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quinta-feira, novembro 29, 2007

Senador, de sorriso largo, fala em absolvição

BRASÍLIA - Lista em mãos, sorriso largo, o presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), comemorava, por antecipação ontem, sua absolvição em plenário. Ele será julgado pelos colegas na próxima terça-feira, quando terá seu mandato posto em xeque pela segunda vez este ano. Desta vez, ele será julgado pela acusação de ter supostamente comprado duas rádios e um jornal em Alagoas, numa sociedade oculta com o usineiro João Lyra.
Apesar de a condenação ou salvação só estar marcada para a semana que vem, ontem Renan exibiu ao senador Edison Lobão (PMDB-MA) uma lista com nomes de senadores que ele "tem certeza" de que vão livrá-lo da cassação. De toda a base do governo, Renan acredita que apenas dois senadores - Eduardo Suplicy (PT-SP) e João Durval (PDT-BA) - vão votar por sua condenação.
Os nomes dos dois aparecem destacados. Entre a oposição, o peemedebista também grifa na lista o nome de José Nery (PSOL-PA), seu "novo inimigo". Isso porque partiu do PSOL de Nery a maior parte dos pedidos de investigação contra ele - são seis no total.
A imagem de Renan exibindo a lista, no plenário, a Lobão foi capturada pelo "Jornal da Record". A sessão de votação do mandato de Renan será aberta, mas a votação é secreta. Nos bastidores, é dada como certa a absolvição de Renan por conta do apoio da bancada petista no Senado em troca da prorrogação da CPMF, o chamado "imposto do cheque", que rende ao governo arrecadação de R$ 40 bilhões por ano.
A lista exibida com orgulho ontem por Renan revela algumas surpresas. Entre elas a de que até o voto de Aloizio Mercadante (PT-SP) pode estar na contabilidade a seu favor. Desde que revelou ter votado pela abstenção no primeiro julgamento do presidente licenciado do Senado, em setembro, Mercadante tem se colocado ao lado da oposição para defender a cassação de Renan.
O senador petista saiu politicamente desgastado do primeiro julgamento, ao ser considerado articulador decisivo para a absolvição do peemedebista no processo em que era acusado de ter despesas pessoais pagas por um lobista da empreiteira Mendes Júnior. Agora Mercadante chegou a elogiar publicamente o relatório do senador Jefferson Péres (PDT-AM), que recomendou a cassação de Renan, dizendo que se tratava de uma "boa peça jurídica".
Pena dura
Para manter seu mandato, o presidente licenciado do Senado tem argumentado que a cassação seria uma punição muito forte. Se for cassado, o presidente licenciado do Senado perde os direitos políticos por oito anos, a contar do encerramento da atual Legislatura.
Pesa a seu favor, além de o voto ser secreto, o espírito corporativista da Casa. Os senadores têm se mostrado solidários a Renan, ainda que reconheçam que o Senado, enquanto instituição, pagará preço alto por mais uma absolvição.
Fonte: Tribuna da Imprensa

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