O governador Jaques Wagner fez um forte discurso ontem durante o ato de posse de Jonas Paulo para o comando do diretório estadual, e da vereadora Vânia Galvão, para o comando do diretório de Salvador. Num discurso de fora para dentro, Wagner deu vários recados à militância petista, e num discurso de dentro para fora, mandou outros recados para a oposição e até para integrantes dos partidos aliados. “O discurso foi um recado ao ministro Geddel Vieira Lima?” indagou alguém ao secretário Robson Almeida. “Não, o recado foi para o pessoal da oposição”, corrigiu o secretário. O governador fez um relato da sua eleição, relembrou episódios da eleição do presidente Lula e da sua passagem pelo ministério. Tudo para advertir à militância de que a vitória foi possível por causa das alianças que foram feitas. “A vitória não é minha e não é do PT. Ela é de toda a coligação. Nós não fomos eleitos para repetir o modelo que o povo da Bahia derrotou”, advertiu Wagner, num recado para os que vêm criticando o governo, especialmente ao secretário Rui Costa, a quem fez questão de elogiar. “Nós não podemos sofrer mais como sofremos em 2005. Nós temos que construir hegemonias internas para construirmos hegemonias externas”, continuou o governador, fazendo uma espécie de lavagem de roupa suja numa referência ao processo do PED. “Se este partido quer continuar liderando esta coligação, nós precisamos botar para fora a intolerância. A diversidade é a nossa riqueza”, continuou o seu entusiasmado discurso. Neste instante o governador foi interrompido com aplausos dos militantes, que lotaram o salão do Fiesta Hotel, no Itaigara. “Mas reconheço a verdade. Fazer democracia num país que não está acostumado com ela é difícil”, advertiu. “Temos que aprender a ter prazos. Estamos atrasados na agenda política. É preciso entender o que a militância quer saber e o que quer este partido” . Num recado para os partidos aliados, ali representados pela deputada federal Lídice da Mata (PSB), a vereadora Olívia Santana (PCdoB), o presidente Lúcio Vieira Lima (PMDB) e Antônio Mota (PPS), o governador continuou atraindo a atenção de todos. “O melhor do Brasil não é resistir à crise que ataca a maior economia mundial. O melhor do Brasil é ler os indicadores sociais”, disse. “A agenda de 2010 não está na minha cabeça. A minha agenda é fazer deste Estado uma revolução social como é o Brasil. Não temos que ficar olhando ou achando que o prato está pronto”, declarou Wagner, num recado direto às declarações precipitadas sobre as eleições de 2008 e as conjunturas que já estão sendo projetadas para 2010. Wagner falou ainda da importância de contar com 14 partidos aliados, “bem diferente dos tempos do contra ou a favor”, disse. Sobre o processo de discussão para as eleições deste ano ele também deu o seu recado. “Faremos as ações necessárias, respeitando os partidos aliados, sem perder o eixo do nosso projeto”, disse, o que pode ser entendido como uma crítica às declarações do ministro Geddel Vieira Lima em ameaçar fazer aliança com os democratas caso o PT não apóie a reeleição de João Henrique. (Por Evandro Matos)
Candidatura para prefeito
O discurso de posse de Jonas Paulo no comando do diretório estadual do PT sinalizou que o partido poderá mesmo discutir a construção de uma candidatura própria à prefeitura de Salvador. Jonas fez questão de mostrar a unidade do partido com elogios ao seu principal concorrente no PED extraordinário, Marcelino Galo, abraçando-o no final do seu discurso. “O PED tem muito mais virtudes do que defeitos”, elogiou. Sem vacilar, ele foi direto em relação às eleições municipais, dizendo que a base aliada precisa vencer. “Nós temos que pactuar sobre a tática definida pelo diretório nacional para disputar as eleições da Bahia. Não podemos, em nenhuma hipótese, no dia 6 de outubro, apostar num resultado eleitoral que não seja a vitória”, disse, encerrando o discurso e agradecendo à militância. Já a vereadora Vânia Galvão, que assumiu o comando do diretório de Salvador, fez um discurso mais politizado, conclamando também a unidade. “È preciso pensar o partido a partir de uma visão ampla de suas demandas e desafios e não somente a lógica dos grupos e tendências”, advertiu. Galvão disse que vai aproximar o partido dos movimentos sociais e manter um diálogo com a sociedade. “Por sermos governo no plano federal e estadual não podemos deixar de ser uma alternativa neste processo sucessório, tendo entendimento, para ganhar as eleições em Salvador”, finalizou, jogando o partido para a disputa. O deputado Nelson Pelegrino, pré-candidato do partido, acompanhava atentamente os discursos dos novos dirigentes petistas ao lado do secretário estadual Luiz Alberto, outro postulante à vaga. Antes mesmo de a festa começar, Pelegrino disse que “há uma vontade do PT para apresentar um nome na sucessão de Salvador. Agora com a definição do PED, formou-se um ambiente favorável para traçar uma tática para a discussão eleitoral”, disse. Presente à festa, o presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, disse que “tudo que pudermos fazer para ajudar, faremos. Não vamos dar opinião pública para não prejudicar a situação local”. Atento aos discursos, o presidente do PMDB, Lúcio Vieira Lima, mostrou-se otimista sobre um entendimento do seu partido com o PT na eleição de Salvador. “Agora as coisas facilitaram porque tem um interlocutor para conversar”, disse referindo-se aos novos dirigentes petistas. Sobre o discurso do governador Wagner, ele disse que ficou “satisfeito por nos unir para combater àqueles que foram responsáveis pelo caos social que se encontrava a Bahia”. Lúcio Lima não deixou de dar uma estocada no ex-prefeito Antônio Imbassahy, pré-candidato do PSDB e considerado da base governista. (Por Evandro Matos)
PDDU: entidades ingressam com ação civil pública
Às vésperas do aniversário da cidade, especialistas consideram que o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) de Salvador é um “presente de grego”. Entidades, que já ameaçavam agir desde a época da tramitação do projeto na Câmara Municipal (CMS), deram entrada numa ação civil pública contra a lei, aprovada a trancos e barrancos na CMS e sancionada sob protesto pelo prefeito João Henrique Carneiro (PMDB). Hoje, a partir das 9 horas, os membros das entidades representativas se encontram na sede da Associação Baiana de Imprensa e depois concedem entrevista coletiva para detalhar o trâmite do processo. A ação já tramita na 6ª Vara da Justiça Federal. Os autores do processo, subscrito por diversas entidades representativas baianas - a exemplo do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia da Bahia, Instituto dos Arquitetos do Brasil - seção Bahia, ABI, Grupo Ambientalista da Bahia , Federação das Associações de Bairros de Salvador e União Pró-Moradia Popular, pleiteiam pedido específico de liminar de antecipação de tutela. Para os autores, itens inconsistentes não faltariam para também questionar a legitimidade do PDDU na Justiça comum, mas foi a necessidade de celeridade que fez com que o grupo de representantes da sociedade civil optasse pelo andamento da ação no âmbito da Justiça Federal.
Só um sexto dos estudantes terá acesso à universidade
O ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou ontem que somente um sexto dos estudantes brasileiros no ensino médio deve chegar à universidade. Segundo ele, os alunos que não são inseridos no mercado de trabalho têm pouco interesse em permanecer na escola. “Um ano de escolaridade, no Brasil, pode significar um incremento de 15% na renda, o que é muito”, afirmou o ministro ao defender as medidas adotadas pelo governo para evitar a evasão. Ele ponderou ainda que, entre meninas de 15 a 17 anos que deixaram os estudos, um terço é de mães. Para Haddad, o ensino médio, atualmente, apesar de todas as fragilidades, “está organizado para fazer a diferença para o jovem de baixa renda”. “Quem cursa o ensino médio tem exercício da cidadania superior a quem não o faz.” O ministro participou ontem de sabatina da Folha, no Teatro Folha (São Paulo). Ele respondeu a perguntas da platéia e de quatro jornalistas da Folha: a secretária de Redação Suzana Singer, o colunista Gilberto Dimenstein e os repórteres Antônio Gois (sucursal do Rio) e Vera Magalhães (“Painel”). Haddad, 45, filiado ao PT desde 1983, é ministro da Educação desde julho de 2005.
Fonte: Tribuna da Bahia
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