Encontrei na internet uma interessante poesia, intitulada Questão de posição, que aborda, em dois momentos, a importância do trem, ou a falta dele, para o brasileiro. O autor, Marco Mello, diz, no início de sua poesia: "Nos trilhos eu sei/ O trem uai!/ Mas nesse país/ A ferrovia regride/ Que posição é essa que não anda/ Não vai?" Quase no final, ele completa: "Paro penso olho escuto/ O trem não vem/ O bonde não vem ...". Essa poesia não fala somente de trem, mas esses dois trechos deram-me um gancho para, mais uma vez, e de forma insistente, levantar a bandeira da ferrovia como solução para os problemas de transporte em nosso país, tanto de carga quanto de passageiros.
O preâmbulo acima foi tão somente para ratificar minha opinião de que apenas o transporte urbano sobre trilhos, em grande escala, poderá solucionar os terríveis problemas dos congestionamentos nas grandes cidades brasileiras. Mesmo sem trem, metrô ou bonde, as populações das metrópoles brasileiras precisam continuar sendo transportadas. O grande desafio é encontrar a melhor forma de transportar pessoas de forma rápida, confortável, econômica e segura, por meio de ônibus, vans e automóveis, em vias saturadas, impróprias e inseguras.
Na realidade, não existe uma solução definitiva para o trânsito de cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Porto Alegre e Salvador que não tenha como espinha dorsal um sistema metroferroviário abrangente e integrado. As soluções que aparecem por aí são apenas paliativas, que rapidamente tornam-se obsoletas e ineficazes.
Os principais problemas do trânsito em nossas grandes cidades são os mais diversos, tais como a incompetência na fiscalização, sinalização inexistente ou incorreta, falta de sincronismo dos semáforos, planejamento viário equivocado, punição benevolente e deseducação generalizada. Ao mesmo tempo, há o incentivo velado aos ônibus e vans, mesmo os piratas e não regulamentados, que, de modo desordenado, ocupam as vias urbanas, proporcionando o desumano espetáculo dos congestionamentos intermináveis das grandes cidades tupiniquins.
Apesar de todo esse quadro, os governantes poderiam adotar soluções competentes e corajosas, tais como: (a) aumento da segurança nas vias públicas, com operações tapa-buracos regulares, repintura da sinalização horizontal e reconstituição da sinalização vertical; (b) restrição ao estacionamento e parada nas vias principais; (c) organização das áreas de embarque e desembarque nas escolas; (d) construção de faixas segregadas exclusivas para ônibus; (e) tolerância zero para as infrações de trânsito; (f) campanhas permanentes de educação no trânsito; (g) adoção do pedágio urbano nas regiões centrais das grandes cidades, bem servidas por transporte público; (h) aumento no rigor das vistorias dos veículos; (i) instalação de sistemas semafóricos inteligentes; (j) instalação de câmeras de controles de tráfego e painéis de orientação em todas as principais vias; (k) restrição de cargas e descargas durante o horário comercial; (l) construção de mergulhões, viadutos e passarelas; (m) construção de grandes estacionamentos nos terminais de integração de transporte público; (n) construção de centros de distribuição de cargas fora do perímetro urbano; e (o) aumento da segurança no transporte público para incentivar seu uso.
Cabe lembrar que os malefícios do trânsito caótico das cidades brasileiras atingem todas as classes sociais, desde os abastados, em seus carros blindados, até os moradores das periferias, que sofrem quatro horas por dia dentro de ônibus e vans.
Todos padecem com a insegurança dos congestionamentos, pois os carros parados são alvos fáceis para os assaltantes; com as perdas de tempo, que causam prejuízos tangíveis e intangíveis irreparáveis; e com a insalubridade, devido à exposição aos gases tóxicos e ao estresse físico e psicológico. Em suma, todos perdem com o modelo atual, mas não podemos desistir.
Enquanto o trem não vem, devemos continuar pedindo por ele. Um dia ele virá.
FONTE; JB online
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