Tribuna da Bahia
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Caso o ex-governador Paulo Souto decida se transferir para o PSDB, a cúpula do partido o espera de braços abertos. Pelo menos esta é a ideia que se consegue captar entre os seus principais líderes, no caso os deputados federais Jutahy Júnior e João Almeida e o ex-prefeito Antônio Imbassahy. Apenas o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Marcelo Nilo, mostra-se contrário à ideia, mas a cada dia que passa a sua voz tem se tornado mais destoante dentro do ninho tucano.
Sem querer influenciar na decisão do ex-governador Paulo Souto e não criar constrangimento com o DEM, o deputado Jutahy Júnior nunca declarou ser contra ou a favor da sua entrada no PSDB, apesar de entender que “se acontecer, será bom para ele, para o PSDB e para o Serra”. Jutahy adianta ainda que, independentemente da decisão de Souto, tucanos e democratas deverão estar no mesmo palanque na Bahia em 2010, o que reafirma a sua posição de observador, sem atrapalhar. “O que eu vou fazer na Bahia é fortalecer a campanha de Serra. Farei o que for necessário”, revela, apostando que o governador de São Paulo será o candidato do PSDB à Presidência da República.
Em meio a essas notícias, o parlamentar baiano revelou o seu entusiasmo com a candidatura do governador paulista ao Palácio do Planalto. “O Serra virá muito forte. Hoje, ele lidera em todos as regiões, sendo o primeiro na Bahia e no Nordeste. Por isso, a estratégia é ter palanques fortes no Nordeste para não perder essa liderança”, admitiu. Ainda sobre a questão “Paulo Souto”, ele disse que não tem participado de qualquer conversa sobre a sua possível transferência para o seu partido. “Durante todo esse período, estive com o Zé Ronaldo (ex-prefeito de Feira de Santana e ligado a Souto) uma vez. Ele me disse que, se dependesse dele, iria para o PSDB”, revelou.
Na última quinta-feira, 26, o ex-prefeito Antônio Imbassahy, outro nome forte do PSDB, declarou em entrevista ao radialista Dilson Barbosa, na rádio Princesa FM, em Feira de Santana, que Paulo Souto e José Ronaldo seriam “bem-vindos no PSDB”, caso quisessem ingressar na legenda. Imbassahy, contudo, admitiu que a notícia de que os dois estavam de malas prontas para o ninho tucano não passava de especulação. “No momento, o foco do PSDB é a eleição de José Serra para presidente. Vamos esperar uma manifestação concreta de Paulo Souto e só depois analisar melhor o assunto”, ponderou. Ainda no campo da especulação, também esta semana o atual prefeito de Feira de Santana, Tarcizio Pimenta, ligado a Zé Ronaldo, conversou com Professor Almery, o candidato derrotado dos tucanos na eleição passada. Outro nome importante dos tucanos, o deputado federal João Almeida também não seria problema para a entrada de Paulo Souto no PSDB. Pelo contrário, o parlamentar é o responsável pelo inicio das articulações em Brasília, mas também tem se comportado com cautela por entender que a operação é delicada.
“Mesmo que seja de comum acordo entre as cúpulas das duas legendas, o pessoal do Democratas tem resistido por se tratar de um dos seus melhores quadros.
Mas vai dar certo”, apostou. (Por Evandro Matos)
Tucano deve deixar o PSDB
Independentemente da entrada do ex-governador Paulo Souto no PSDB, já é dada como certa a saída do atual presidente da Assembleia Legislativa, deputado Marcelo Nilo, do partido. Segundo uma fonte que não quis se identificar, Nilo deverá trocar de legenda pela dificuldade que teria em continuar no PSDB e, ao mesmo tempo, apoiar a reeleição do governador Jaques Wagner (PT), num palanque opositor à proposta nacional da coalizão liderada pelos tucanos. Por isso, ele já busca uma alternativa partidária, podendo ser o PT, PSB, PP, PSC ou PDT.
A decisão de Nilo estaria muito mais vinculada à proposta nacional do PSDB em montar um palanque forte na Bahia para o seu candidato do que a simples transferência do ex-governador Paulo Souto para o partido. Prejudicado nas eleições anteriores por desavenças locais, quando tucanos e democratas não subiam no mesmo palanque, agora a cúpula nacional dos dois partidos procura ajustar as diferenças antecipadamente para que os mesmos erros não se repitam em 2010. “Essa situação não tem mais cabimento. A morte do ex-senador ACM e a vitória do governador Jaques Wagner encerraram esse ciclo na Bahia. Não dá para fazer uma campanha como foi antes”, avalia Jutahy, ele mesmo o protagonista central do episódio que separava tucanos e democratas baianos.
Diante dessa decisão de Marcelo Nilo, não se sabe qual seria a posição dos outros deputados estaduais do PSDB. Sergio Passos, com reduto na região de Jacobina, tem ligações tanto com o deputado federal Jutahy Júnior, que vai continuar no partido, quanto com Nilo, que deve sair. Quanto ao deputado Emério Resedá, com reduto na região sisaleira, veio do PFL e perde influência à medida que admite que não disputará a sua reeleição. (Por Evandro Matos)
Nilo aponta “erro político” do partido ao atrair Souto
Mais que ferido, o deputado Marcelo Nilo (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa, ficou perplexo com a praticamente fechada decisão da cúpula nacional do seu partido de transferir o controle da legenda tucana na Bahia para o ex-governador Paulo Souto (DEM). Sem saber ainda a que partido pedirá filiação, Nilo disse que fez uma “avaliação serena” para concluir: o PSDB baiano está incorrendo num equívoco político e eleitoral. “O PSDB da Bahia comete um erro político”, diz o presidente da Assembleia, “porque ACM Neto e Paulo Souto representam o carlismo, uma instituição marcada pelo autoritarismo, prepotência e arrogância, com o pensamento do mandonismo. Eles fazem política em benefício de pessoas, não da sociedade”, atacou. Ele acha que o PSDB está sendo “injusto com Wagner” e revelou a convicção de que os 27 prefeitos do partido na Bahia apoiarão a reeleição do governador. No entendimento de Nilo, se os tucanos baianos fossem com Wagner para governador e Serra para presidente em 2010, a votação do candidato presidencial seria maior. “Serra teve mais votos em 2002, quando nós apoiamos ele sozinhos, do que Alckmin, que teve em 2006 o apoio de Paulo Souto. O apoio do carlismo tira votos”, sentenciou Nilo, afirmando que o PSDB baiano repete o comportamento histórico de brigar com os aliados no poder, “é um partido disposto a ser oposição”. Para justificar a afirmação, o parlamentar lembrou que o PSDB, em 1990, rompeu com o governador Nilo Coelho (PMDB) para apoiar o então deputado Joaci Góes ao governo do Estado, desligando-se ao longo dos anos de aliados como o presidente Itamar Franco, a prefeita Lídice da Mata e o prefeito João Henrique. “Agora, com Wagner”, completou, “querem romper. Sou presidente da Assembleia Legislativa, e rompem comigo? Será a oposição o destino do partido?”
Provocado, Marcelo Nilo admitiu que teve uma “conversa difícil” com o líder estadual do PSDB, deputado federal Jutahy Júnior, com quem tem “uma amizade de 35 anos que será mantida”, embora politicamente estejam, depois de tanto tempo, em caminhos divergentes.
A ligação entre ambos vem de seus pais, o falecido senador Jutahy Magalhães e o ex-prefeito Edvaldo Nilo, de Antas, no nordeste baiano, quando ambos eram da Arena, partido de sustentação do regime militar (1964-1985), que tinha no falecido senador ACM seu representante máximo no Estado.
O grupo do velho Jutahy foi um dos que abandonaram o carlismo para ajudar a eleger Waldir Pires (PMDB) para o governo do Estado em 1986. Nessa época Nilo se iniciou da política, orgulhando-se de ter tido sua ficha no PSDB abonada pelo falecido governador paulista Mário Covas.
Eleito para a Assembleia pela primeira vez em 90, foi recebido com ressalvas na coalizão “de esquerda”, mas terminou sendo nos últimos 20 anos um dos poucos que se mantiveram firmes no anticarlismo.
Outro parlamentar do DEM, este ligado ao próprio Souto, entende que não há decisão por enquanto, e explica: “Há um desejo da cúpula nacional do PSDB, mas há também resistência da cúpula do DEM.
Por outro lado, a posição do senador Júnior não deve ser uma ação isolada. O problema é que o ex-governador não é um homem agressivo politicamente, suas ações são lentas. Diria que há 50% de chances de ele ir e 50% de não ir”. (Por Luís Augusto Gomes)
Saída configuraria infidelidade
A possibilidade de saída do deputado estadual Marcelo Nilo do ninho tucano, seja pela dificuldade que teria em continuar no PSDB e, ao mesmo tempo, apoiar a reeleição do governador Jaques Wagner (PT), num palanque opositor à proposta nacional da coalizão liderada pelo PSDB ou pela insatisfação com a entrada do democrata Paulo Souto na legenda, travou uma nova discussão. O questionamento da vez é se a decisão de Nilo, seja por qualquer um dos motivos, não se configuraria infidelidade partidária.
De acordo com o especialista em Direito Eleitoral, Ademir Ismerim, com base na resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que, após uma consulta do DEM, em 4 de outubro de 2007 estabeleceu o entendimento de que a fidelidade partidária passa a ser a norma, porém só valendo a cassação dos mandatos de parlamentares que trocaram de partido após a decisão, o caso de Nilo se configuraria infidelidade e a conseqüência poderia ser a perda do mandato, com o repasse do cargo para o suplente.
“Ou seja, do ponto de vista técnico o partido, em caso de confirmação do fato, pode sim requerer o seu mandato. Afinal, ele foi eleito pelo PSDB e só poderia deixá-lo em caso perseguição política ou de mudança de orientação programática, que seria passar, por exemplo, de esquerda para direita, ou vice-versa, o que não é o caso”, disse, ressaltando, entretanto que é preciso que a legenda requeira. “Pode ser que isso não aconteça e que através de um acordo a sigla entenda por disponibili-zar o mandato dele”, concluiu. (Por Fernanda Chagas)
Fonte: Tribuna da Bahia
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