Por: JBonline
Dois mortos e cinco feridos - dois em estado grave - em menos de meia hora de tiroteio em mais uma tragédia do Rio
– Estamos todos vivos – disse uma funcionária de uma agência de banco na Praça do Lido à colega que telefonou preocupada. Por muito pouco as linhas telefônicas naquele quarteirão entre a Rua Ronald de Carvalho e a Belford Roxo não ficaram congestionadas, tal a quantidade de amigos e parentes que procuravam saber dos seus, tal e qual uma guerra ou mesmo uma hecatombe vivida em algum país do Oriente Médio ou destes que o Tsunami arrasa. Mas era apenas um fim de tarde em Copacabana, quebrado pela violência e pela dor. Um assalto em um prédio, a correria, a estupidez de um bandido atirando a esmo com duas armas – como se fosse um pesadelo. Por volta das 17h, um homem aparentando 30 anos entrou no prédio de número 1.440 da Avenida Atlântica, dizendo que iria comprar um computador.
Ao lado, Antônio Carlos Dias, 51 anos, morador de Nova Iguaçu, bebia no Bar Balcony sem imaginar o que aconteceria naquela tarde em Copacabana. O destino dele começou a se desenhar no momento em que o soldado Pinheiro Júnior, 23 anos, menos de um ano de PM, entrou na garagem do prédio depois que um morador pediu ajuda. Rendido, Pinheiro viu Sudário Cândido Dutra Ferreira tomar-lhe o revólver e ainda teve tempo de ver a própria arma apontada para sua cabeça, antes de perder a consciência e ficar à mercê das preces no Hospital Copa D’Or, para onde foi levado. Em seguida, a insanidade: com uma pistola e o revólver do policial, o bandido – bem vestido, com celular e rádio Nextel – atirou a esmo, sem coração. Acertou o garçom Brás, no Bar Flor do Lido. Acertou Edith Félix de Oliveira, 30 anos, nas costas. Acertou João dos Santos Grave, no tórax. Acertou Weygland Cândido, na perna. E acertou no coração do Rio.
Garçom serviu Suplicy
Faltavam apenas 20 minutos para o garçom Brás Arantes Dias, 62 anos, deixar o serviço ontem à tarde, no Restaurante Flor do Lido, quando foi atingido por balas perdidas no peito e na cabeça. Mais antigo funcionário do bar, há 28 anos na casa, Brás costumava dizer aos colegas de trabalho que era amigo de Zeca Pagodinho e conhecia o senador Eduardo Suplicy (PT-SP).
- Ele estava guardando os refrigerantes na geladeira na hora em que caiu no chão, próximo à porta do restaurante. Apavorei-me ao ver o sangue e o Brás perder a consciência - contou a gerente Mariana Cristina Gonçalves Marques.
Como construiu a casa própria em Parque Paulista, bairro de Xerém, em Duque de Caxias, o garçom sempre brincou com o fato de ser vizinho do sambista Zeca Pagodinho. Suplicy entrou para a lista pessoal de personalidades atendidas por ele em 2003, depois da passeata a favor do desarmamento, quando se reuniu com políticos no bar. Casado, pai de um filho, bem-humorado e brincalhão, o mineiro Brás sempre foi uma das referências do Flor do Lido. Ele foi levado para o Hospital Miguel Couto.
Reportagem de Aline Duque Erthal, Amanda Raiter, Ana Paula Verly, Carolina Benevides, Duilo Victor, Flavia Lima, Florença Mazza, Gustavo de Almeida, Renata Machado e Ricardo Albuquerque.
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