Parece que a lógica só empresarial não será mais hegemônica dentro da Política Nacional de Turismo, surge agora outra perspectiva preocupada com o turismo doméstico esse imenso mercado interno que pode na verdade ser o dinamismo do turismo brasileiro. Pelo menos, foi assim que a ministra Marta Suplicy deixou claro no seu discurso de posse.
O Ministro Walfrido dos Maris Guia sai do ministério errando, sim, pois quis dar sua última cartada, recolocando o assunto da flexibilização[1] dos vistos para os turistas que querem viajar para o Brasil, ou melhor, quer tornar a lei de reciprocidade mais maleável. Assunto este, que deve ser discutido com o competente Ministério das Relações Exteriores, pois envolve questões profundas de soberania e segurança nacional.
Cara Ministra, por acreditar em sua sensibilidade política e para que o Brasil retome o turismo doméstico em sua dimensão econômica e social ousamos sugerir às seguintes reflexões. Essa minha impertinência já é bastante conhecida pelo Ministério, Embratur e Convention Visitors Bureau, por isso, não poderia deixar de ser justo em afirmar que assumiste a pasta do Turismo acertando. Por isso, tomo a liberdade de sugerir as seguintes ações na certeza de ser ouvido:
1 Estudar a situação do transporte rodoviário não legalizado que movimenta uma quantidade de passageiros igual ou superior ao transporte legalizado. A lógica me parece não ser pela repressão, mas sim orientação. Quem sabe por meio de um processo educativo ir integrando-os ao transporte legal.
2 Desenvolver uma linha de financiamento para a ampliação, transformação e reforma de pequenas pousadas em casas de família, com regras e normas feitas pelo Ministério. (Para isso, há necessidade de se criar um Departamento ou coisa parecida para coordenar essas ações, que seria responsável pelo cadastramento do interessado por esse investimento. E poderia ser acompanhado pelos órgãos dos municípios ou pelos conselhos municipais de turismo).
3 Desenvolver e estimular o turismo estudantil, tanto rodoviário como aéreo. Medidas poderiam ser pensadas em parceria com o Sesc e Senac em períodos e o uso de suas colônias de férias.
4 Fazer um esforço, quem sabe seja a primeira tentativa de alterar parte das férias escolares, as poucos, com muita conversa e parcimônia, seria possível ter um uso das colônias na baixa estação;
5 Criar um tipo de fila de espera cadastral junto às empresas rodoviárias e aéreas, permitindo saber quantos assentos vazios àquele meio de transporte (rodoviário ou aéreo) que irá partir possui. Para cruzar com a lista previa de interessados para poder usar o direito de pagar a metade do valor da passagem.
6 Estimular o turismo de famílias de baixa renda para os principais pontos turísticos do Brasil, utilizando o aproveitamento das escolas públicas que estão em período de férias escolares como forma de alojamento, coordenado pelas secretárias de esporte e turismo local;
7 Apoiar junto às prefeituras a reestruturação das secretarias, diretorias, divisão e setores de turismo público, para que volte suas ações para o turismo social;
8 De imediato, refazer a exposição da Embratur 40 anos, com pesquisa séria junto a setores da academia, pois o Estado Democrático Brasileiro não pode ser fazedor da história oficial segundo interesses políticos, não nesse governo.
9 Pedimos para a Ministra ter cuidado com os dados apresentados sobre o desenvolvimento do turismo, por dois motivos: Há um crescimento natural do turismo que queira ou não o mesmo expande-se, pois a lógica da mobilidade dos grandes fluxos turísticos tende a trocar destinos já conhecidos; Mudar o discurso economicista de alcance empirista que afronta o turismo como pura mercadoria esquecendo-se do turista.
10 Rever todos os programas destinados ao turismo interno, percebendo que os mesmos, muitas vezes não passam de golpe publicitários, como exemplo o VAIBRASIL que usou da diarista Marinete. Ministra solicite para um de seus técnicos acessarem o programa mencionado, primeiro lugar as Marinetes deste país não possuem computador e muito menos telefone.
11 Converse com seus Conselheiros Nacionais que representam as universidades para saber por que o programa não saiu do papel.
12 Há escritórios internacionais, que comprometem a dignidade pública do governo brasileiro, verdadeiros cabides, e ocupam a chefia sem concurso de seleção publica ou privada. E o que é pior acaba muitas vezes respondendo pelo governo brasileiro. Qual o papel do Itamaraty nesse caso? Fato que já deixou constrangimentos entre instancias de poder.
13 Disciplinar a federação dos Conventions Visitors Bureau, no que diz respeito a prestar contas ao Ministério, reavaliar a criação de tantos Conventions em cidades sem infra-estrutura básica e ficar alerta para a invasão do privado no espaço público. O processo de criação de Conventions acabou favorecendo o fechamento das secretárias ou qualquer outra setor trabalha-se com o turismo junto às prefeituras;
14 Apoiar a regulamentação profissional do turismólogo e ler o parecer contrário que foi dado pela Coordenação-Geral de Segmentação Mara Flora Lottici Krahl;
E como última coisa rediscutir o Empreendetur, lendo o trabalho que três professores fizeram sobre esse programa. Acesse:Empreendetur e a lógica do empresariamento da máquina estatal: usos e abusos do “bem público”
Cara Marta, confiando em sua sensibilidade para com o trato do “Bem Público”, esperamos os rumos adequados para que tenhamos de fato uma Política Nacional de Turismo.
por JOÃO DOS SANTOS FILHO
Fonte: Revista Espaço Acadêmico
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