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sábado, abril 28, 2007

João Henrique vai para o PMDB e perde apoios

PSDB anuncia rompimento, PDT vai avaliar se permanece na base e PT estuda cenário político


De olho nas eleições municipais do ano que vem, assunto que o tem preocupado mais do que a administração de Salvador, o prefeito João Henrique Carneiro anunciou ontem a desfiliação do PDT e o ingresso no PMDB. Após ser “fritado” pelo diretório municipal do PT, que dificultou o ingresso do gestor nos quadros do partido, o prefeito foi obrigado a aceitar as condições impostas pela executiva estadual peemedebista, a exemplo de mais espaço na máquina municipal – benesse que o comando petista também almejava, porém, só após submeter João Henrique a uma sabatina para identificar as verdadeiras razões do pedido de filiação.
De janeiro para cá, o prefeito, cuja administração é considerada vexatória, só pensa no futuro político. Anunciou que seria candidato à reeleição e partiu para a ofensiva. Só tomou a decisão de ingressar no PMDB após o ultimato dado pela cúpula do partido, que avisou esperar João Henrique apenas até a próxima semana. E mais: não pensou em tudo sozinho. Ouviu muita gente, inclusive na parte do PSDB que o apóia, para tomar uma decisão.
Durante uma coletiva à imprensa realizada no início da noite de ontem, no Palácio Thomé de Souza, o prefeito evitou fazer qualquer comentário sobre o rompimento público com o PSDB, aliado de primeira hora nas eleições municipais de 2004. Ontem, em entrevista a uma rádio de Salvador, o deputado federal Jutahy Júnior, ex-presidente do PSDB, não economizou nas críticas a João Henrique, que cobrou do tucano, por meio da imprensa, uma posição do partido em relação à administração municipal – se continuava governo ou se havia se tornado oposição.
Segundo Jutahy, João Henrique transformou a prefeitura num amplo comitê familiar com um projeto doméstico, esqueceu os compromissos com a cidade do Salvador e vive tramando saídas políticas para seu fracasso, ora com o PT, ora com o PMDB. O tucano afirmou ainda que, se a situação política fosse outra, ele se ofereceria para outros partidos.
Na coletiva, João Henrique afirmou que havia apenas “discordância” com o PSDB, o que “faz parte da democracia e que é natural que aconteçam divergências”. O prefeito concedeu a entrevista ao lado da mulher, a deputada estadual Maria Luiza Carneiro (que se filiará ao PMDB na próxima semana); dos secretários de Esporte, Lazer e Entretenimento, Arnando Lessa (PSDB), que deverá ir para o PT; de Desenvolvimento Social, Carlos Soares (PDT), que irá para o PMDB; e dos secretários Particular e de Governo, Ricardo Araújo e João Carlos Cavalcanti, respectivamente. O secretário de Transportes e Infra-Estrutura, Nestor Duarte, que é do PSDB, está viajando. A tendência é que, entre os tucanos e o prefeito, Nestor, que se tornou uma espécie de articulador político do ex-pedetista, também fique com o gestor. Assim como o pai dele, o vice-prefeito Marcelo Duarte (PSDB).
João Henrique se eximiu de falar sobre o fim da coalizão de 15 partidos que o elegeu. De forma insistente, disse apenas que o momento político do estado dava demonstrações de que “a população quer ver as oposições unidadas no próximo pleito”. Não é o que deverá acontecer, pelos últimos acontecimentos e a começar pelo rompimento com o PSDB de Jutahy. Em relação ao PT, a tendência é que o partido tenha candidato próprio à prefeitura. E os comandos nacionais do PSB e do PCdoB já decidiram lançar candidaturas próprias nas 400 maiores cidades do país. Em Salvador, o nome do PSB é o da deputada federal Lídice da Mata.
Sobre a composição do governo municipal, João Henrique se restringiu em falar que “não haverá mudança imediata no secretariado”, mas admitiu que deverá fazer uma reforma administrativa para acomodar melhor os novos aliados. O PMDB terá mais espaço. A tendência é que o prefeito também ofereça mais cargos ao PT, visando uma acomodação de olho no pleito do ano que vem. O comando do PDT deverá se reunir nos próximos dias para decidir se mantém o apoio ao prefeito.
Para o prefeito, a decisão de ingressar no PMDB foi respaldada apenas “no novo momento político do país”. “Precisamos arrumar melhor as forças políticas da cidade para que a cidade seja melhor beneficiada”. João Henrique citou a parceria com o governo federal e com o governo do estado em obras, a exemplo do metrô da capital. “Nós agora passaremos a ter uma melhor desenvoltura na busca por novos investimentos, inclusive internacionais. O PMDB é um partido grande, conhecido internacionalmente. Creio que daremos um salto importante, até mesmo, pela relação que passaremos a ter com o presidente Lula”.
Por diversas vezes, João Henrique agradeceu ao diretório municipal do PT, que resolveu abrir processo de discussão interna para analisar o ingresso no partido. Somente no final do discurso, com a voz embargada e os olhos marejados, agradeceu superficialmente ao PDT e anunciou ingresso no PMDB. A expectativa é que a cerimônia de filiação aconteça na próxima semana.
De acordo com o prefeito, nenhuma condição foi imposta pelos peemedebistas. “Apenas a assinatura da ficha de filiação”, ressaltou, ao desconversar sobre a condicionante imposta pela cúpula do PMDB de que o senador João Durval (PDT) também ingresse na legenda, fato que deverá acontecer somente após um posicionamento do Supremo Tribunal Federal (STF) a respeito da decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de que os mandatos pertencem às legendas.
Fonte: Correio da Bahia

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