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quinta-feira, fevereiro 14, 2008

A pizza no forno

Por: Carlos chagas

BRASÍLIA - Caso faltassem provas de que o governo pretende reduzir a CPI dos Cartões Corporativos a uma simples brisa, evitando a tempestade, aí está a decisão imposta pelo Palácio do Planalto às lideranças oficiais: presidente e relator devem ser integrantes da base parlamentar governista. Tanto faz se um virá do PMDB e outro do PT, desde que sejam confiáveis e se mostrem dispostos a blindar os gastos do presidente Lula e de seus familiares com cartões corporativos.
A oposição estrilou, mas nem tanto quanto deveria, tendo em vista o acordo para estender ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso as mesmas garantias dadas ao sucessor.
Existem, porém, alguns obstáculos à transformação da CPI dos Cartões Corporativos numa imensa pizza de marmelada. Primeiro que o acordão não foi nem poderia ser celebrado por escrito. Ficou no gogó, coisa temerária em política. Depois, que o Supremo Tribunal Federal poderá decidir, em poucos dias, pela liberação absoluta de todos os gastos e despesas.
Um terceiro argumento é definitivo: mesmo detendo a maioria dos integrantes da CPI, dificilmente o governo evitará que muitos dos "fiéis companheiros" atuem conforme exige a opinião pública, ou melhor, a opinião publicada, que vem fazendo do escândalo dos cartões corporativos a peça de resistência em sua busca por maiores tiragens e melhor audiência. Ninguém investe impunemente contra a natureza das coisas, e ela indica, hoje, o rumo das denúncias integrais.
O deputado ou senador que se omitir, esquivar-se ou tentar amaciar os trabalhos será identificado junto ao eleitorado, não parecendo tão longe assim a data em que se candidatarão no mínimo à reeleição.
Em suma, apesar de o dono do campo e da bola parecer também o empregador do juiz e o árbitro das regras do jogo, é possível que a CPI desvende boa parte dos horrores praticados à sombra dos cartões corporativos. Sessões de botox pagas com recursos públicos poderão ser identificadas, menos pelo dinheiro despendido, mais pelo absurdo intrínseco, igual ou maior do que a aquisição de material de construção, jogos de camisas de futebol de salão, perfumes e cosméticos de toda ordem e sucedâneos.
A pergunta que se faz refere-se às conseqüências de uma devassa ampla nos meandros da transformação da coisa pública em "cosa nostra". Nada que abale o mandato do atual presidente da República ou leve seu antecessor ao banco dos réus, mas, com certeza, revelações capazes de abalar a credibilidade dos detentores do poder, atuais ou recentes. Traduzindo: as eleições presidenciais de 2010 poderão trazer desagradáveis surpresas para companheiros e para tucanos.
Confraternização com pingüins
Mal chegado do extremo norte do País, o presidente Lula seguirá no trajeto oposto, devendo a partir de amanhã viajar para Punta Arenas, no Chile, e no dia seguinte, de helicóptero, visitar a base naval brasileira no Pólo Sul. A gente se pergunta o porquê desse périplo digno de Indiana Jones e a resposta não envolve estratégias para tirar o escândalo dos cartões corporativos da primeira página dos jornais.
A viagem estava programada há meses. O que não dá para entender é como o presidente Lula não adiou aventura tão supérflua para dedicar-se à análise e ao enfrentamento da crise que assola o País. Deveria, com todo o respeito, estar-se reunindo com líderes, auxiliares, observadores e experts em relações do Legislativo com o Executivo, visando reduzir os efeitos da lambança feita com os cartões corporativos.
Audiência explosiva
Hoje, no Senado, haverá audiência pública para debater as obras já iniciadas do desvio das águas do Rio São Francisco. Estão convidados o bispo Dom Capio, aquele da greve de fome, o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, o deputado Ciro Gomes, o senador Eduardo Suplicy e outros.
Vai sair faísca, a menos que o prelado reflua e admita não reagir mais ao projeto em curso. Como as indicações são de que aumentará o diapasão de suas críticas, atribui-se ao ministro Geddel uma sugestão para os trabalhos que devem durar muitas horas: mandar servir suculentos sanduíches para os participantes e rezar para que os fotógrafos não poupem flagrantes do reverendíssimo mastigando presuntos e queijos de grife.
A permanente impunidade
Volta o senador Pedro Simon a bater na tecla que tem caracterizado sua atividade parlamentar: a impunidade. Para ele, se houvesse cartões de crédito corporativos nos tempos em que governou o Rio Grande do Sul ou foi ministro da Agricultura, sairia preso de seu gabinete o auxiliar capaz da ousadia de propor-lhe tamanho descalabro.
Suas previsões são de que, mesmo com todos os excessos apurados pela CPI, ninguém será punido por participar do escândalo. Tornaram-se tão maleáveis as instituições que regem o País a ponto de, em Porto Alegre, ele ter recebido dezenas de indagações a respeito de porque jamais utilizou cartões corporativos. Está passando por bobo...
Fonte: Tribuna da Imprensa

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