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quinta-feira, setembro 18, 2008

Lula: proximidade de frota norte-americana preocupa

PORTO ALEGRE - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem estar preocupado com a proximidade da Quarta Frota da Marinha dos Estados Unidos da fronteira marítima brasileira. Lula lembrou que já teve chance de abordar o assunto com o presidente norte-americano, George W. Bush, e que o chanceler Celso Amorim também tratou do tema com a Condoleezza Rice. "Obviamente que nós estamos preocupados", afirmou, em entrevista após participar da solenidade de batismo da plataforma P-53 da Petrobras, na área do Porto Novo de Rio Grande (RS).
"Eles (EUA) dizem que não é nada, é apenas uma coisa de pesquisa", prosseguiu Lula. "De qualquer forma, nós estamos preocupados porque é muito próximo da fronteira marítima brasileira e nós achamos que não precisamos de Quarta Frota", completou Lula, que também havia feito referência à presença da guarnição durante seu discurso no evento de batismo da P-53.
"O que precisamos é que a Marinha brasileira tome conta das nossas plataformas e do nosso pré-sal, porque nós somos um País tranqüilo, não falamos em guerra, falamos em paz, não queremos conflito, queremos desenvolvimento, e penso que é isso que conta na política externa brasileira", finalizou Lula. A Quarta Frota estava desativada desde a Segunda Guerra Mundial e foi colocada em operação no segundo trimestre deste ano, sendo recebida com críticas de movimentos ligados à esquerda na América Latina.
"Palpiteiros"
Lula disse que "os palpiteiros estão quebrando", numa referência às dificuldades financeiras vividas por alguns bancos internacionais. Ele não citou o nome dos bancos importantes em dificuldades, mas insistiu eles "passaram a vida dando palpites sobre o Brasil, que passaram a vida dizendo o que gente deveria fazer, medindo o risco do País, fazendo propaganda para investidores se o Brasil era ou não confiável".
"Era como se eles eram os superinteligentes e nós os supercoitados", comparou, numa lembrança indireta, e não citada, do período pré-eleitoral de 2002, quando o risco Brasil foi às alturas e serviu de combustível político para seus adversários.
"É triste ver que esses palpiteiros estão quebrando, estão entrando em concordata", reiterou Lula. "Porque na verdade determinaram nos últimos anos não que o capital pudesse circular livremente pelo mundo gerando emprego e riqueza, mas determinaram que a especulação financeira, que o cassino do sistema financeiro internacional pudesse determinar a lógica da economia".
Lula admitiu que uma crise muito forte tem levado a maior economia do mundo, os Estados Unidos, a sobressaltos extraordinários, que podem ter conseqüências planetária e, por isso, impõe preocupações também ao Brasil, mas ressalvou que o País vive um momento singular.
Dirigindo-se ao presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Lula disse que se a crise dos Estados Unidos tivesse ocorrido há oito anos, o Brasil teria quebrado. Na seqüência afirmou que "graças ao sacrifício que fizemos em 2003", ano em que seu governo, então no início, manteve as metas de superávit, e à política de diversificação dos destinos das exportações, o Brasil vive o bom momento de agora, com reservas internacionais de US$ 207 bilhões
Integração
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o estreitamento das relações comerciais entre Brasil e América do Sul chegou na hora certa. Segundo ele, os países da região perderam muito tempo acreditando que as soluções em busca do desenvolvimento econômico estavam nos países mais ricos. "Ficamos de costas uns para os outros", disse ele durante Expo Peru 2008, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
De acordo com o presidente, logo que assumiu o governo e passou a dar prioridade aos países do Mercosul, houve muitas críticas por parte da imprensa sugerindo que essa aposta não teria resultado. Lula comparou a situação com o que ocorre dentro das famílias. "Tem muita gente que prefere não ter relações com os mais pobres da família", exemplificou.
Para o presidente, no entanto, Brasil e Peru, bem como os demais países da America do Sul descobriram oportunidades, similaridades e chances uns nos outros. "E nós descobrimos na hora certa", declarou, citando que a participação dos países da América do Sul na pauta de exportações brasileiras já supera a dos Estados Unidos.
O presidente disse que tanto Brasil quanto Peru objetivam dobrar as vendas externas aos americanos, mas que enquanto isso não é possível, as relações políticas, econômicas e sociais com os países da América do Sul podem avançaram muito. "Todos sabem que sou um defensor quase fanático da integração sul-americana", frisou. Lula admitiu, porém, que os discursos ideológicos a respeito do assunto não são suficientes para que a integração ocorra de fato. "Isso significa rodovias, pontes, ferrovias", exemplificou.
O presidente disse estar convencido de que o fluxo comercial entre Brasil e Peru poderá dobrar muito rapidamente. "Acho que a história da relações políticas e econômicas entre Brasil e Peru será contada antes e depois das nossas visitas", disse o presidente, para quem essas visitas serão um marco na história dos países.
Lula disse que investimentos como a rodovia Transoceânica levarão desenvolvimentos para ambos os países. "Certamente estamos fazendo em pouco tempo o que não foi feito durante todo o século por esses dois países", opinou.
O presidente destacou que essa integração só ocorrerá com democracia e paz. "Cada país é dono do seu destino e nenhum pode querer ter ingerência sobre o outro", sustentou, em referência ao caso da crise da Bolívia e a participação dos países da região na tentativa de intermediar o caso.
Fonte: Tribuna da Imprensa

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