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segunda-feira, março 24, 2008

PT quer proibir alianças com oposição

Berzoini diz que PT não pode tratar burocraticamente a dinâmica dos municípios
BRASÍLIA - Depois de muita polêmica, a cúpula do PT vai proibir casamentos de papel passado com o PSDB, DEM e PPS nas eleições municipais de outubro, mas deverá encontrar uma brecha para salvar a aliança com o governador tucano de Minas, Aécio Neves, em Belo Horizonte. Na reunião do Diretório Nacional marcada para hoje, o antigo Campo Majoritário proporá que o PT dê apenas orientação geral à formação das coligações - prioritariamente com os partidos que integram a base de apoio do governo Lula -, despachando casos considerados espinhosos às seções municipais.
A proposta passou pelo crivo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, apesar de dividir o partido, tende a ser aprovada. Além disso, o grupo de Lula vai sugerir que o PSOL da ex-senadora Heloísa Helena, expulsa do PT em 2003, seja incluído na lista dos adversários. Se a resolução for aprovada, os petistas não poderão fazer parcerias com o PSOL às prefeituras.
Na tentativa de desligar o acordo de Belo Horizonte da tomada de 2010, quando será escolhido o sucessor de Lula, dirigentes do PT fazem de tudo para maquiar a aliança com os tucanos. Usam até o argumento de que a coligação será com o PSB. O detalhe é que o candidato indicado para concorrer à prefeitura da capital mineira é Márcio Lacerda, secretário de Desenvolvimento Econômico do governo Aécio.
"Não podemos fazer ligação automática com 2010 nem desconhecer que existe uma relação entre as coisas. Só que essa ligação não tem o peso que alguns gostariam", afirmou o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP). Pelas suas contas, o PT e o PSDB estão juntos na administração de 70 cidades em todo o País, como é o caso de Camaçari e Barreiras, na Bahia. "O PT não pode tratar burocraticamente a dinâmica dos municípios, mesmo quando as disputas têm incidência na política nacional", disse Berzoini.
Petistas que torcem o nariz para a aliança, porém, carimbam Lacerda como "laranja", usado para camuflar a aproximação com os tucanos em Minas. Lembram, ainda, que o secretário é ligado ao deputado Ciro Gomes (PSB-CE), outro presidenciável. Defensores do casamento mineiro alegam que é incoerente ignorar o PSDB e propor apoio ao ex-governador Orestes Quércia para sua campanha ao Senado, em 2010, em troca do aval do PMDB à candidatura de Marta Suplicy à Prefeitura de São Paulo.
O acordo tácito fechado entre Aécio, que não esconde a intenção de concorrer ao Planalto, e o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), também passa pelo Palácio da Liberdade. Da mesma forma que Aécio se movimenta para enfrentar o governador de São Paulo, José Serra, pela vaga de candidato do PSDB à Presidência, em 2010, Pimentel se prepara para o duelo com o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias. Os dois miram o governo mineiro e querem pavimentar o caminho até lá.
Fonte: Tribuna da Imprensa

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