Oministro da Defesa, Nelson Jobim, garantiu que vai propor à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), excepcionalmente para a Bahia, a revisão na nova malha aérea brasileira, adotada a partir de 1º de outubro. O anúncio feito ontem de manhã, durante visita do ministro ao aeroporto de Ilhéus, na região sul, foi bastante comemorado pelo trade turístico. Com isso, o estado poderá contar novamente com os 28 vôos diários perdidos por conta da reestruturação. Ele esteve em Ilhéus para restabelecer os 121m da pista do aeroporto, que voltará a receber Boeings A - 320.
O secretário estadual de Turismo, Domingos Leonelli, disse estar exultante com a possibilidade de recuperar os vôos e classificou o anúncio do ministro como uma “grande vitória”. Para Leonelli, Jobim cedeu aos apelos do governador Jaques Wagner e de parte da bancada federal da Bahia, que se articularam durante todo o mês passado para pedir a Jobim a revisão da nova malha aérea. A medida limitou em mil quilômetros o trajeto de vôos partidos do Aeroporto Internacional de Congonhas, em São Paulo, com destino a diferentes regiões do país, e prejudicou bastante o fluxo turístico interno, sobretudo no Nordeste.
Com a reestruturação da malha, os três maiores aeroportos baianos – Salvador, Porto Seguro e Ilhéus – registraram uma redução de cerca de um terço no fluxo de desembarque de passageiros, agravando ainda mais o setor turístico local, bastante abalado desde que a crise na aviação nacional foi deflagrada, no final do ano passado. Segundo dados da Associação Brasileira das Agências de Viagem na Bahia (Abav-BA), os vôos vindos de São Paulo trazem nada menos que 64% do fluxo de turistas para o estado.Logo após o anúncio da reestruturação da malha área, a Abav-BA estimou ainda uma queda de 30% no número de visitantes durante a alta estação, quando cerca de dois milhões de turistas vêm à Bahia. Já a Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (Abih) na Bahia estimou à época uma perda de 20 mil clientes por mês, devido à redução dos vôos com partida de Congonhas.
Entre outras medidas determinadas pelo Ministério da Defesa, sobraram críticas do setor turísticos nacional para o cancelamento de vôos domésticos fretados aos sábados e domingos em Congonhas e para a proibição de vôos charters internacionais entre as 6h30 e as 10h, válida para todos os aeroportos brasileiros. Ontem, Jobim não disse claramente se pediria à Anac a revisão desses dois pontos para a Bahia. Durante todo o mês passado, o gabinete do ministro virou centro de peregrinação de deputados federais e da cúpula do Palácio de Ondina. O governador chegou a pedir pessoalmente a Jobim e ao presidente Lula a revisão da malha aérea, sob a justificativa de que grande parte da economia baiana está atrelada a São Paulo, e que as medidas prejudicariam o desenvolvimento industrial e financeiro do estado.O presidente da Abav-BA, Pedro Costa, comemorou bastante a possibilidade de revisão da nova malha área para a Bahia. “Tal excepcionalidade se dá pelo fato de que o estado foi o mais prejudicado entre todos os outros do Norte e Nordeste. Perdemos 28 vôos diários, enquanto que no segundo mais afetado, Pernambuco, as perdas não chegaram à metade desse número”, assinalou.
Costa informou ainda que o trade turístico baiano estava bastante temeroso pela possibilidade de redução de fluxo às vésperas da alta estação. “Vários fatores contribuíram para a conquista, mas foi a articulação política e a pressão do trade que mais contribuíram para que o ministro decidisse pedir a revisão das medidas”, acrescentou.
Fonte: Correio da Bahia
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