quarta-feira, novembro 26, 2025

Editorial — A Justiça Pode Demorar, Mas Não Se Dobra

 



Editorial — A Justiça Pode Demorar, Mas Não Se Dobra

Por José Montalvão

Em um país marcado por contradições, excessos e disputas políticas intensas, permanece um alicerce que, apesar de estremecido, não desmorona: a crença na Justiça. Mesmo convivendo com a chamada banda podre e com figuras corruptas que ainda orbitam nos espaços do Poder Judiciário, insistimos em acreditar no sistema. E não por ingenuidade, mas por reconhecer que, apesar dos desvios, há uma estrutura que, quando acionada corretamente, funciona — ainda que lentamente.

A perseguição e a injustiça fazem parte da vida de muitos cidadãos. Não são poucos os que experimentam a dura sensação de serem punidos por pensar diferente ou por ousar enfrentar interesses obscuros. Ainda assim, é preciso reafirmar um princípio fundamental: ninguém está acima da lei. Nenhum cargo, nenhuma farda, nenhuma toga e nenhum capital político tem o poder de blindar indefinidamente quem desrespeita a Constituição.

O Brasil de hoje evidencia essa realidade.
Vemos presidentes confrontados pela Justiça.
Generais antes intocáveis sendo investigados.
Desembargadores e juízes afastados por condutas incompatíveis com o cargo.
Promotores políticos enfrentando responsabilização.
Cidadãos comuns sentindo o peso da lei ao ultrapassar os limites da convivência democrática.

Esse cenário confirma o que há muito se repete nos bastidores e nas ruas: a Justiça tarda, mas dificilmente falha. A aparente lentidão do sistema não significa fraqueza; é, muitas vezes, consequência da própria burocracia que sustenta o devido processo legal — um dos pilares da democracia.

Neste ponto, vale recordar a frase atribuída a Abraham Lincoln:

“Você pode enganar algumas pessoas o tempo todo, ou todas as pessoas durante algum tempo, mas você não pode enganar todas as pessoas o tempo todo.”

Hoje, mais do que nunca, essa reflexão se torna necessária.
Vivemos um momento em que máscaras caem, narrativas se esvaziam e a verdade — paciente, mas implacável — se impõe.

É preciso reconhecer:
A mentira tem pernas curtas, mas o rastro é longo.
O abuso de poder pode durar por anos, mas o colapso é inevitável.
A impunidade pode parecer permanente, mas sempre encontra um limite.

O editorial de hoje reafirma uma convicção essencial: a Justiça brasileira ainda é capaz de reagir, mesmo quando ferida por dentro. E essa capacidade se fortalece cada vez que cidadãos confiantes, mesmo perseguidos e injustiçados, mantêm-se firmes em defender o Estado de Direito.

Que este momento sirva de alerta aos que tentam manipular o sistema para benefício próprio.
E sirva de esperança aos que continuam acreditando que, apesar das sombras, a verdade sempre encontra luz.

A Justiça pode caminhar devagar.
Mas não se dobra.
E, sobretudo, não se engana.
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