da Folha Online
A Assembléia Legislativa do Rio deve decidir nesta sexta-feira (30) sobre o futuro do deputado estadual e ex-chefe da Polícia Civil Álvaro Lins (PMDB) na Casa. Ele foi preso nesta quinta em flagrante pela Polícia Federal. Documentos encontrados comprovariam o envolvimento de Lins em um suposto esquema de ajuda a criminosos.
Pela lei, o deputado tem imunidade e pode ser preso somente em flagrante, o que foi configurado. A legislação também determina que, uma vez preso, é a Casa que vai decidir se ele permanece na cadeia.
O TRF (Tribunal Regional Federal) da 2ª Região decretou a prisão de dez pessoas, e o Ministério Público Federal denunciou 16, incluindo o ex-governador do Rio, Anthony Garotinho (PMDB).
Para a PF e a Procuradoria, Lins e Garotinho mantiveram um esquema com policiais corruptos que protegia os contraventores Rogério Andrade e Fernando Iggnácio na guerra pelo controle de caça-níqueis no Rio. Segundo a PF, o grupo utilizava delegacias estratégicas, principalmente a de Proteção ao Meio Ambiente, para as ações.
Além de Lins, foram presos o ex-sogro dele, o vereador de Barra Mansa (RJ) Francis Bullos; a ex-mulher dele, Luciana Gouveia dos Santos; um homem chamado Marcílio Freitas; e os policiais Alcides Campos Sodré Ferreira, Mário Franklin Leite Mustrange de Carvalho, Fábio Menezes de Leão e Jorge Luiz Fernandes.
Até as 22h, não havia confirmação se já haviam sido presos o também ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Ricardo Hallack, e os policiais civis Helio Machado da Conceição e Luiz Carlos dos Santos.
Destino
Nesta quinta, os deputados se reuniram, mas não tomaram nenhuma decisão sobre o destino de Lins porque ainda precisam receber o auto de prisão em flagrante nem o inquérito da PF, que culminaram na operação Segurança Pública S/A e na prisão do deputado. A PF deve entregar os documentos nesta sexta-feira.
Quando os documentos forem recebidos pelos deputados, a Mesa Diretora avaliará se a prisão é legal ou não. Se seus membros identificarem indícios fortes de crimes e concordarem com a prisão, a conclusão é comunicada às autoridades e Lins permanecerá preso.
No caso de a mesa julgar prisão ilegal, o processo continua na Assembléia e é enviado pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), que elabora o projeto de um decreto para ser votado por todos os deputados. Se o decreto passar, Lins é solto.
A Assembléia do Rio tem 70 deputados, 17 deles do PMDB, que tem a maior bancada. Na CCJ, a presidência e outras três das sete cadeiras estão na mão do partido.
Corrupção
De acordo com a PF e o Ministério Público Federal, para lavar o dinheiro supostamente recebido dos contraventores, Lins adquiria bens em nome de familiares e conhecidos --daí a prisão do ex-sogro e da ex-mulher dele. Os bens de Lins supostamente adquiridos de maneira ilegal, foram seqüestrados.
Os trabalhos de hoje, segundo a PF, são desdobramentos das operações Gladiador e Hurricane e da quebra do sigilo fiscal de Lins. O nome da operação, Segurança Pública S/A, vem do fato de o esquema investigado funcionar dentro da estrutura das forças de segurança pública do Estado do Rio.
Lins foi chefe da Polícia Civil do Rio durante os governos de Garotinho e da mulher, Rosinha. Ele foi denunciado (acusado formalmente) pelos crimes de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha armada, corrupção passiva e facilitação de contrabando e Garotinho, por formação de quadrilha armada.
Outro lado
Por telefone, a reportagem tentou entrar em contato com os assessores de imprensa de Lins e de Garotinho, sem sucesso; e entrou em contato com o advogado de Lins, Sergio Mazzillo, mas foi informada pela secretária de que ele estava em reunião e não podia atender.
Garotinho se defendeu em seu blog: "Os leitores do blog já devem ter tomado conhecimento das notícias divulgadas pela mídia esta manhã. Quero dizer-lhes, que até agora oficialmente não fui comunicado de nada. Permaneço na minha casa, ao lado da minha família, porque tenho minha consciência tranqüila e nada tenho a temer. Tão logo, receba alguma informação oficial, irei me pronunciar no blog, para que tudo fique esclarecido. Aguardem.
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