas de alvenaria? E quantos agentes seriam necessários?
PS - Estamos todos assustados com a insegurança da cidade. Mas agora o terror piorou. Além da violência do governo dito paralelo, temos a violência apregoada pelo próprio governador. Que República.
Amanhã
"ZERAR" a dívida externa é uma farsa. A DÍVIDA interna é impagável. De onde tiraram 182 bilhões de dólares?
Marco Maciel
Fez uma carreira "fascinante" na ditadura. Na democracia continua o mesmo, só que a carreira é arrogante.
O senador Marco Maciel, que foi tudo na ditadura e continua intocável, quando discursa só comete erros. Na sexta-feira falou sobre as "abusivas medidas provisórias". Equívoco político. FHC, de quem foi vice sem voto durante 8 anos, afirmou: "Sem medida provisória, não há governabilidade". O presidente disse isso, quando ele, Maciel, era vice. Por que não protestou?
Chamou as medidas provisórias de "abusivas". Esqueceu que o Supremo já decidiu: "Quem avalia o mérito e a hora das medidas provisórias é o Executivo". E dizer que Marco Maciel já quis ir para o Supremo.
Para que ninguém se iluda: sempre fui contra essas medidas, e continuo. Mas também sou contra a arrogância da mediocridade.
A piada do dia vem da vereadora Andréa Gouveia Vieira, candidata à reeleição, se aproveitando da promoção e fingindo de candidata a prefeito: "Ninguém conhece o Rio como eu". Ha! Ha! Ha!
A situação de Aloizio Mercadante é politicamente deprimente, eleitoralmente desesperadora. Candidato a vice com Lula em 1994, derrotado.
Senador em 2002 era a grande estrela do PT, ainda não PT-PT. Esperava ser logo ministro, não foi antes nem depois.
Caiu no ostracismo, perdeu facilmente para Serra. Agora o final: acha que não se reelege em 2010. Fez a caminhada do retrocesso.
Impressionante a união e a lealdade entre Arruda governador de Brasília e Paulo Otavio, vice. Como o acordo entre eles é de Arruda não tentar ou disputar a reeeleição, tudo certo.
José Roberto Arruda disse a este repórter: "Helio, não sou candidato à reeleição, sou contra isso". Com a maior disposição.
A oposição com inveja terrível tenta o impossível: garantir "que Lula só é popular por causa do governo FHC". Ha! Ha! Ha!
Inacreditável. FHC é um dos 5 piores presidentes do País (os 4 marechais e ele, como civil, excluídos os que estiveram no Poder de 1964 a 1985) e foi verdadeira calamidade.
Jorge Bornhausen se organiza para voltar ao Senado em 2010. Até acordo com Espiridião Amin está sendo considerado possível. Se não conseguir, pretende ser embaixador numa possível vitória do PSDB.
O ex-líder foi tudo durante a ditadura, depois ainda conseguiu ser embaixador em Portugal. Era mais fácil, mas pouco aparecia.
Lula, depois do "fim" da dívida externa: "Teremos que deixar de gastar dinheiro à toa". Quer dizer que reconhece que ele (e os outros presidentes) desperdiçavam e alavancavam essa dívida?
Outra coisa: Lula diz, "precisamos investir em energia e comunicação". Por que não fala em ferrovias, hidrovias e portos?
Os americanos ficam assombrados como a China e a Índia investem em portos. Descarregam navios em poucas horas, nenhum engarrafamento.
Nota 10 para Lula no relacionamento com a presidente da Argentina. Tratou Cristina Kirchner com o maior carinho, foi só amabilidade com ela. Na hora de ceder uma parte grande do gás que compra da Bolívia, "negou taxativamente, não é possível".
As convenções dos partidos para a eleição de prefeito do Rio se aproximam, nenhuma definição. A situação continua a mesma, dificilmente haverá alteração. 14 pré-prefeitáveis, poucos verdadeiros.
Como quase todos são deputados federais ou estaduais, sabem que não ganham mas ficam no noticiário. E na reeleição de 2010 se aproveitarão do tempo da televisão e até do dinheiro arrecadado.
Os 4 ou 5 que dependendo dos acordos poderão chegar ao segundo turno não têm definição. Curiosidade: os que não têm mandato algum (todos já tiveram) são os de maiores possibilidades.
Ninguém sabe quem será o candidato do PMDB a prefeito. E o PT-PT já tem candidato que pode unir o partido, Alexandre Molon, mas não ganha. Contra ele, apenas Wladimir Palmeira. Dona Benedita quer o Senado.
Numa das raras vezes a Academia entregou o Oscar certo em quase todas as categorias, pelo menos nos casos principais. Dois filmes surgiram com 8 indicações. "Sangue negro" e "Onde os fracos não têm vez".
O filme dos irmãos Cohen recebeu 4 prêmios principais, merecidamente. "Sangue negro" ficou apenas com o melhor ator, essa era uma vitória certíssima para Daniel Day-Lewis, em trabalho memorável.
Quando vi os dois filmes, como sempre faço, escrevi sobre eles. Fiquei surpreendido que "Sangue negro" recebesse 8 indicações, não tinha méritos para isso. Cruel sem necessidade, terminando de forma selvagem, acabou triturado com razão. Também não poupei elogios para Day-Lewis, que não podia perder.
Já o filme dos irmãos Cohen, "Onde os fracos não têm vez", é uma obra completa, pronta e acabada. Ganhou 50 por cento das indicações, o que é mais do que um diretor pode esperar.
"Desejo e reparação" (que começou errado desde o início) ganhou a trilha musical que nem existia, era um coquetel de óperas. Cate Blanchett, indicada para 2 Oscar, não ganhou nenhum.
XXX
A repercussão do jogo Flamengo-Botafogo não terminou nos 90 minutos habituais. Foi prolongada e continuará por algum tempo, agora fora do campo. E tudo por culpa de um árbitro incompetente e desastrado. Pênaltis como aquele existem aos montes em cada jogo. Toda vez que há um escanteio, todos se agarram dentro da área, pênaltis visíveis que ninguém marca. Faltas perto da área, a mesma coisa.
Só que anteontem o árbitro resolveu "inventar", deu o pênalti. Responda, leitor, qualquer que seja o seu clube do coração: quando é que você viu um árbitro marcar pênalti por causa de mútiplos puxões de camisa?
XXX
Os jornalões ricos são muito mal escritos. Ontem, em manchete da Primeira, em "O Globo", 4 primeiras linhas, 4 vezes a palavra SEU. E não precisava nenhuma. O que foi escrito: "Raul Castro teve SEU nome confirmado no lugar do SEU irmão Fidel. Em SEU discurso, deu o tom do SEU governo".
O correto seria: "Raul Castro teve o nome confirmado no lugar do irmão Fidel. No discurso da Assembléia Nacional deu o tom do novo governo".
Fonte: Tribuna da Imprensa

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