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domingo, janeiro 02, 2022

Putin e Biden alertam para "ruptura diplomática"




Os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da Rússia, Vladimir em videoconferência nesta quinta-feira (30/12).

Líder russo diz que sanções do Ocidente em retaliação a suposta intervenção na Ucrânia poderão resultar em rompimento. Americano promete “resposta decisiva” no caso de uma ação militar de Moscou em solo ucraniano.

Putin alertou seu colega americano que possíveis sanções como punição pela interferência russa no território ucraniano poderão levar a uma ruptura dos laços diplomáticos entre Moscou e Washington.

Nos últimos meses, a Rússia deixou o Ocidente em alerta ao acumular dezenas de milhares de soldados próximo à sua fronteira com a Ucrânia. Moscou nega que tenha intenções de invadir o país vizinho e reafirmou o direito de posicionar suas tropas dentro de seu território.

Os Estados Unidos ameaçaram impor sanções devastadoras no caso de uma agressão militar russa à Ucrânia, algo que, segundo o assessor do Kremlin Yuri Ushakov foi repetido por Biden na conversa desta quinta-feira.

"Nosso presidente respondeu imediatamente que, se o Ocidente decidir, nas atuais ou em quaisquer outras circunstâncias, impor tais sanções sem precedentes, isso poderá levar a uma ruptura completa dos laços entre nossos países e causar graves danos às relações entre a Rússia e o Ocidente”, disse o assessor.

Segundo Ushakov, Putin disse que este seria "um equívoco que nossos descendentes iriam ver como um enorme erro”. Em meio a preocupações com ações ocidentais para fortalecer militarmente a defesa da Ucrânia, Moscou exige garantias de segurança quanto a uma possível expansão do poderio militar da Otan no Leste Europeu.

Biden promete "resposta decisiva”

Apesar da resposta de Putin em tom de ameaça, Ushakov disse que o líder russo ficou satisfeito com a conversa. Ele disse que Biden aparentou concordar com a necessidade de fornecer tais garantias a Moscou, e demonstrou seriedade em relação a futuras negociações no caso de as diferenças prevalecerem.

O assessor do Kremlin disse que a conversa criou uma atmosfera positiva antes das conversações entre a Rússia e os EUA marcadas para 9 e 10 de janeiro em Genebra e para o dia 12 em Bruxelas. Outra reunião, sob os auspícios da Organização para a Segurança e Cooperação da Europa (OSCE), ocorrerá em Viena, no dia 13 do mesmo mês.

A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, disse que Biden reiterou que avanços substanciais nesses diálogos poderão ocorrer somente em um ambiente de redução das tensões, e não o contrário.

O líder americano "deixou claro que os Estados Unidos e seus aliados e parceiros responderão de maneira decisiva no caso de uma futura invasão da Ucrânia pela Rússia”, disse a porta-voz.

Assessores dos dois líderes descreveram como sério o tom da conversa, mas disseram que nenhum dos lados demonstrou progressos significativos rumo a uma solução.

As possíveis sanções incluiriam medidas que iriam desconectar efetivamente a Rússia do sistema econômico e financeiro global, além resultarem no reforço do poderio militar da Otan.

Crise na fronteira

Em 2014, a Rússia se aproveitou da instabilidade política na Ucrânia e anexou a Península da Crimeia, que era parte integral do território ucraniano. No mesmo ano, Moscou passou a apoiar grupos separatistas no Leste da Ucrânia, que ainda controlam grande parte da região.

Nos últimos meses, a Rússia vem realizando exercícios militares na fronteira com a Ucrânia, incluindo treinamentos de defesa contra ataques aéreos.

Segundo estimativas, entre 60 mil e 90 mil soldados russos estão estacionados há semanas na fronteira. Isso gerou temores de que a Moscou planeje um ataque ao país vizinho, algo que o Kremlin tem negado repetidamente.

A Rússia vem pressionando a Otan e o Ocidente com uma série de exigências, propondo um veto russo à admissão de futuros membros da Otan, em vista de uma possível entrada da Ucrânia na aliança militar.

Os Estados Unidos, entre outros, rejeitaram a proposta do Kremlin. Além disso, a Rússia pediu à Otan que retire seus batalhões multinacionais da Polônia e dos estados bálticos Estônia, Letônia e Lituânia.

O presidente russo, Vladimir Putin, disse que a Rússia tomaria as medidas "retaliatórias apropriadas" em resposta ao que chamou de "postura agressiva" do Ocidente.

Deutsche Welle

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