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segunda-feira, janeiro 03, 2022

Mais um portal de notícias de Hong Kong encerra atividades

 




CitizenNews, fundado por jornalistas em 2017, informou temer pela segurança de colaboradores. Mídia independente do território vem sendo sufocada pelo regime chinês nos últimos dois anos.

O portal de notícias CitizenNews, de Hong Kong, anunciou neste domingo (02/02) que vai encerrar suas atividades para "assegurar a segurança de todos".

O anúncio ocorre dias depois de uma operação policial contra outro portal, o Stand News, ter resultado na prisao de seis ex-colaboradores por "conspiração para publicações sediciosas" - acusação que as autoridades do autoritário regime chinês costumam usar contra jornalistas não alinhados. Os jornalistas tiveram o pedido de fiança negado.

O CitizenNews, um portal de notícias apartidário e financiado pelos seus utilizadores, foi fundado em 2017 por um grupo de jornalistas veteranos e era um dos veículos de notícias online mais populares de Hong Kong, com mais de 800.000 seguidores nas redes sociais.

Perseguição

Durante o ano passado, o portal contratou vários jornalistas de outros meios de comunicação, à medida que as autoridades aumentavam a pressão sobre a imprensa.

Na ocasião, a Rádio Televisão de Hong Kong passou para o controle de líderes pró-governo e o jornal pró-democracia Apple Daily foi fechado em junho e o seu fundador, Jimmy Lai, foi condenado.

Hoje, o CitizenNews anunciou "com o coração pesado" que irá encerrar a atividade na terça-feira e que o seu portal na Internet será removido "mais tarde".

"Infelizmente, não podemos mais nos esforçar para transformar as nossas crenças em realidade sem medo, devido à drástica mudança na sociedade nos últimos dois anos e à deterioração do ambiente dos meios de comunicação", informou o CitizenNews num comunicado.

 Quatro dos cofundadores do CitizenNews são ex-presidentes da Associação de Jornalistas de Hong Kong.

Pequim passou a sufocar a imprensa livre e a oposição em Hong Kong após os protestos pró-democracia massivos que sacudiram em 2019 a ex-colônia britânica e região administrativa especial da China (desde 1997).

Hong Kong tem perdido cada vez mais liberdades desde que Pequim impôs, em junho do ano passado, uma polêmica lei de segurança nacional. No início deste mês, Hong Kong realizou uma eleição legislativa de fachada "apenas para patriotas" - ou seja, com candidatos alinhados com o regime.

Em setembro, organizadores da vigília anual em homenagem às vítimas do massacre da Praça da Paz Celestial disseram que polícia ordenou que páginas do grupo fossem tiradas do ar. O grupo anunciou no mesmo mês que estava encerrando suas atividades. Em outubro, a Anistia Internacional fechou escritórios em Hong Kong.

Em dezembro, a universidade mais antiga de Hong Kong removeu a chamada Coluna da Infâmia, de oito metros de altura, que retrata 50 corpos retorcidos e empilhados uns sobre os outros. A obra foi feita pelo escultor dinamarquês Jens Galschiot para simbolizar as vidas perdidas durante o massacre na Praça da Paz Celestial, que reprimiu de forma sangrenta protestos pró-democracia em Pequim em 4 de junho de 1989.

Deutsche Welle

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