Nome do senador aparece numa lista de mensaleiros, com a referência de uma quantia de R$ 25 mil
CAMPO GRANDE - O senador Delcídio do Amaral e o deputado federal Antônio Carlos Biffi, ambos do PT, estão interpelando judicialmente o ex-secretário de coordenação- geral do Estado Raufi Marques, e a ex-coordenadora de despesas da Secretaria Salete Terezinha de Lucca. Os parlamentares querem explicações dos ex-funcionários sobre a inclusão de seus nomes nos livros de registros dos pagamentos feitos pelo esquema conhecido por "mensalão do PT", mantido durante os oito anos do governo de José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, conforme consta nos livros.
O advogado de Delcídio e Biffi, Laércio Arruda Guilem, informou que a ação já foi distribuída na Justiça, dando prazo de 48 horas para Raufi e Salete, comparecer no Fórum de Campo Grande, com os devidos esclarecimentos. O ex-secretário, é apontado pela promotora de Justiça Jískia Trentin, como "chefe do esquema" e Salete, responsável pelos livros, que foram apreendidos em sua residência e estão entre as provas das denúncias feitas pelo Ministério Público Estadual.
São anotações em quase 100 páginas preenchidas com nomes e valores das mensalidades, entre eles os números das contas e agências bancárias de 25 pessoas. "Os livros foram abertos por ordem de Raufi", segundo Salete declarou em depoimento ao Ministério Público. Em frente ao nome de Delcídio é anotada quantia de R$ 25 mil, o mesmo acontecendo com Biffi. Vander Loubet (PT), sobrinho de Zeca do PT e deputado federal recebia R$ 50 mil por mês.
Figuram também nos pagamentos mensais de 2005 e 2006, o ex-deputado federal João Grandão (PT), e os deputados estaduais Ari Artuzzi (PDT), Antonio Arroyo (PR) e Amarildo Cruz. A lista inclui até oficiais superiores da Polícia Militar, incluindo o atual comandante-geral da instituição, coronel Geraldo Orti e o ex-comandante-geral do Corpo de Bombeiros, João Alves Calixto, inclusive o ex-vereador Silvio Nucci, e os atuais vereadores de Campo Grande, Alex do PT, Clemêncio Ribeiro, Pérsio Andrade e Cabo Almi.
Laércio Guilhem, disse que tanto Delcídio quanto Biffi, "não podem esperar o desenrolar das investigações ou do processo judicial para comprovar a má-fé, a falsidade e o uso indevido dos seus nomes nos manuscritos do ex-secretário de Governo". Afirmou ainda que "a vinculação dos nomes do deputado e do senador nos manuscritos envolvendo-os nas investigações do Ministério Público, é para suplantar a competência e o foro estadual, bem como desviar o foco das investigações".
O ex-secretário Raufi Marques não foi encontrado para falar sobre a interpelação e Salete fará qualquer declaração a respeito do assunto, somente perante o juiz. O ex-governador Zeca do PT, entrou na Justiça com mais um recurso visando a suspender a segunda ação que tramita contra ele. São duas ações movidas pelo Ministério Público Estadual, apontando-o como responsável pelo desvio de dinheiro público, apoiado por agências de publicidade.
A primeira foi trancada por determinação do desembargador João Batista da Costa Marques, no dia 26 de outubro deste ano, e atualmente quer o mesmo benefício para a segunda.
Vítima
O advogado de Zeca do PT, Newley Amarilha, pediu para o Tribunal de Justiça, considerar na segunda ação, os mesmos efeitos do hábeas corpus da primeira. As alegações são de que seu cliente é vítima da ânsia de vingança da ex-ordenadora de despesas Salete, e também que as contas do ex-governador foram todas aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado.
Conforme denuncia do Ministério Público Estadual, entre as provas contra os acusados existem R$ 150 mil em notas fiscais de materiais gráficos, confeccionadas pela Gráfica Quatro Cores, com sede em Uberaba (MG), constada como empresa fantasma. As notas foram apresentadas como comprovantes de trabalhos realizados pela 2000 Publicidade.
Estão denunciados na segunda peça judicial em tramitação na justiça, Zeca do PT, Ana Lúcia Rodrigues Rosa Tavares (servidora da Subsecretaria de Comunicação), Ivanete Leite Martins (servidora da área financeira), José Roberto dos Santos (chefe de gabinete), Oscar Ramos Gaspar (ex-subsecretário de Comunicação), Raufi Jaccoud Marques (ex-secretário da Casa Civil), Geraldo Palhano Maiolino (sócio da agência 2000 Publicidade) e Hugo Sérgio Siqueira Borges (proprietário da Gráfica Sergraph).
Fonte: Tribuna da Imprensa
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