Mauro Santayana
As instituições políticas envelhecem: as sociedades, para o bem e para o mal, são dinâmicas. Ao se alterarem as relações econômicas e os costumes, sob o impulso da tecnologia, a realidade exige o ajustamento das leis e dos instrumentos de governo, a fim de que as comunidades não se desagreguem. No processo dialético da história política, a permanência das nações depende desse reajustamento. Em certas épocas, não bastam as ações pontuais dos legisladores: reclamam-se revoluções, que podem ser ou não pacíficas. Victor Hugo tem uma frase emblemática em Les miserables: a revolução é o retorno do fictício ao real. Isso ocorre quando as leis passam a ser peças de ficção, intenções teleológicas, desligadas da vida cotidiana. A vida real, em seu dinamismo, aposenta-as, e aposenta as instituições, reclamando as revoluções de que fala o escritor francês. O real é a ditadura da circumstantia, que constringe e limita a vontade, submetendo-a à força do necessário. Tudo o que foge à necessidade, em termos políticos, é ato inútil. Até mesmo a esperança é uma resposta àquilo que consideramos necessário.
É assim que pode ser explicada a irrupção na política americana do outsider Barack Obama. Desde Kennedy, os Estados Unidos têm sofrido continuada crise de liderança. Os donos do poder – o famoso complexo industrial militar denunciado por Eisenhower – caíram na armadilha do confronto externo com a União Soviética. Não perceberam, talvez, que o grande inimigo era o seu próprio way of life. Seus legisladores não conseguiram dar prosseguimento ao ideal dos peregrinos do Mayflower. O american dream da sociedade jeffersoniana não contemplava os pobres sem terra, a não ser à distância das casas senhoriais da Nova Inglaterra. Assim, com o tempo, o american dream deixou o campo da liberdade com dignidade, pretendida por William Bradford, o líder dos passageiros do Mayflower e dos primeiros colonos de Plymouth, para o do dinheiro e do poder. Essa corrida exacerbada em busca da supremacia individual e nacional, perdeu o ímpeto com a implosão do sistema socialista. Não podendo justificar-se sem inimigos, o cambaleante império buscou, no islã, outro inimigo instrumental.
A provável eleição de Obama (é sempre bom ter cautela com as probabilidades) ocorrerá em momento difícil do mundo. O modelo de desenvolvimento econômico, fundado no uso desmesurado de energia, a partir de combustíveis fósseis, foi seguido pelo mundo inteiro, porque o american dream passou a ser o sonho de todos, mesmo daqueles que nunca poderiam emigrar. Se não podiam buscar o sonho, não lhes era difícil importá-lo – com as multinacionais, as patentes, a gasolina e o querosene da Esso. Em conseqüência, temos hoje a explosão de consumo de energia na China e na Índia, e o susto da ONU: quem não comeu o que lhe pedia a vida, está chegando à mesa. Não para apanhar as migalhas que caiam, mas, sim, para sentar-se e servir-se como convivas do repasto comum.
Há mais de 40 anos, os ricos quiseram congelar o desenvolvimento econômico, com o Clube de Roma. Como pretendiam deixar as coisas como estavam então – e isso contrariava também os interesses do capitalismo – a proposta não foi adiante. O discurso retorna agora, em nome da preservação do ambiente (o nosso, do Hemisfério Sul, é claro). Não há como fazê-lo. Aqueles que só agora começam a comer, não irão voltar para a sua fome. Se os ricos querem que o mundo consuma menos, terão, eles mesmos, de apertar os cintos. A História, como já sabiam os antigos, é astuta. Servidora da transcendência, ela dá rasteiras naqueles que a querem subjugar. Os Estados Unidos e a Europa dominaram os outros povos mediante a conquista bélica, os ardis econômicos e a difusão da cultura. Entre outras coisas, divulgaram os prazeres do conforto, que têm sido a cenoura do capitalismo. Agora são chamados a iniciar o caminho do retorno, da ficção à realidade.
Obama não será o salvador do mundo, nem mesmo dos Estados Unidos. A aceitação de sua candidatura pelo establishment já é nítido sinal de que o mundo se encontra maduro para retornar ao real, ou seja, às dimensões impostas pela natureza e exigidas para o singelo e milagroso ato de viver em relativa paz.
Fonte; JB Online
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