Certificado Lei geral de proteção de dados

Certificado Lei geral de proteção de dados
Certificado Lei geral de proteção de dados

terça-feira, novembro 30, 2021

A confissão do senador Rogério

 

A confissão do senador Rogério

O senador Rogério Carvalho fez hoje, 30 de novembro de 2021, um pequeno discurso explicando seu voto em favor do orçamento secreto.

O discurso pode ser visto aqui:

https://www.instagram.com/p/CW5yOJvlm0x/

Nele, Rogério reafirmou ser contra a “discricionaridade” (nome bonito para algo escandaloso).

Ele lembra ter apresentado “um voto em separado, no plenário do senado, que extinguia a RP9”.

Mas na hora de colocar uma barreira no escândalo, Rogério decidiu vestir a toga de Alexandre Moraes: “se repetirem 2018 irão para a cadeia”.

Na verdade, nem isso: Rogério reconhece que no passado foi derrotado e promete que no futuro vai reapresentar a questão.

Mas e se formos novamente derrotados?

Neste caso, certamente ele vai reapresentar de novo.

A pergunta que não quer calar é: se 34 senadores tivessem votado NÃO e o orçamento secreto tivesse sofrido uma derrota, isto abalaria a República? Destroçaria a harmonia dos poderes?? Acabaria com a autonomia do Senado???

É o que sugere Rogério, para quem “”nós... nós... nós... nós.... (sic) temos uma questão institucional que precisa ser observada”.

E no que consiste esta “questão institucional”?

Segundo entendi do que Rogério disse, uma maioria de 34 senadores não tem o mesmo poder, a mesma autoridade, a mesma legitimidade que uma decisão aprovada por “unanimidade” numa “votação simbólica”.

Não sei de onde o senador tirou este argumento mas, como dizia Brecht, quando encontrares uma ideia, pergunta a esta ideia: “a quem vossa senhoria serve?”

No caso, este argumento serve a manutenção do casamento entre Bolsonaro e o “centrão”.

Aliás, é assaz curioso: Rogério critica a “ingerência” de “um outro poder” (o judiciário) sobre “o poder legislativo”, mas esquece da compra de votos praticada pelo poder executivo, usando e abusando do tal orçamento secreto.

Ou seja: Rogério diz estar defendendo a autonomia da instituição, mas na prática seu voto contribuiu para a submissão do Congresso ao executivo, mais exatamente ao governo Bolsonaro.

Em nome de defender a “autonomia” do Congresso nacional para fazer o orçamento, Rogério contribuiu para que exista um orçamento paralelo, a serviço já foi dito de quem.

Ademais, há o mérito da questão: Rogério votou a favor de seguir ocultando - do povo -  aquilo que fazem os eleitos pelo povo.

Rogério no final de seu discurso argumenta que “remendos, alterações, sem a extinção, não vai ter solução definitiva para o problema”.

É um caso em que o “ótimo é inimigo do bom”.

Impossibilitado de ter o ótimo, Rogério colocou sua digital (que é bom lembrar, pertence ao PT, não a ele) numa posição que impede que “todo gasto seja explícito e posicionado numa regra constitucional”, “que possa ter uma destinação especifica”.

Rogério votou contra a “transparência na aplicação do recurso público” e em favor de uma situação que favorece a continuidade do casamento entre Bolsonaro e a direita parlamentar.

O mais impressionante no discurso de Rogério, entretanto, é a informação de que ele se centraliza não pelas decisões do PT, mas sim pelas decisões da Mesa do Senado.

São suas as palavras: “Se a forma como este orçamento foi definido e como vai se dar a execução está na lei e eu fui derrotado, como membro da mesa do senado federal, que subscrevi todas as ações junto com os demais membros ao STF, caberia a mim ter a coerência na defesa da institucionalidade.”

Ou seja: supostamente em defesa da “institucionalidade” ele vota a favor de algo que, no mérito, ele discorda.

Na militância acontece com frequência que, derrotados, nos submetamos à posição aprovada pela maioria.

Mas há uma diferença que deveria ser óbvia: uma coisa é aceitar o “centralismo democrático” de organizações que representam os trabalhadores; outra coisa é aceitar o “centralismo” da mesa diretora de uma instituição composta, em sua imensa maioria, por diferentes setores da direita.

A informação dada pelo senador Rogério não é, portanto, uma explicação.

É uma confissão de quais os critérios que ele utiliza.

E nenhum deles é aceitável.

Cabe a bancada do PT no Senado ou ao Diretório Nacional do PT, convocado para o dia 16 de dezembro de 2021, punir o senador.

Ou, pelo menos, conceder-lhe o troféu "cretinismo parlamentar 2021".

Em destaque

Para rebater críticas, Pimenta diz que não é inimigo do governador Eduardo Leite

Publicado em 15 de maio de 2024 por Tribuna da Internet Facebook Twitter WhatsApp Email Lula se livrou de Pimenta, que não ficará mais no Pl...

Mais visitadas