Por:LUIZ FRANCISCOda Agência Folha, em Salbador
O publicitário Duda Mendonça disse ontem, durante palestra em Salvador, que está "com muita coisa entalada na garganta" e que no momento certo irá falar tudo. Indiciado pela Polícia Federal sob a acusação de crime contra o sistema financeiro e evasão de divisas, Duda considerou normal o pedido de indiciamento feito pelo relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). O marqueteiro criticou, porém sem citar nomes, alguns parlamentares integrantes da CPI."Fui acusado de muita bobagem e besteira na CPI. Só batiam em mim e eu parecia um pateta porque não podia falar para não ser preso. Conheço todos eles e, no momento certo, vou abrir a boca e dar a resposta, porque não temo nada." Depois de ir por duas vezes à CPI, é a primeira vez que Duda fala em público.Ontem, ao chegar à Ucsal (Universidade Católica de Salvador), onde fez palestras para alunos de pós-graduação do curso de marketing político, o publicitário afirmou que não fará mais campanhas políticas no país, mas deixou aberta a possibilidade de trabalhar no exterior.Disse também ao chegar à universidade e reafirmou durante a palestra que o seu maior erro foi "dizer toda a verdade" no primeiro depoimento prestado à CPI."Eu não sei até que ponto vale a pena dizer a verdade nestes casos. Vasculharam a minha vida, quebraram o meu sigilo, violaram tudo e não encontraram nada. Eu sou um dos poucos que falaram a verdade e fizeram esse carnaval em cima de mim."Demonstrando mágoa com os momentos em que foi interrogado pelos parlamentares, Duda disse que parecia que estava em um "corredor polonês, tomando porrada de todos os lados".Voto em Lula"Vou votar no Lula. Vou torcer para o Lula ser reeleito", disse o publicitário, ao responder qual seria o seu candidato nestas eleições. Duda previu uma guerra entre PT e PSDB. "Vamos presenciar uma das maiores guerras de nossa história. Existe um partido que tomou o poder e outro que está louco para recuperar."Duda Mendonça também disse que José Serra, ex-prefeito de São Paulo, seria um adversário mais fácil para o presidente Lula na disputa pela Presidência. Ele acha que Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo, pode surpreender. "Alckmin é o novo. E deve se unir a outros nomes, como Garotinho [ex-governador do Rio, do PMDB], Paulo Souto [governador da Bahia, do PFL] e Aécio Neves [governador de MG, do PSDB]", apontou Duda.Sobre o fato de o ex-governador paulista não ser nacionalmente conhecido, avaliou: "Não é conhecido. Mas conhecimento na TV se faz rapidinho". Na sua opinião, porém, o governo Alckmin "tem um monte de falhas".Para o marqueteiro, ainda respondendo aos questionamentos dos estudantes, Alckmin também teria o apoio de Serra, "que não teve desgaste como prefeito". Depois, comparou a administração do tucano com a de sua antecessora, a petista Marta Suplicy. "Marta fez um bom governo, mas foi muito ruim na saúde."Ainda se referindo ao ex-prefeito paulistano, que anunciou a pré-candidatura ao governo do Estado, Duda afirmou: "Serra diz que foi o melhor ministro da Saúde. Não foi. Mas ele falou tanto na campanha [a prefeito] que as pessoas acreditaram".Apesar de declarar que não fará mais campanhas eleitorais no país, sugeriu uma estratégia de campanha para o presidente Lula. "Não deve bater [nos adversários], e sim explorar o que fez para o povão. O povo vota em quem fez coisas para ele."Na opinião de Duda, "se porradaria [sic] funcionasse, Lula não estaria em primeiro lugar [em algumas pesquisas eleitorais]". A palestra de Duda começou às 19h45 e durou cerca de 2 horas e 30 minutos.Aproximadamente 150 pessoas, entre alunos, convidados e professores, participaram da palestra, que foi acompanhada pela imprensa. Aos jornalistas presentes, chegou a fazer um apelo: "Espero que a imprensa, que já me deu tanta porrada, não distorça as minhas palavras. Não pegue frases fora do contexto".Durante a palestra, no hall de entrada do auditório, enquanto Duda falava, alguns alunos colocaram um cartaz com os dizeres: "Caixa 2 e lavagem de dinheiro: procurar o sr. Duda Mendonça". A peça foi rapidamente tirada pela organização do evento.
Fonte: Folha Online
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