Por: Carlos Chagas
BRASÍLIA - A outra conclusão não conduz a publicação diária e crescente, na imprensa, de gastos inexplicáveis de funcionários do governo com cartões de crédito corporativos: a crise ameaça tornar-se maior do que o escândalo do mensalão. Porque desculpas não existem para farra assim tão extensa.
De cada ministério, secretaria, repartição, empresa estatal, agência, universidades públicas e equivalentes fluem, em cascata, lambanças monumentais em termos de favorecimento pessoal ou, pior ainda, favorecendo autoridades e parentes de autoridades a que servem. A caixa-preta começou a ser aberta. É imensa. Fede. Contamina grandes e pequenos.
A pergunta que se faz é sobre suas conseqüências. A primeira, óbvia, é da desmoralização do governo. Não sobra ninguém. Pode-se prever também, em pouco tempo, a desmoralização das instituições. Em seguida, virá a pergunta inevitável do cidadão comum: fica tudo como está? Ninguém será punido? Não há como responsabilizar os culpados? Prevalecerá a impunidade de sempre? Nessa hora, valerá lembrar o saudoso Stanislaw Ponte Preta: "Ou restaure-se a moralidade no País ou locupletemo-nos todos..."
O grave, nessa história, é que a CPI vem aí, mista ou apenas funcionando no Senado. Dela, como de todas as outras, sabemos como começam, ignoramos como acabam. Melhor que se investigue, também, o período do governo Fernando Henrique Cardoso, não apenas o governo Luiz Inácio Lula da Silva, já que o sociólogo inventou essa travestida forma de levar transparência à coisa pública. O mandato de FHC terminou, o do Lula encontra-se em pleno desenvolvimento. Ambos serão, inevitavelmente, respingados.
Sinuca de bico
O Palácio do Planalto foi abandonado no Congresso, no auge do escândalo dos cartões de crédito corporativos. Exceção terá sido o líder do governo Lula no Senado, Romero Jucá, mas diante dele surge um dilema universal: também foi líder do governo Fernando Henrique. São coisas da política. Hoje, o representante de Roraima hospeda-se no PMDB, mas já pertenceu a outros partidos. Defende o passado em detrimento do presente ou volta as costas para ontem, pensando preservar o amanhã? Não parece fácil, porque a artilharia das oposições concentrou-se nele. Só das oposições? Nem pensar, porque tornou-se alvo do fogo amigo.
Em matéria de lideranças e de bancadas parlamentares, o governo vai mal. Dos companheiros, o PT só contou semana passada com Eduardo Suplicy. Sumiram os demais, inclusive a líder efetiva, Ideli Salvatti. O PMDB forma na base oficial e por isso abre a goela para reivindicar cada vez mais nomeações, mas, na hora de defender o governo na atual crise, não se viu um só de seus representantes. O senador Mão Santa não conta como exemplo, porque forma na mais candente das oposições. Chegou a chamar o uso dos cartões de "a maior molecagem verificada no País nos últimos anos".
Do PP, PR, PTB, PDT, PSB, PC do B e penduricalhos, só o silêncio. Aguarda-se para esta semana uma virada no jogo, mas como os governistas entrarão em campo sob os apupos gerais das arquibancadas? Afinal, este é um ano de eleições municipais...
Não entende porque não quer
Por falar no senador Romero Jucá: ele discursou sexta-feira, como líder, afirmando não entender "o porquê desse frisson em torno dos cartões de crédito corporativos". Acentuou que o governo não tem compromisso com o erro: quem extrapolou responderá pelo que fez. O diabo, no caso, é que de 11.510 detentores do privilégio, quantos poderão escapar incólumes?
Vai em frente
De São Paulo chegam a Brasília informações de que Geraldo Alckmin não cederá aos apelos do governador José Serra e do ex-presidente Fernando Henrique: disputará mesmo a indicação do PSDB para concorrer à prefeitura de São Paulo. O caldeirão vai ferver, porque Serra não admite outra saída senão o apoio a Gilberto Kassab, do DEM, passaporte para o apoio do partido aliado à sua candidatura à presidência da República em 2010.
A pergunta que se faz é se os tucanos terminarem apoiando Alckmin, como ficarão os antigos liberais? Insistirão na reeleição do atual prefeito, com o apoio da ala tucana que segue a orientação do governador? Um racha no ninho, acrescido da restrita ação do DEM, poderá conduzir à vitória de Marta Suplicy, do PT? Ou de algum outro candidato?
Fonte: Tribuna da Imprensa
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