SALVADOR - A disputa judicial entre os familiares pela herança do senador baiano Antonio Carlos Magalhães, líder do DEM que morreu em julho de 2007, atingiu seu auge ontem em Salvador (BA).
Munido de uma autorização dada pela juíza auxiliar da 14ª Vara da Família da capital baiana, Fabiana Andréa Almeida Oliveira Pellegrino - mulher do deputado federal Nelson Pellegrino, do PT baiano -, a pedido da filha de ACM, Tereza Mata Pires, e de seu marido, o proprietário da construtora OAS, César Mata Pires, um grupo de nove policiais militares (três deles oficiais), dois oficiais de Justiça e quatro advogados da OAS invadiu pela manhã o apartamento em que ACM morava, no elegante bairro da Graça. O intuito: fazer o levantamento dos bens deixados pelo senador no imóvel.
A viúva do senador, Arlette Magalhães, de 78 anos, ainda residente no apartamento, não estava no local no momento em que o grupo chegou ao imóvel, pouco depois das 9 horas. Os oficiais de Justiça usaram os serviços de dois chaveiros para abrir as portas. O grupo passou quase sete horas no local, catalogando os objetos - ACM era conhecido admirador de arte, em especial barroca, e tinha dezenas de santos e objetos em prata na casa.
O grupo deixou o apartamento dúplex do edifício número 383 da Rua da Graça sem comentar a operação, alegando que a disputa corre em segredo de Justiça. O casal Mata Pires tampouco se pronunciou sobre o ocorrido. Dona Arlette, como é conhecida a viúva do senador, foi para a casa do outro filho de ACM, o senador Antonio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA).
Em Brasília, ACM Junior, que assumiu a vaga no Senado por ser suplente do pai, reagiu com revolta à invasão. Em comunicado, diz que a família "repele o ato brutal e violento que foi cometido" e afirma que "todas as medidas legais serão tomadas". "O agravante é que a ação de funcionários do Estado da Bahia e da Justiça recebeu o apoio logístico da Construtora OAS, cujo proprietário é parte interessada no processo", diz o comunicado. "Veículos pertencentes a César Mata Pires transportaram oficiais de Justiça e um motorista do empresário foi comprar lanches no McDonald's para os militares."
Histórico
A disputa entre ACM Júnior e o casal Mata Pires teve início logo após a morte do senador e está diretamente relacionada ao controle da TV Bahia, a retransmissora da Rede Globo no Estado, carro-chefe do império de comunicação montado por ACM ao longo de sua vida. Até julho, Mata Pires respondia pela rede televisiva, com o aval do cacique político. Depois da morte, porém, foi afastado do posto pelos demais herdeiros - no caso, além de ACM Junior, os filhos do deputado Luiz Eduardo Magalhães, também filho de ACM, morto em 1998.
"O que era um problema empresarial, virou pessoal e agora está virando político", explicou ACM Junior, numa referência ao fato de a juíza que autorizou a invasão ser mulher de um deputado de oposição ao DEM no Estado. Pellegrino respondeu com indignação. "Não tenho interferência sobre o trabalho de minha esposa". A juíza Fabiana Andréia Pellegrino não foi encontrada para comentar o caso.
Fonte: Tribuna da Imprensa
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