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quarta-feira, março 26, 2008

Arthur Virgilio, a bravura da contestação

Por: Helio Fernandes
O sacrifício da presidência, pela redenção das legendas
Meu caro amigo Helio Fernandes,Sou leitor assíduo, não poderia deixar de ter visto seu artigo na edição do dia 12 de março da "Tribuna da Imprensa", tanto mais porque trata de política no Amazonas. Não sei quais são suas fontes, que suponho idôneas. Faz sentido o que você escreveu. Não duvido que José Dirceu tivesse interesse em imiscuir-se na política amazonense. Talvez pudesse pôr em dúvida que por trás dele estivesse o presidente Lula.
O esquema por você publicado e que resultaria do "arranjo" de Dirceu pode parecer plausível, mas as coisas, em política, como você sabe, não são tão simples assim. Uma coisa é o desejo think, outra é a realidade. Estamos muito distantes do pleito. Há muita água a correr, muita nuvem a mudar de forma.
Não foi por achar que minha reeleição pudesse estar em risco que decidi incluir meu nome entre os pré-candidatos do PSDB à sucessão presidencial de 2010. Foi porque entendi ser chegado o momento de chacoalhar o Partido. Não é mais possível que quatro ou cinco "iluminados" - não importando se eu pudesse estar ou não entre eles - se reúnam num almoço ou num apartamento e lancem um nome. Quero mexer com as bases do Partido, levá-las a participar efetivamente da escolha. O nome escolhido - seja o meu ou não - sairá da vontade da militância e contará com o entusiasmo delas. Terá, assim, muito mais condições de vitória.
Agradeço, sempre, sua lucidez e seu afeto. O mais fraterno abraço de seu velho amigo e admiradorArthur Virgílio
***
É bom conversar com você, Virgílio, mesmo à distância. Tua correspondência é importante, por muitos motivos. Esclarece e comenta a nota que dei sobre a ida de José Dirceu ao Amazonas, teu estado, com tudo confirmado. Só dei notícias, senador, não podia esconder. E você reconhece que indo lá, Dirceu evidentemente tinha objetivos. Políticos e eleitorais. É mais do que evidente, que com anos de antecedência, os fatos estão sujeitos à confirmação do tempo, e este é implacável. Mas como eram verdadeiros e imediatos não podia esperar. No curto prazo, (a eleição municipal de outubro) tudo está acontecendo como Dirceu combinou e eu noticiei. Amazonino Mendes, candidato a prefeito, passou a disputar uma vaga de senador. E o prefeito, que disputará a reeeleição, logo, logo foi recebido pelo próprio presidente da República, não tem cacife para isso.
Deixando de lado a questão municipal ou estadual (que logicamente influem) o importante é a tua consideração corajosa, brava, desassombrada sobre o domínio e o autoritarismo das cúpulas partidárias, que "reunidas num apartamento ou num almoço, lançam um nome a presidente". (Textual.) Você fez muito bem em se lançar candidato a presidente, tem credenciais e competência, mas principalmente quando você diz que "quer CHACOALHAR" o partido". É isso, Virgílio, que há mais de 30 anos chamo de RENOVOLUÇÃO, para que não confundam com REVOLUÇÃO, sinônimo de guerra civil. (Estamos aí com o exemplo da campanha dos EUA, 2 partidos e 2 candidatos, movimentando o povo, se transformando em notícia no mundo inteiro.)
Até 1930, os partidos, perdão, o Partido único, o Republicano, se reunia no Clube dos Diários, (numa época em que os "diários" tinham importância) e lançavam o candidato já escolhido, aceito e eleito. Depois, duas ditaduras que roubaram 35 anos da vida democrática, (uma de 15, outra de 20) e não conseguimos encontrar o caminho da REDEMOCRATIZAÇÃO. A cúpula decide tudo, não há militância, debate, alternativa, opção. E embora o País esteja necessitando de muitas reformas, a mais urgente e relevante, é a política e eleitoral. A grande fragilidade de tudo é a falta de REPRESENTATIVIDADE da REPRESENTAÇÃO.
Por isso, tua decisão de CHACOALHAR os partidos, o teu e os outros, a se modificarem efetivamente, com as escolhas deixando de serem feitas nos subterrâneos ou porões das siglas que fingem de partidos, merece apoio e elogio entusiasmado. Ou modificamos a forma da indicação dos candidatos, de prefeitos e vereadores a presidente, governadores e senadores, ou continuaremos a participar(?) de uma farsa que não termina nunca. A hora é agora, você VIU muito bem, principalmente no ato e no fato.
O grande equívoco é o presidencialismo-pluripartidário, que obriga a essas compras e vendas de apoio parlamentar. O PLURIPARTIDARISMO só rima com PARLAMENTARISMO e não com PRESIDENCIALISMO. Nada vai mudar, mas qualquer esforço merece apoio entusiasmado. Que é o que estou fazendo, numa idade em que não preciso de VISIBILIDADE ou RECIPROCIDADE.
Mas não posso deixar de lembrar, Virgílio, dois exemplos de militância. Margareth Tatcher governou em 4 mandatos de 4 anos. Eleita para o quinto, se desmandou de tal maneira, que cumpriu menos de 2 anos, foi afastada pela própria legenda insatisfeita. O que se repetiu agora com Toni Blair. Ainda tinha mais 2 anos de mandato, foi "tirado" e substituído pelo ministro do exterior, que também não vem agradando.
PS - Sucesso, Virgílio, com o abraço fraterno e carinhoso. Sucesso na candidatura a presidente. E na luta para conseguir que as legendas não sejam de aluguel.
Amanhã
O sonho americano. O negro que gostaria de ser branco. O promotor que se prostituiu. O negro cego que se arrependeu da traição conjugal. E ficou feliz.
José Fogaça
Senador destacado, perdeu, decidiu refazer a carreira. Se elegeu prefeito, será reeeleito agora, governador em 2010.
Há meses e meses, dois processos "atropelam" o TCU. (Tribunal de Contas da União). Os dois relatados por Marcos Vilaça, que deixou a presidência da Academia. Tudo sobre os gastos fantásticos, exagerados e fortes indícios de SUPERFATURAMENTO, no Panamericano. (Maior do que isso só mesmo a "Cidade da Música".) Os dois processos estão em pauta, os acusados são poderosos e se julgavam acima do bem e do mal.
Inquietos e angustiados: o presidente da Caixa Econômica, o ex-ministro dos Esportes, o prefeito César Maia, o presidente do Comitê Olímpico, Carlos Nuzman, valores vultosos e assustadores. São dois processos, estão em pauta, mas falta tempo, é muita coisa.
Renan Calheiros tem ficado muito tempo em Alagoas. E nos 2 anos e meio que faltam para a eleição de 2010, a tendência é percorrer o estado, visitando as bases.
O ex-presidente do Congresso sabe que sua reeleição é dificílima. E quase impossível se Heloisa Helena for candidata ao Senado. Torce para que ela dispute novamente a presidência.
No Brasil estão acontecendo coisas inéditas. No Supremo, um ministro nomeado 3 dias antes de fazer 65 anos, idade fatal. Pois nesses três dias conseguiu tudo, no Executivo, Legislativo e Judiciário.
Agora é o Advogado Geral da União, José Antonio Toffoli, que faz campanha para ser ministro do Supremo. E nem vaga existe.
É bem verdade que Dona Ellen, que deixa a presidência no dia 23 de abril, não esconde o aborrecimento. Quer ir para o Tribunal da Haya, tem dois adversários fortes. Mas trabalha um outro cargo, no exterior.
Os Democratas acreditam que uma chapa juntando Obama e Hillary (não interessando quem esteja na cabeça), seria invencível. Completamente equivocados. Os dois juntos favoreceriam os republicanos.
Para os americanos, votar num negro, era hipótese inexistente. Da mesma forma referendar uma mulher. Com apenas um deles concorrendo, ficaria a opção de um vice "melhor". Não demora, "acordarão" para a realidade.
Paulo Maluf, (podem chamar de Lutfalla Maluf) foi preso, algemado desmoralizado. Veio a eleição, teve mais de 700 mil votos. Parou tudo.
Agora, quando conversa sobre a eleição de prefeito, os processos reaparecem. Podem usar toda e qualquer palavra-definição, será impublicável.
Não estou defendendo Maluf, mais do que evidente. Quero apenas que Meirelles do BC e Ricardo Teixeira da CBF, tenham o mesmo tratamento.
O homem do BC e o da CBF respondem a 6 processos, incluindo o de formação de quadrilha. Maluf pelo menos deste, está fora.
Meirelles comanda a economia, Teixeira uma parte do Judiciário. Nas suas viagens, um monte de juízes que estão com processos dele para julgar. E agora, governadores bajulam o corrupto da CBF por causa da Copa de 2014.
O presidente da Alerj, Jorge Picciani, fez anos ontem. Se estivessem bem, o governador daria um telefonema e pronto.
Como Sérgio Cabral está precisando dele para apoiar Eduardo Paes, organizou almoço para ele no Guanabara, um luxo só.
Uma hora, conversaram, Sérgio fez apelo a Picciani, "não podemos rachar o PMDB". Acontece que o PMDB não se resume aos dois, Anthony Mateus é muito forte. E há Eduardo Cunha. Picciani não disse nada, Sérgio, satisfeito.
O Globo publicou matéria sensacional sobre bastidores da política do Estado do Rio, quem é quem, até mesmo junto a bicheiros que estiveram presos perto do Carnaval.
O que faltou dizer.
1 - Quem autorizou a festa foi Marcio Derenne.
2 - Ele disse que recebeu ordem direta do governador.
3 - Nada surpreendente, foi o próprio Marcio que indicou Beltrame para secretário.
4 - Marcio é considerado muito moço, mas quem era e é ligadíssimo ao governador é ele.
5 - Para Marcio Derenne foi criada a subsecretaria, já extinta em governos anteriores.
6 - O resto, jornalisticamente perfeito e irrefutável.
O jovem deputado federal, (PV de Minas) José Fernando Aparecido de Oliveira, tem comprometido e pautado sua atuação em dois pontos.
1 - Cobertura total aos interesses e projetos da cultura.
2 - Defesa dos minérios, explorados vergonhosamente.
Tem projeto para pagamento aos estados e municípios de royalties sobre minérios, como faz a Petrobras. Esta paga uma fortuna, no Estado do Rio, municípios praticamente vivem disso.
A Comissão de Minas e Energia é normalmente ocupada pelo PP. José Fernando pediu ajuda ao presidente do PP, senador Dornelles, que colocou lá um deputado de Minas, como ele pediu.
Depois de constatar que Minas faturou apenas 61 milhões com minérios, inacreditável, pediu audiência aos governadores de Minas e do Pará, os estados que mais se beneficiarão com o projeto.
Seu bisavô tem um livro maravilhoso sobre a Itabira Iron, a principal "roubadora" das nossas riquezas, seguida pela Hanna Mining. Seu pai, no governo Magalhães Pinto, lutou e acabou por derrubar a Hanna. Agora José Fernando vai mais longe.
XXX
Amanhã, aniversário de Bernardo Cabral. Como haverá "engarrafamento" nos seus meios de comunicação, me adianto nos parabéns. Se não conseguir falar, fica o registro antecipado.
XXX
Há meses, o Palmeiras estava em posição constrangedora na tabela, seu treinador, Wanderley Luxemburgo disse na televisão: "Vamos subir logo, time dirigido por mim não fica fora". Subiu mesmo, praticamente garantido entre os quatro.
Não quero saber o que Luxemburgo faz depois dos treinos e jogos. Mas ele é, disparado o melhor técnico do Brasil. Incluindo todos os outros.
XXX
Já dei uma nota semana passada, o Nery completou ontem com mais detalhes. Se puder, hoje pela manhã irei ver e ouvir o general Santa Rosa e o general Durval de Andrade Nery falarem sobre a Amazônia. Pelo menos esses dois.
XXX
Jaques Wagner, governador da Bahia, está inquietando muita gente no PT-PT para 2010. Ninguém acreditava, ganhou do governador de ACM-Corleone, e com o "aceismo" em plena atividade. E ganhou no primeiro turno.
Fonte: Tribuna da Imprensa

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