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quinta-feira, maio 22, 2008

A IGREJA EM JEREMOABO.



A Igreja católica foi marcante na formação dos povos. Tendo como seu centro a Europa, exatamente em Roma, no estado do Vaticano, se expandiu especialmente na época do mercantilismo, a partir da colonização dos países da América e da África. Na descoberta do Brasil pelos colonizadores portugueses, a Igreja fincou o seu pé entre nós, contribuindo para a nossa formação sócio-cultural, especialmente na área da Educação.

Em Jeremoabo não foi diferente. Em nossa história recente e ainda um pouco recente, tivemos o Pe. Magalhães, português de origem, que teve um papel marcante na formação da juventude. Todos de minha geração lembram dele, especialmente no catequismo dos domingos.

Depois do Monsenhor Magalhães, por décadas, a nossa Igreja foi dirigida pelo Monsenhor Francisco, hoje padecendo dos males da velhice. Marcou também muito profundamente Jeremoabo. Com o Monsenhor, eu, Tita, Rui, Luda e outros, estivemos como coroinha.

Dele, conto uma estória. No início de minha juventude, freqüentando o Colégio São João Batista, hoje Colégio Municipal São João Batista, do qual fui um dos alunos fundadores, comecei a fumar cigarros. Na época era moda. Como meu pai, João Montalvão que nunca fumara e odiava cigarros, me mantinha com rédeas curtas no dinheiro. Naquela época, década de 1960, não havia mesada. Sem dinheiro, depois do jantar ia eu, Tita meu irmão, Luda e quando de férias, os primos Avelar, Walter e outros que aparecessem, fazia uma visita quase diária e sempre depois do jantar ao Monsenhor. A visita diária escondia os fins, fumar. Monsenhor Francisco fumante inveterado nos oferecia cigarros, Minister. Moral da história. Cada rodada ia embora uma carteira de cigarros.

Vamos ao que interessa. Jeremoabo sempre foi uma sociedade fechada e era tão fechada que Escola de 1º Grau existia apenas uma na cidade, o Grupo Escolar Duque de Caxias, hoje Escolas Reunidas Cel. João Sá. Escola para a elite, para alguns poucos. Na política, a história era a mesma. O controle era exercido pelo Cel. João Sá, primo carnal de meu avô, Manoel Martins de Sá, primeiro Prefeito da cidade (não era coronel).

Como Jeremoabo tinha uma sociedade fechada e altamente conservadora, a Igreja católica também era fechada, conservadora e assim se manteve até agora. Monsenhor Francisco era avesso aos fogos de São João. Com o passar dos tempos, em face da expansão dos meios de comunicação e o avanço das Igrejas Pentecostais, a Igreja Católica perdeu fieis, se encolheu, olhando para o próprio umbigo, sem capacidade de enxergar que a caravana do tempo passava. Era uma Igreja muito distante da Igreja de Dom Helder Câmara e outros mais.

Exceto alguns avanços, como a criação dos Vicentinos e o trabalho de algumas freiras, a Igreja não se voltava para o povo, pagando um alto preço. Ainda com monsenhor Francisco e depois dele, entrava Padre e saia Padre e nada mudava. Felizmente a Igreja mudou e mudou para melhor. Chegou o Pe. Ramos. Um bom pregador e pessoa espetacular. O conheci por intermédio do meu colega Dr. Luiz Netos, neto da Pisante.

Pe. Ramos é um tanto temperamental pela sua própria maneira de ser. Não sabe ficar parado. Não se alheia aos fatos e tem uma opção ímpar pelos pobres. Também tem isso, pela sua própria independência, tem uma língua apimentada, não poupa ninguém. Os políticos locais que o digam. Se entender que está havendo omissão por parte de quem quer que seja, nos sermões dos domingos, o cancão pia.

Ramos na se resguardou em ficar no altar esperando fiéis. Foi para as ruas, ao encontro do povo. Na missa de Natal, da passagem de ano e na 4ª feira de cinzas, retirou a missa da parte interna e colocou na parte externa, em missa campal. A praça ficou lotada. Bom sinal dos tempos. Recuperou, ainda que parcialmente, a Igreja Matriz e partiu para um projeto ousado, construir ou refomar para alcançar um 36 Templos (Igrejas ou Capelas com capacidade para reunir pessoas) em todo Município.

Dir-se-á que a Igreja de Jeremoabo agora tem seu próprio rumo e identidade, desapegada do Poder e altamente solidária. Porquanto tenha causado impacto para alguns suas primeiras medidas, carreou em razão delas muito mais pessoas para a Igreja. O que Ramos tem de muito positivo, é o sentimento de solidariedade. A família que tenha ele perto de si não se sentirá só.

Como as novenas de São João se aproximam, é tempo de lembrar que a pintura da Igreja Matriz ainda pende de ultimação na parte superior. Por outro lado, como a Igreja se abriu e sua opção, embora aberta a todos, é pelos pobres, é muito importante manter os serviços prestados. O dízimo, uma pequena parcela mensal de dinheiro, seja qual for o valor, será importante para dar sustentação ao trabalho de Ramos. Enfim, no Jeremoabo de todas as mazelas, o que mais se precisa é de fé.

Em tempo. Em fevereiro me obriguei no dízimo, me reservo ao valor. Não é que me atrasei pagamento e eu acho que Deus já me puniu. Na próxima viagem a Jere irei procurar Ramos e saldar com minha obrigação de pagar.

Paulo Afonso, 21 do mês de Maria de 2008.

Fernando Montalvão.
www.montalvao.adv.br

MONTALVÃO. Fernando. A IGREJA EM JEREMOABO. Montalvão Advogados Associados. Paulo Afonso-BA, 21 de maio de 2008. Disponível em: http://www.montalvao.adv.br/plexus/artigos_temas_gerais.asp

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