quarta-feira, dezembro 17, 2025

Daniel Vorcaro, Moraes e a pergunta que vale ao menos R$ 129,6 milhões


Contrato da mulher de Moraes com Banco Master era de R$ 129 milhões

Moraes e a mulher são os grandes protetores do Master

Mario Sabino
Metrópoles

Em outros tempos, seria manchete a notícia de que o escritório de advocacia de Viviane Barci de Moraes, mulher do ministro Alexandre de Moraes, tinha um contrato com o banco Master, de Daniel Vorcaro, no valor de R$ 129,6 milhões. Vou repetir por extenso: cento e vinte e nove milhões e seiscentos mil reais. Ao câmbio de hoje, equivalem a vinte e três milhões e quinhentos e oitenta e três mil dólares.

De acordo com a jornalista Malu Gaspar, o contrato, encontrado no celular de Vorcaro em formato digital, previa que essa fortuna seria paga ao longo de 36 meses, em prestações mensais de R$ 3,6 milhões a partir do início de 2024.

ERAM PRIORIDADE – A bolada não foi embolsada integralmente, uma vez que o Banco Master entrou em liquidação. “Tudo indica, porém, que o escritório foi regiamente pago enquanto possível, porque nas mensagens com a equipe Vorcaro deixava claro que os desembolsos para Viviane eram prioridade para o Master e não podiam deixar de ser feitos em hipótese alguma”, diz a jornalista.

Por que era uma prioridade pagar o escritório da mulher do ministro Alexandre de Moraes? Qual causa justificaria honorários de R$ 129 milhões a uma advogada que está longe de ser um peso-pesado da advocacia paulista? No contrato, fica claro que se trata de fazer lobby e assessorar/proteger nos três Poderes.

Por que Dias Toffoli decretou sigilo máximo sobre o processo envolvendo o Banco Master e o seu controlador, mantendo o caso sob as suas asas no Supremo, embora Daniel Vorcaro não tenha foro especial?

MAIS PERGUNTAS – Também é de se perguntar por que a prisão preventiva de Daniel Vorcaro foi revogada pela mesma desembargadora que havia negado o pedido de soltura, tão logo se soube que os advogados criminais do “banqueiro” haviam recorrido ao STF e que o processo foi distribuído para Dias Toffoli.

Por último: por que a notícia sobre os honorários da mulher de Alexandre de Moraes não é manchete? Por que existe uma blindagem intransponível em torno do assunto?

Não teremos respostas, infelizmente, porque é arriscado até fazer perguntas na vibrante democracia brasileira.

Nota da redação deste Blog -O Medo da Pergunta: Do Olimpo de Brasília aos Corredores de Jeremoabo

Por José Montalvão

 “Também é de se perguntar por que a prisão preventiva de Daniel Vorcaro foi revogada pela mesma desembargadora que havia negado o pedido de soltura, tão logo se soube que os advogados criminais do ‘banqueiro’ haviam recorrido ao STF e que o processo foi distribuído para Dias Toffoli.” 

“Não teremos respostas, infelizmente, porque é arriscado até fazer perguntas na vibrante democracia brasileira.”(jornalista Mario Sabino, do portal Metrópoles"


O jornalismo brasileiro vive um momento paradoxal. Ao mesmo tempo em que nos autoproclamamos uma "vibrante democracia", a constatação do jornalista Mario Sabino, do Metrópoles, soa como um balde de água fria na realidade institucional: “Não teremos respostas, infelizmente, porque é arriscado até fazer perguntas na vibrante democracia brasileira.”

Essa reflexão, motivada por decisões súbitas nos tribunais superiores que envolvem nomes como Daniel Vorcaro e o ministro Dias Toffoli, expõe uma ferida que não sangra apenas na capital federal. Ela supura, com igual ou maior intensidade, nas pequenas cidades do interior, como a nossa Jeremoabo.

A Pergunta como Afronta Pessoal

Em Jeremoabo, o risco não reside no conteúdo técnico da indagação, mas na intolerância de quem é questionado. Aqui, a simples atitude de pedir um esclarecimento, fiscalizar uma aberração ou questionar um comportamento não republicano  é frequentemente interpretada como uma declaração de guerra.

  • Inversão de Valores: O agente público, que deveria ser um prestador de contas, passa a agir como um monarca ofendido.

  • A Reação Desproporcional: Perguntar ou reproduzir sabedoria popular não é acusar. No entanto, o questionamento legítimo é recebido com processos intimidatórios, ataques em redes sociais e tentativas de silenciamento.

Essa reação revela um medo antecipado: o receio de que uma pergunta banal hoje possa evoluir para uma apuração profunda amanhã. Quem teme a pergunta, geralmente, teme a transparência.

O Perigo do Silenciamento Local

Se em Brasília, com todos os holofotes da imprensa nacional, o ato de perguntar é tratado como algo "perigoso", imagine em uma realidade local. Onde o debate é sufocado e a crítica é demonizada, o jornalismo independente deixa de ser visto como um pilar social para ser tratado como um "inimigo do povo" ou "adversário político".

Essa mentalidade autoritária cria um ambiente onde:

  1. A sociedade pede licença para questionar, quando deveria exigir respostas.

  2. O poder público se encastela, tratando a fiscalização como desmoralização.

  3. A democracia se torna apenas um rótulo, enquanto as práticas de censura velada e judicialização da palavra dominam o cotidiano.

O Dever de Responder

É preciso reafirmar o óbvio, que parece esquecido: Perguntar é um direito; responder é um dever. Quando o equilíbrio entre esses dois pontos se rompe, o problema não está no jornalista que redige ou no cidadão que indaga. O problema está na incapacidade crônica de certos agentes públicos de conviver com o contraditório e com a luz da transparência.

Enquanto a pergunta for tratada como crime e a resposta como um favor, continuaremos sendo esse gigante chamado Brasil, que caminha a passos largos para um autoritarismo disfarçado de legalidade. A liberdade de imprensa e o direito à informação são os únicos antídotos contra a escuridão dos gabinetes, seja no STF ou outro órgão público.


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Publicado em 17 de dezembro de 2025 por Tribuna da Internet Facebook Twitter WhatsApp Email Moraes e a mulher são os grandes protetores do M...

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