A três semanas do início do Carnaval, cerca de 280 policiais civis subiram ontem o Morro da Mangueira, na Zona Norte do Rio, e localizaram uma fortificação de concreto e ferro com oito "janelas" para atiradores, 35 metros de comprimento, três de altura e um palmo de profundidade, na curva do Elvis, no alto na favela. Também foi descoberto um campo, na Vila Miséria, conhecido como "microondas", onde havia dedos e outras partes de corpos carbonizados.
Os policiais desceram a escadaria do morro com aproximadamente uma tonelada de maconha e doze presos, dos quais quatro em flagrante. Foram apreendidos ainda um fuzil, uma pistola, uma granada, munição, dez motos roubadas e pequena quantidade de crack e de cocaína. Pelo menos um acusado foi baleado. Segundo a polícia, houve confronto e ele conseguiu fugir.
"Passagem secreta"
A operação foi realizada para cumprir sete mandados de prisão expedidos pela Justiça contra acusados de liderar o tráfico no morro, entre eles Francisco Paulo Testas Monteiro, o Tuchinha, um dos compositores do samba da Mangueira - ele assina como Francisco do Pagode.
Nenhum dos mandados foi cumprido até o fim da tarde de ontem, o que levantou a suspeita de a operação, iniciada por volta das 6 horas, ter vazado. Tuchinha ficou preso por 17 anos e estava em liberdade condicional desde 2006.
O chefe de operações da 17ª DP, Marco Antônio Carvalho, afirmou que escutas autorizadas pela Justiça mostraram o "poder de comando" de Tuchinha na quadrilha. "Ele fala sobre armas e movimentação de dinheiro". Segundo o policial, o tráfico movimenta R$ 1 milhão por semana na favela.
Durante a operação, policiais descobriram uma "passagem secreta" para a quadra da escola de samba, que supostamente seria usada para facilitar o acesso e a fuga de traficantes. "Eu prefiro mil vezes quebrar a logística do que pegar um líder. Não que o líder não seja interessante. Mas, se eu tirei uma tonelada de maconha, ele vai ter que correr atrás para arrumar. Agora, se eu prendo o líder hoje (ontem), às 13 horas já terá outro cara lá vendendo. Vamos continuar indo em cima", declarou o secretário da Segurança, José Mariano Beltrame.
Apesar de policiais terem divulgado durante a operação que três pistolas haviam sido apreendidas, apenas uma foi apresentada na 17ª DP, de onde partiu a investigação, iniciada há seis meses. "A gente vai ter que apurar para saber disso direito", disse o delegado Marcio Caldas, titular da 17ª DP e responsável pelo inquérito.
"Sou viciado. Eu nunca vi isso (a maconha apreendida) na minha vida e ainda tenho que apanhar", disse um dos presos, Jorge Francisco da Silva, de 55 anos. "Meu cliente está limpo, é trabalhador. Isso acaba com a vida do cara", disse Ésio Lopes, advogado de outro preso, Gilberto Ferreira dos Santos, de 28 anos, o Gil. Segundo a polícia, ele foi preso com um fuzil.
Policiais destruíram parcialmente a fortaleza construída por criminosos com o veículo blindado conhecido como Caveirão. "Daqui eles (os traficantes) ficavam em uma posição muito privilegiada. A polícia sabia da existência do bunker e estava preparada. Vamos derrubar e deixá-los mais vulneráveis", disse o delegado.
Ônibus
Criminosos atearam fogo a um ônibus da linha 472 (Leme-Triagem). Segundo passageiros e comerciantes, dez homens, alguns armados, pararam o veículo, lotado de passageiros, entraram pelas duas portas e ordenaram que todos descessem. "Um deles colocou uma pistola no meu rosto e disse: "pára ou eu largo o dedo". Mandou que eu deixasse o ônibus atravessado na pista. Alguns tinham garrafas cheias de gasolina", contou o motorista.
"Havia crianças e idosos. Todos desceram rápido e não sei como ninguém ficou ferido", disse o aposentado Antônio Gomes, de 82 anos. A PM chegou apenas quando os bandidos já haviam abandonado o local.
Apontado como um dos chefes do tráfico na Mangueira, Alexander Mendes da Silva, o Polegar, que sairia anteontem da prisão, beneficiado pela Visita Periódica ao Lar (VPL), também foi citado no inquérito da 17ª DP e teve mandado de prisão temporária expedido. Mesmo preso, ele daria ordens a Tuchinha. A Mangueira informou que quando participou da disputa do samba-enredo, Tuchinha estava em liberdade.
Fonte: Tribuna da Imprensa
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