Editorial — A Justiça Pode Demorar, Mas Não Se Dobra
Em um país marcado por contradições, excessos e disputas políticas intensas, permanece um alicerce que, apesar de estremecido, não desmorona: a crença na Justiça. Mesmo convivendo com a chamada banda podre e com figuras corruptas que ainda orbitam nos espaços do Poder Judiciário, insistimos em acreditar no sistema. E não por ingenuidade, mas por reconhecer que, apesar dos desvios, há uma estrutura que, quando acionada corretamente, funciona — ainda que lentamente.
A perseguição e a injustiça fazem parte da vida de muitos cidadãos. Não são poucos os que experimentam a dura sensação de serem punidos por pensar diferente ou por ousar enfrentar interesses obscuros. Ainda assim, é preciso reafirmar um princípio fundamental: ninguém está acima da lei. Nenhum cargo, nenhuma farda, nenhuma toga e nenhum capital político tem o poder de blindar indefinidamente quem desrespeita a Constituição.
Esse cenário confirma o que há muito se repete nos bastidores e nas ruas: a Justiça tarda, mas dificilmente falha. A aparente lentidão do sistema não significa fraqueza; é, muitas vezes, consequência da própria burocracia que sustenta o devido processo legal — um dos pilares da democracia.
Neste ponto, vale recordar a frase atribuída a Abraham Lincoln:
“Você pode enganar algumas pessoas o tempo todo, ou todas as pessoas durante algum tempo, mas você não pode enganar todas as pessoas o tempo todo.”
O editorial de hoje reafirma uma convicção essencial: a Justiça brasileira ainda é capaz de reagir, mesmo quando ferida por dentro. E essa capacidade se fortalece cada vez que cidadãos confiantes, mesmo perseguidos e injustiçados, mantêm-se firmes em defender o Estado de Direito.