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quarta-feira, setembro 17, 2008

Lei para todos

Editorial
A ordem de prisão dada ontem pelo diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, ao diretor executivo da instituição e segundo na hierarquia do órgão, Romero Menezes, é ilustrativa do processo de moralização em curso no país. É preocupante que até mesmo entre integrantes de uma instituição aparentemente acima da lei possa haver espaço para envolvimento em irregularidades como as que levaram à prisão. Ao mesmo tempo, chama a atenção o fato de a instituição agir também na própria carne com o mesmo rigor habitual pelo qual freqüentemente é criticada, o que deveria servir de exemplo para outras áreas.
Esta não é a primeira vez que membros da Polícia Federal se vêem envolvidos em suspeitas de irregularidades, nem que a própria instituição se defronta com a necessidade de agir contra si mesma. A projeção ocupada pelo detido e as suspeitas de envolvimento, juntamente com outras duas pessoas, em práticas de advocacia administrativa, corrupção passiva privilegiada e tráfico de influência, porém, tornam o fato incomum. Ainda mais que os três mandados de prisão temporária e sete de busca e apreensão nos Estados do Amapá e do Pará e no Distrito Federal estão relacionados a uma operação explosiva, denominada Toque de Midas, ligada a supostos favorecimentos aos interesses do empresário Eike Batista na concessão da estrada de ferro do Amapá.
O que chama a atenção, portanto, é o princípio por trás desta prisão: ninguém está acima da lei. E assim mesmo é que tem que ser, nos momentos favoráveis e nos desfavoráveis para a instituição, como vem ocorrendo com freqüência quando há suspeitas de excessos de policiais federais ou da própria corporação em operações mais polêmicas.
A particularidade de, mesmo se constituindo numa corporação forte, a Polícia Federal não usá-la para acobertar seus desvios merece atenção de outros órgãos em diferentes poderes. Se há desvios ou excessos, é preciso que eles sejam enfrentados sem rodeios, evitando que as exceções passem a impressão de terem se tornado regra.
Fonte: Diário Catarinense (SC)

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