Por: Carlos Chagas
BRASÍLIA - Referindo-se a ministros de seu governo que informam errado a respeito do início e da conclusão das obras do PAC, declarou o Lula na semana passada: "Qualquer um pode passar por mentiroso, menos o presidente da República". Queixava-se de que ministros sugeriam visitas a obras que, logo depois, verificava-se nem haver começado, obrigando a mudanças em sua agenda já anunciada.
A conclusão é de que ministros mentem ao presidente, ou, pior ainda, mostram-se tão incompetentes a ponto de não saberem o que se passa em seus setores de atuação.
Qual a saída? Em qualquer lugar onde prevalecem a disciplina e a hierarquia, seria a demissão dos indigitados pinóquios, ou dos frouxos, sem apelação. Um ou dois serviriam como exemplo para os demais. Porque se um comandante não comanda, a responsabilidade é dele.
O lamentável episódio do pito público do chefe do governo, passado em seus ministros, conduz a realidade mais grave: o ministério tem muito pouco a ver com o presidente da República. Existem ministros, é claro, presentes todos os dias ao gabinete do Lula. Os palacianos, de Dilma Roussef a Franklin Martins, os econômicos, como Guido Mantega e Paulo Bernardo.
Os demais, com raras exceções, são deixados ao léu. No bojo de alguma crise, são convocados, mas em tempos normais passam até seis meses sem despachar com o presidente. Uns tocam de ouvido, administram imaginando quais seriam as diretrizes do comandante. Mantêm contato freqüente com a chefe da Casa Civil e tocam projetos.
Outros, porém, preferem cruzar os braços, mantendo a rotina de chegar cedo aos gabinetes, despachar processos óbvios, ler os jornais, receber resumos do noticiário transmitido na véspera pela televisão e pelo rádio, e aguardar convocações que não acontecem.
Pode estar na origem desse desencontro o número excessivo de ministérios. Hoje são 38, logo chegarão a 40. Nos tempos modernos, faça-se justiça, quem tentou corrigir a situação foi Fernando Collor. Não deu certo, os reclamos dos partidos até contribuíram para o seu enfraquecimento, mesmo tendo, no meio de seu curto mandato, sido obrigado a voltar atrás e restabelecer o número de ministérios. Só que eram 25, naqueles idos.
Foi com o governo Lula, com a colaboração anterior de Fernando Henrique Cardoso, que aconteceu o milagre da multiplicação dos ministérios. Tanto para satisfazer os companheiros, ávidos de ocupar o poder, quanto para contemplar aliados. Existem ministros que o presidente jamais havia conhecido, antes da nomeação. Alguns até que, quando bissextamente o encontram, usam o tratamento de "Vossa Excelência", para valer.
O resultado aí está, mas, reconheça-se, não é privilégio do governo Lula: de um lado, o ministério; de outro, a Presidência da República e seus penduricalhos. Desde os generais-presidentes que se formaram quistos no palácio do Planalto. Eram os tais "ministros da Casa", "grupo das nove da manhã" ou que outro nome tenham merecido.
Amigos do peito, auxiliares de vasta eficiência ou até invejosos guindados à intimidade do chefe. Eles valiam muito mais do que os outros, relegados às salas de espera ou aguardando os despachos, primeiro semanais, depois quinzenais, para trocar meia palavra com o presidente e em seguida resolverem suas questões com os chefes das casas Civil ou Militar. A moda continuou nos governos democráticos e agora chegou ao limite, senão da irresponsabilidade, ao menos da desimportância. Talvez por isso o Lula tenha razão ao declarar-se desinformado e submetido a informações mentirosas.
Alegre diáspora
Pode ser que a partir de amanhã, ou depois, o Congresso consiga funcionar outra vez, depois de uma semana que, se não foi santa para a maioria dos deputados e senadores, tornou-se ao menos fluida e vaporosa. Tem parlamentares chegando de Cingapura, Malásia, Timor Leste e Indonésia. De Paris e Nova York, nem se fala. A maioria, porém, permaneceu apenas longe de Brasília. Em suas bases, especialmente em estados litorâneos, curtindo a praia.
Tudo porque na sexta-feira, tradicionalmente Santa, não haveria expediente. Como não há em nenhuma outra sexta-feira do ano. Aqui e ali, na Câmara e no Senado, reuniram-se algumas comissões, inclusive duas CPIs, mas a freqüência de seus integrantes revelou-se lamentável.
Não se lance a responsabilidade pela gazeta apenas sobre o ombro dos parlamentares. Os tribunais superiores fecharam suas portas desde quarta-feira. Nos ministérios, estabeleceu-se um sistema de rodízio de funcionários pela semana inteira. Sentimento religioso assim, nem no Vaticano.
Fonte: Tribuna da Imprensa
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