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segunda-feira, fevereiro 25, 2019

Ao atacar a mídia, Bolsonaro presta um serviço ao país, mas está atacando errado


Charge reproduzida do Arquivo Google
Carlos Newton
Todos sabem que a vida é muito mais criativa do que a ficção. A qualquer momento poderemos nos surpreender com um fato verdadeiro que jamais imaginaríamos que aconteceria. Por exemplo: quem havia de supor que o Brasil teria um presidente capaz de enfrentar a grande mídia, como está acontecendo agora com Jair Bolsonaro? O mais curioso ainda é a contradição. O presidente ataca a grande mídia (Globo, Folha, Estadão e Veja) por se sentir perseguido. Mas acontece que só está sendo alvejado incessantemente porque tomou a iniciativa de denunciar essa perseguição, que na verdade existiu, mas acabaria assim que ele ganhasse a eleição. Depois disso, a grande imprensa se amoldaria e encaixaria no novo governo, sem a menor desinibição.
A BRIGA CONTINUA – Bolsonaro é turrão e não mudou de atitude, vive atacando a mídia e afagando a TV Record e o SBT, que nem podem ser considerados como órgãos de imprensa, pois seu investimento em jornalismo é mínimo, apenas para cumprir a legislação. E a briga continua, cada vez mais surrealista.
O mais paradoxal é que o governo e a mídia são aliados no assunto do momento – a reforma da Previdência. A maior organização jornalística do país, considerada inimiga de Bolsonaro, é a que mais defende a reforma, chega a se constrangedor o apoio do grupo Globo.
REFORMA “TABAJARA” – A mídia se comporta como se estivesse em curso uma reforma “Tabajara”, tipo “seus problemas acabaram”, e não dá uma só palavra sobre a dívida pública que está inviabilizando o país.
A cada dia, os brasileiros pagam um pedágio de quase R$ 3 bilhões, No final do ano, são quase R$ 1,1 trilhão, que continuaremos pagando mesmo que a reforma “Tabajara” seja aprovada e mande para o espaço as conquistas sociais dos brasileiros, porque uma coisa é eliminar privilégios e outra coisa muito diferente é cortar benefício de quem está em situação miserável, que Deus jamais perdoe essa torpeza.
DÍVIDA SAGRADA – Não se pode discutir a dívida pública porque é um tabu, assunto do máximo interesse dos banqueiros, que obtêm no Brasil os maiores lucros do mundo exatamente quando país vive a pior recessão de sua História. Tem algo errado nessa equação, e ninguém se interessa?
A mídia está amordaçada, mas o governo, não. Bolsonaro deveria esculhambar a mídia pela proteção que dá aos banqueiros, no entanto ele nem entende o que está acontecendo, acha que é “perseguido político” igual ao Lula…
O maior erro de Bolsonaro foi dar a chave do cofre a um banqueiro. Nós votamos nele para passar o país a limpo e defender o interesse público, mas ele nos está traindo e se tornou um defensor dos interesses das instituições financeiras.
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P.S. – Bolsonaro pode brigar com a mídia à vontade. Não precisa investir um tostão em propaganda oficial, nem mesmo nos amestrados da Record e do SBT. Mesmo assim a mídia vai sobreviver, porque os banqueiros sempre estarão prontos para ajudá-la, na base de uma mão lava a outra. Vamos ficar por aqui, mas depois a gente volta ao assunto, porque há um novo golpe dos banqueiros em curso no Senado, acredite se quiser. Eles são insaciáveis. (C.N.)

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