Pelo menos 13 capitais, além da paulista, devem ter confronto entre PSDB e DEM. Aliança oposicionista só deve se repetir em oito cidades
Erich Decat
A menos de 20 dias do início das convenções partidárias – que começam no dia 10 de junho e definirão as coligações e os candidatos que disputarão as próximas eleições municipais –, o quadro de alianças ainda não está fechado na maioria das capitais brasileiras.Levantamento feito pelo Congresso em Foco mostra, no entanto, que a principal aliança de oposição (PSDB e DEM) ao governo Lula no Congresso Nacional não deverá se consolidar no primeiro turno em pelo menos 14 capitais. O presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), atribui a falta de sintonia entre os dois partidos às particularidades políticas de cada região. “Cada município tem uma realidade”, se limitou a constatar Guerra.Já o presidente nacional do DEM, o deputado Rodrigo Maia (RJ), se espantou diante do número de capitais em que o partido irá se coligar com os tucanos. “Oito? Temos isso tudo?”, brincou. Dentre essas oito, constam também capitais onde os dois partidos irão se coligar para defender a candidatura de uma terceira legenda. É o caso de Manaus, onde o ex-governador Amazonino Mendes (PTB) busca uma ampla aliança para tentar derrotar o atual prefeito, Serafim Corrêa (PSB). Em outras quatro capitais (Belém, João Pessoa, Porto Velho e Aracaju), o cenário de aliança entre os dois partidos ainda está completamente indefinido.
Dormindo com o inimigo
Apesar do tom irônico, Rodrigo Maia disse que hoje não tem mais o sentimento de estar “dormindo com o inimigo”, como havia dito há dois meses. Na época, o deputado criticava a decisão do diretório tucano do Rio de apoiar a candidatura de Fernando Gabeira (PV-RJ), em detrimento da deputada Solange Amaral (DEM-RJ), pré-candidata do partido à sucessão de seu pai, o prefeito César Maia.
“Acredito que as coisas estão mudando com o atual presidente do PSDB, Sérgio Guerra. A nossa relação tem sido muito positiva”, ressaltou o deputado ao Congresso em Foco.
Clique nos links abaixo para ver como se desenha a disputa nas capitais dos 26 estados brasileiros:
As eleições municipais no Centro-Oeste
As eleições municipais no Nordeste
As eleições municipais no NorteAs eleições municipais no SudesteAs eleições municipais no Sul
Divórcio anunciado
Os registros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que a falta de acordo entre tucanos e democratas nas principais cidades do país não é um fato novo. Nas últimas eleições municipais, em 2004, por exemplo, o PSDB e o então PFL marcharam juntos em 11 das 26 capitais. Ao contrário do ocorrido há quatro anos, desta vez, candidatos dos dois partidos se enfrentarão no maior colégio eleitoral do país, a capital paulista. “A situação de São Paulo não é a ideal, não é boa para ninguém”, ressaltou Rodrigo Maia ao comentar a disputa entre o atual prefeito Gilberto Kassab (DEM) e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB). Eleito vice-prefeito em 2004, Kassab assumiu a prefeitura em março de 2006, quando José Serra (PSDB) renunciou ao mandato para concorrer, com sucesso, ao governo do estado. Para esquentar ainda mais a atual disputa pela prefeitura paulistana, a ministra do Turismo, Marta Suplicy (PT), deve confirmar sua candidatura até o dia 4 de julho, prazo para desincompatibilização dos ministros de Estado que queiram disputar as eleições de outubro.
Rodrigo Maia afirma, no entanto, que o cenário de disputa entre PSDB e DEM em São Paulo não irá se repetir num eventual segundo turno caso um deles fique fora da disputa. “Se Alckmin passar com a Marta, lógico que vamos apoiá-lo”, assegurou, acrescentando que espera comportamento recíproco dos “alckmistas” se houver um confronto entre Kassab e a petista. “Não tenho dúvida de que, nessa condição, o Alckmin irá apoiar nosso candidato”, disse.
Segundo ele, logo após a divulgação dos resultados das eleições municipais, caciques dos dois partidos irão se reunir para definir que caminho as legendas tomarão tendo em vista as eleições de 2010.
Caminho de volta
Os palanques municipais também poderão servir de vitrine para muitos candidatos que desejam voltar ao cenário político nacional. Um exemplo disso é a possível candidatura à prefeitura da capital alagoana da ex-senadora Heloísa Helena (Psol). O lançamento do nome de Heloísa contra o atual prefeito de Maceió, Cícero Almeida (PP), tem apoio até mesmo de parte dos pedetistas, que ainda estão em cima do muro quanto à candidatura do ex-governador Ronaldo Lessa (PDT).
Outra figura conhecida que também pode retornar à vida pública é o ex-senador José Capiberibe (PSB), que deve se candidatar à prefeitura de Macapá. Ele teve o mandato cassado em 2005 após ser acusado de compra de voto nas eleições de 2004. Outro ex-parlamentar cassado e que deve disputar as próximas eleições é o ex-vereador David Chiquilito (PCdoB), de Porto Velho. Chiquilito está na lista composta por mais de 300 vereadores que foram cassados este ano pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por infidelidade partidária.
Além de envolver personagens que fizeram carreira na política nacional ao longo dos últimos anos, a próxima eleição também é cobiçada por novos nomes. Como é o caso de Gleisi Hoffman, mulher do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.
A primeira eleição disputada por Hoffman foi em 2006, quando perdeu a única vaga então em disputa no Senado para o senador reeleito Alvaro Dias (PSDB-PR). Em Curitiba, ela é a aposta do PT para disputar as eleições contra o atual prefeito, Beto Richa (PSDB).
Petistas em ação
O partido do presidente Lula pretende lançar candidatura em 21 das 26 capitais brasileiras que irão às urnas em outubro. O PT só não deve ser cabeça de chapa em cinco delas: Belo Horizonte, Boa Vista, Goiânia, João Pessoa e São Luís, onde deve indicar os respectivos vices.
A situação mais inusitada se dá em Minas. Na capital mineira, o diretório local desafia a Executiva Nacional do partido e ameaça ir à Justiça para levar adiante a coligação com o PSB, de Márcio Lacerda, e o PSDB, do governador Aécio Neves. Lacerda é secretário estadual do tucano e nome da preferência do prefeito petista, Fernando Pimentel.
Outros dois candidatos do PSB devem ter o apoio do PT. Um deles é Iradilson Sampaio, prefeito de Boa Vista, e o outro é Ricardo Coutinho, que pretende concorrer à reeleição em João Pessoa. Os petistas também deve indicar o vice em Goiânia, onde Iris Rezende (PMDB) tentará um novo mandato. Em São Luís, o preferido do partido não é o prefeito Carlos Tadeu Palácio, do também aliado PDT, mas o deputado federal Flávio Dino (PCdoB-MA).
Fonte: congressoemfoco
ss
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