OHIO (EUA) - Paul Tibbets, piloto e comandante do bombardeiro norte-americano B-29 que lançou a bomba atômica em Hiroshima, Japão, morreu ontem aos 92 anos, informou um porta-voz da família. "Tibbets morreu em sua casa em Columbus por complicações generalizadas de saúde", disse Gerry Newhouse, um amigo.
Ele havia pedido para que não fosse realizado um funeral para ele nem que seu corpo fosse enterrado em um túmulo com lápide, temendo que o local viesse a ser palco de protestos. Em uma entrevista em 2005, Tibbets disse que queria ser cremado e suas cinzas jogadas no Canal da Mancha, onde adorava voar durante a Segunda Guerra.
Em 6 de agosto de 1945, Tibbets, comandando o avião Enola Gay, batizado em homenagem à mãe dele, jogou a bomba atômica de cinco toneladas, apelidada de "Little Boy", sobre Hiroshima, matando entre 70 mil e 100 mil pessoas. Foi a primeira vez na história que uma bomba atômica foi jogada contra seres humanos. Três dias depois, os EUA jogaram uma segunda bomba atômica contra Nagasaki, matando outras estimadas 40 mil pessoas. O Japão se rendeu poucos dias depois, pondo fim à Segunda Guerra Mundial.
Tibbets, então um coronel de 30 anos, nunca expressou remorso por sua ação. Ele dizia que apenas cumpriu um dever patriótico. "Não tenho orgulho de ter matado 80 mil pessoas, mas tenho orgulho de ter sido capaz de começar do nada, planejar (a missão) e tê-la feito funcionar perfeitamente como funcionou", afirmou ele em uma entrevista em 1975. "Estávamos em guerra (...) Você usa tudo ao seu dispor (...) Durmo tranqüilamente toda noite", contou.
Em 2005 surgiram rumores de que Tibetts havia sido preso ou se suicidado. "Eles diziam que eu estava louco, tinha virado um bêbado, entrando e saindo de hospitais", comentou ele em entrevista ao jornal "The Columbus Dispatch" em 6 de agosto de 2005, por ocasião do 60º aniversário do lançamento da bomba. "Na época, eu estava administrando o Centro Nacional de Crise no Pentágono".
Após ir para a reserva como brigadeiro em 1966, ele mudou-se para Columbus onde administrou um serviço de táxi aéreo até se aposentar em 1985. Mas seu papel no bombardeio trouxe para ele fama - e infâmia - por toda sua vida. Em 1976, ele foi criticado por participar de uma representação do bombardeio a Hiroshima em um show aéreo em Harlingen, Texas.
Ele sobrevoou o show com um B-29, enquanto uma bomba plantada em uma pista abaixo criava uma coluna de fumaça em forma de cogumelo, fazendo lembrar a explosão em Hiroshima. O Japão ficou ultrajado com a apresentação e posteriormente o governo dos EUA emitiu um pedido formal de desculpas.
Fonte:Tribuna da Imprensa
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