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sábado, abril 21, 2007

Bingo comprava juízes

SÃO PAULO - Empresários ligados a bingos pagavam uma mensalidade de R$20 mil a R$30 mil para desembargadores, juízes e uma funcionária da Receita Federal, além de lobistas envolvidos em um extenso esquema de venda de sentenças, revelou ontem a Polícia Federal. Em coletiva no final da tarde de ontem, o superintendente da PF em São Paulo, Geraldo José de Araújo, disse que o pagamento não seria apenas um “mensalão”, mas sim um “bingão da Justiça”.
De acordo com as investigações da PF, que começaram depois de uma denúncia do Ministério Público Federal em agosto de 2006, a quadrilha contaria ainda com a participação de policiais. A investigação foi interrompida há cerca de um mês, quando funcionários da companhia Telefônica vazaram informações sigilosas sobre grampos telefônicos para os policiais civis, que avisaram, por sua vez, os investigados. Quando a organização criminosa começou a queimar provas, o STJ foi avisado.
A denúncia só foi confirmada pela PF no final da tarde de ontem, quando a Superintendência de São Paulo fez uma coletiva. Araújo ainda disse que donos de bingos chegaram a pagar R$150 mil a magistrados por uma liminar que garantiria o funcionamento de suas casas. Os bingos também se beneficiariam desses créditos tributários.
Ontem, a Polícia Federal apreendeu pilhas de documentos, discos rígidos de computadores e pelo menos cinco veículos, durante a Operação Têmis, que visa a combater suposta venda de sentenças judiciais e lavagem de dinheiro no estado de São Paulo. Foram realizados mais de 80 mandados de busca e apreensão nas casas e escritórios de 43 pessoas – entre desembargadores e juízes federais, empresários e advogados –, nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Campo Grande.
Eles são acusados de envolvimento com uma organização criminosa especializada na compra e venda de liminares para beneficiar casas de bingo e empresas interessadas em conseguir créditos tributários. A PF pediu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) a prisão preventiva dos investigados, mas o juiz federal Félix Fusher negou. (AE)
Fonte: Correio da Bahia

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