Fernando Exman BRASÍLIA
Enquanto mais cinco Estados convocavam a população para se vacinar contra a febre amarela e centenas de pessoas enfrentavam filas em postos de imunização, o governo tentava tranqüilizar a sociedade. O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, descartou ontem o risco de difusão da doença. Anunciou também que a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) colocará à disposição 2 milhões de doses da vacina a partir de hoje. No ano passado, 11,73 milhões de vacinas foram produzidas pela instituição.
- A situação está totalmente sob controle. Não há risco de epidemia. Temos vacinas suficientes - sublinhou o ministro. - O Brasil tem uma vacina eficaz contra a febre amarela, produz há mais de 70 anos e é o maior produtor mundial dessa vacina e tem um sistema de saúde organizado. Temos possibilidade total de atender a qualquer demanda que possa surgir.
Apesar da garantia dada por Temporão, faltaram ontem vacinas nos postos do Palácio do Planalto e do Ministério da Saúde. Já tinham mobilizado a população Goiás, Distrito Federal e Minas Gerais. Ontem, foi a vez de Tocantins, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Espírito Santo. Segundo o ministério, se confirmados os casos, as pessoas contagiadas teriam contraído a doença em regiões silvestres. Ou seja, foram a áreas de risco em florestas sem a proteção da vacina. Segundo o Ministério da Saúde, já estão imunizadas 90% das pessoas que vivem nas regiões de risco, como as regiões Norte, Centro-Oeste e os Estados do Maranhão e Minas Gerais.
- Não há necessidade nenhuma de vacinação em massa nesses Estados, porque não há nenhuma epidemia - destacou Temporão. - A hipótese de volta da epidemia urbana é remota.
O ministro ponderou que nem todos os brasileiros necessitam tomar a vacina. Temporão citou o exemplo das pessoas que moram em áreas livres da doença, como no Estado do Rio de Janeiro ou na capital paulista, e não viajarão aos locais onde existe a incidência da febre amarela silvestre. Destacou ainda que as pessoas que tomaram a vacina há menos de 10 anos não precisam de uma nova dose por enquanto.
- A gente não precisa economizar vacinas. Essa é uma orientação técnica. Seria desperdício de recursos.
Desde 1942 não há registro de casos urbanos de febre amarela no país. Levantamento do Ministério da Saúde mostra que 161 pessoas morreram no Brasil por causa da febre amarela desde 1996. No ano passado, foram cinco óbitos, três a mais do que no ano anterior. Em 2005, a doença causou a morte de três pessoas, o mesmo número verificado em 2004. Nesse período, o ano em que febre amarela mais matou foi 2000, quando 40 pessoas morreram. Em 2003, 23 pessoas morreram.
- Às vezes se passa ao cidadão comum que está acontecendo uma coisa nova, o que não é verdadeiro. Desde 2003 há redução de casos e óbitos - disse o ministro.
Para o ministro, o governo agiu da maneira certa. Seguindo os regulamentos internacionais, argumentou, o país isolou as áreas onde macacos morreram por causa da doença e realizou um programa de vacinação preventiva nas localidades em que a doença se manifestou. Em meio às discussões de corte de despesas devido à extinção da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), Temporão ressaltou também que não faltarão verbas para o combate à febre amarela.
- O governo não vai mudar em nada a estratégia de controle, pois não há possibilidade de a doença ser urbana. Todas as medidas foram tomadas a tempo.
O governo decidiu não criar barreiras nas estradas para vacinar as pessoas que estiverem viajando para as áreas críticas. Segundo o secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Gerson Penna, seria impossível bloquear todas os acessos aos municípios selecionados. Além disso, os postos de saúde ficariam desguarnecidos e não adiantaria nada, pois a vacina só faz efeito depois de 10 dias.
Fonte: JB Online
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