Por: Carlos Chagas
BRASÍLIA - Os mais velhos lembrarão logo das décadas em que o País se divertia a valer com as piadas de português. Bons tempos, aqueles, porque hoje, além das piadas de brasileiro que invadem Portugal, ainda somos olhados de viés em Lisboa, como um povo não propriamente civilizado e, muito menos, economicamente capaz de igualar-se à antiga Metrópole.
Quando se tratava de truculência, a mãe de todas as piadas era aquela que mostrava a liberalidade do luso cidadão diante da perspectiva de casamento da filha mais velha. Ele dizia, com toda ênfase de um futuro sogro libertário: "Minha filha é livre para casar com quem quiser, desde que seja com o Manoel..."
Pois é. Reunido com o Conselho Político, na tarde de segunda-feira, o presidente Lula aceitou conversar sobre mudanças nas regras das medidas provisórias. Reconheceu o exagero com que o governo as produz e pontificou acentuando estar aberto ao diálogo com o Congresso e com as oposições. Mas acrescentou, sobre possíveis alterações: "Aceito todas as sugestões, desde que não afetem a governabilidade".
Com base na governabilidade, o presidente rejeita a limitação do número de medidas provisórias editadas pelo palácio do Planalto, exige que a demora na sua votação continue trancando as pautas na Câmara e no Senado e recusa qualquer definição objetiva do que seja urgência relevante, requisitos estabelecidos pela Constituição, mas subordinados à subjetividade do governo.
Em suma, é o futuro sogro do Manoel, sem tirar nem pôr, que o Lula representa e impõe na discussão sobre as medidas provisórias. Se deputados e senadores aceitarem suas condições, serão livres para promover as mudanças que quiserem...
O fim de semana interrompe as crises?
Quinta-feira passada o governo decidiu agir, depois de reconhecer a existência de uma epidemia de dengue no Rio de Janeiro, com o risco de alastrar-se por outros estados. O ministro da Saúde anunciou a criação de um "gabinete de crise" para enfrentar o horror que tem sido o aparecimento de cem casos por hora, na antiga capital.
Para cuidar do atendimento relâmpago à população, integrariam essa força-tarefa altos funcionários de diversos ministérios, representantes do governo estadual e da prefeitura e até oficiais do Exército em condições de mobilizar parte da tropa no combate ao abominável mosquito. Como o próprio nome indicava, gabinete de crise era para reunir-se imediatamente e enfrentar a crise, senão na quinta, pelo menos com toda urgência na sexta-feira.
O problema é que estamos no Brasil, um país singular onde a rotina prevalece sobre quaisquer outros valores e necessidades. Ficou acertado que sábado e domingo o gabinete de crise descansaria, antes mesmo de começar a trabalhar. Só na segunda-feira o ministro se dirigiria ao Rio para cuidar dos primeiros detalhes da formação do grupo. Haveria que respeitar o fim de semana de descanso, menos para os mosquitos, é claro.
A infiltração dos tucanos
De epistolar, o tiroteio começou para valer. Falamos da troca de notas oficiais entre a Casa Civil e o PSDB, este acusando aquela de haver desferido um golpe abaixo da linha da cintura ao deixar vazar para a imprensa detalhes de um dossiê contendo gastos inusitados com cartões corporativos durante a presidência Fernando Henrique Cardoso. Bem que a Casa Civil eximiu-se de responsabilidades, mesmo reconhecendo que foram funcionários seus os autores da devassa. O resultado é que a crise acirrou-se. Não passa desta semana o vazamento de gastos do presidente Lula e de sua família, com os mesmos cartões corporativos.
Houve tempo em que, na oposição, o PT funcionava melhor do que a Resistência Francesa durante a segunda guerra. Em cada repartição, empresa pública ou ministério agiam os infiltrados, companheiros encarregados de vigiar e espionar os governos da época. Escândalos eram expostos na mídia sem que se pudesse acusar ninguém.
Pois nada como um dia depois do outro. O PT ocupa o poder há mais de cinco anos e deveria cuidar-se, porque é grande o número de tucanos incrustados na administração pública. Um verdadeiro serviço secreto atua no País inteiro, canalizando para o ninho do Alto Tucanato todo o tipo de informações lesivas ao governo Lula. Por conta disso é que mais um dossiê deve explodir na CPI dos Cartões Corporativos.
Pobres velhinhos
No Senado, nem sombra de vir a ser votada a PEC-58, de autoria de Paulo Paim, que dá aos aposentados e pensionistas que recebem acima do salário mínimo um reajuste de 16% ao ano, em vez dos míseros 5% concedidos pelo governo. A proposta dorme na Comissão de Economia e já se encontra prontinha para ir ao plenário, só que não vai. Senão uma conspiração, existe pelo menos um conluio entre o palácio do Planalto e os líderes no Senado, até alguns da oposição, para que a matéria não entre em votação.
São poucos os senadores dispostos a cobrar não a aprovação, mas pelo menos a votação da PEC-58. A maioria dá de ombros, faz ouvidos moucos e cala quando indagada a respeito das necessidades dos velhinhos. Afinal, eles estão aposentados...
Fonte: Tribuna da Imprensa
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